Distribuidoras temem perdas com excedentes de energia
Após queda no consumo, concessionárias de distribuição estão em alerta diante da chance de que a falta de demanda as obrigue a vender energia com prejuízo
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2016 às 18h50.
São Paulo - O cenário de queda de consumo de energia elétrica no Brasil acendeu um sinal de alerta para as concessionárias de distribuição, que temem que a falta de demanda as obrigue a vender eletricidade no mercado de curto prazo com prejuízo , a valores menores que o preço de compra.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) com 33 concessionárias, há uma estimativa de que as empresas têm contratado, em média, 7,1 por cento a mais do que efetivamente vão distribuir em 2016, o que pode gerar também custos maiores para os consumidores.
"A sobrecontratação é o principal problema hoje, e a razão principal é a queda do ritmo de crescimento da economia", afirmou à Reuters o presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite.
A demanda média projetada para este ano é de 41,3 gigawatts, mas as companhias projetam fechar o ano com sobras contratuais de outros 2,9 gigawatts médios.
A expectativa é de um excedente maior, equivalente a 10 por cento do necessário, para as distribuidoras do Centro-Oeste, seguidas pelas do Sudeste, com 7,7 por cento, e do Sul, com 7 por cento.
No Norte, a sobrecontratação média estimada é de 5,6 por cento, e, no Nordeste, de 5,1 por cento.
As empresas consultadas esperam queda de 1,7 por cento no consumo em 2016 na comparação com 2015, ano em que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já estimou queda de 1,8 por cento na carga de energia ante 2014.
Leite, da Abradee, lembrou que quando as distribuidoras têm sobrecontratação de até 5 por cento, é possível repassar os custos de todo o excesso contratado aos consumidores.
Se a sobra passar disso, no entanto, a energia restante tem de ser vendida no mercado de curto prazo, pelo preço spot, ou Preço de Liquidação das Diferenças (PLD).
Um dos diretores da agência reguladora do setor, Aneel, André Pepitone, escreveu em relatório nesta semana que há uma perspectiva de sobra até maior que a estimada pelas empresas, na casa de 4,7 gigawatts médios.
No documento, Pepitone afirmou que o atual patamar do preço spot, de 30 reais por megawatt-hora nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Sul e Norte pode gerar um cenário bastante negativo para as concessionárias.
"Essa sobrecontratação de energia, em cenário de valores baixos de PLD, pode gerar custos significativos para as distribuidoras, tendo em vista que os contratos de compra de energia têm preço médio de 186,76 reais por megawatt-hora e serão liquidados no curto prazo a valores inferiores". Para Leite, da Abradee, "a probabilidade é de que as empresas tenham prejuízos grandes" com a situação, o que tem feito a associação, que reúne investidores do setor, buscar soluções junto ao regulador.
"O que estamos pleiteando é que existam mecanismos de 'devolução' de contratos que permitam às empresas adequar esse nível de sobrecontratação, até reduzindo o impacto tarifário disso", apontou.
Segundo Leite, que preferiu não citar empresas nominalmente, existem hoje distribuidoras que conseguiriam repassar toda a sobrecontratação aos consumidores, e outras que já teriam perdas com a venda das sobras pelos valores do PLD.
São Paulo - O cenário de queda de consumo de energia elétrica no Brasil acendeu um sinal de alerta para as concessionárias de distribuição, que temem que a falta de demanda as obrigue a vender eletricidade no mercado de curto prazo com prejuízo , a valores menores que o preço de compra.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) com 33 concessionárias, há uma estimativa de que as empresas têm contratado, em média, 7,1 por cento a mais do que efetivamente vão distribuir em 2016, o que pode gerar também custos maiores para os consumidores.
"A sobrecontratação é o principal problema hoje, e a razão principal é a queda do ritmo de crescimento da economia", afirmou à Reuters o presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite.
A demanda média projetada para este ano é de 41,3 gigawatts, mas as companhias projetam fechar o ano com sobras contratuais de outros 2,9 gigawatts médios.
A expectativa é de um excedente maior, equivalente a 10 por cento do necessário, para as distribuidoras do Centro-Oeste, seguidas pelas do Sudeste, com 7,7 por cento, e do Sul, com 7 por cento.
No Norte, a sobrecontratação média estimada é de 5,6 por cento, e, no Nordeste, de 5,1 por cento.
As empresas consultadas esperam queda de 1,7 por cento no consumo em 2016 na comparação com 2015, ano em que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já estimou queda de 1,8 por cento na carga de energia ante 2014.
Leite, da Abradee, lembrou que quando as distribuidoras têm sobrecontratação de até 5 por cento, é possível repassar os custos de todo o excesso contratado aos consumidores.
Se a sobra passar disso, no entanto, a energia restante tem de ser vendida no mercado de curto prazo, pelo preço spot, ou Preço de Liquidação das Diferenças (PLD).
Um dos diretores da agência reguladora do setor, Aneel, André Pepitone, escreveu em relatório nesta semana que há uma perspectiva de sobra até maior que a estimada pelas empresas, na casa de 4,7 gigawatts médios.
No documento, Pepitone afirmou que o atual patamar do preço spot, de 30 reais por megawatt-hora nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Sul e Norte pode gerar um cenário bastante negativo para as concessionárias.
"Essa sobrecontratação de energia, em cenário de valores baixos de PLD, pode gerar custos significativos para as distribuidoras, tendo em vista que os contratos de compra de energia têm preço médio de 186,76 reais por megawatt-hora e serão liquidados no curto prazo a valores inferiores". Para Leite, da Abradee, "a probabilidade é de que as empresas tenham prejuízos grandes" com a situação, o que tem feito a associação, que reúne investidores do setor, buscar soluções junto ao regulador.
"O que estamos pleiteando é que existam mecanismos de 'devolução' de contratos que permitam às empresas adequar esse nível de sobrecontratação, até reduzindo o impacto tarifário disso", apontou.
Segundo Leite, que preferiu não citar empresas nominalmente, existem hoje distribuidoras que conseguiriam repassar toda a sobrecontratação aos consumidores, e outras que já teriam perdas com a venda das sobras pelos valores do PLD.