Desaceleração econômica da China ameaça crescimento da Apple
A China foi um dos redutos mais confiáveis da Apple. Agora, esta dependência está sendo testada
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2016 às 21h13.
A China foi um dos redutos mais confiáveis da Apple durante o período histórico em que a empresa dominou o setor tecnológico.
Mesmo quando as vendas começaram a se equiparar com as dos EUA, da Europa e do Japão, a China era um para-choque, com a promessa de um mercado massivo de clientes recém-chegados à classe média e em busca de um smartphone de ponta e de marca.
As vendas na Grande China, região que também inclui Taiwan e Hong Kong, aumentaram 84 por cento e chegaram a US$ 58,7 bilhões em 2015; sendo o segundo maior mercado da Apple, depois dos EUA.
O CEO Tim Cook encheu a região de elogios à época por sua importância para o futuro da companhia.
A dependência que a Apple tem desse país agora está sendo testada. Em uma teleconferência com analistas depois da publicação do relatório de lucros, na terça-feira, Cook disse que a companhia está começando a perceber uma “fragilidade econômica” na região, particularmente em Hong Kong.
A China já não consegue compensar a lentidão em outros lugares nem enfrentar a desaceleração mais geral do mercado mundial de smartphones. Embora a temporada de compras do ano-novo chinês esteja se aproximando, a Apple projeta sua primeira queda trimestral nas vendas desde 2003.
“É preciso levar em consideração as oportunidades de negócio que temos, mas também as realidades de um ambiente econômico que agora não é ideal”, disse Luca Maestri, diretor financeiro da Apple, observando que as vendas no Brasil, no Canadá, no Japão e na Rússia também estão sendo afetadas pelo mal-estar econômico mundial.
Cook continua otimista em relação à China e prometeu que a Apple fará investimentos diante de qualquer desaceleração. E, considerando-se os recursos da companhia (o balanço continua apresentando impressionantes US$ 216 bilhões), ele pode se dar ao luxo de apostar a longo prazo.
A companhia tem atualmente 28 lojas na China continental e terá 40 no terceiro trimestre. “Acreditamos que isso também vai passar”, disse Cook. “Não estamos cortando gastos. Não acreditamos nisso. Felizmente, estamos fortes e podemos continuar investindo, e acreditamos que isso é do interesse da Apple no longo prazo”.
Investidores descrentes
As tendências demográficas estão a favor da empresa. Cerca de 80 por cento da população do país ainda usa telefones mais antigos que funcionam em redes 3G. Esses consumidores serão disputados quando decidam se atualizar.
Em 2010, Cook disse que menos de 50 milhões de pessoas na China eram consideradas de classe média, mas, por volta de 2020, estima-se que esse número vai pular para 500 milhões. A Apple está pronta para se beneficiar no longo prazo se a China se tornar uma economia mais voltada ao consumo e se afastar da ênfase na produção. “Não concordo com as previsões pessimistas”, disse ele.
Mesmo assim, os resultados publicados na terça-feira deixam claro que a Apple já não é mais uma empresa de hipercrescimento baseado no boom do mercado de smartphones e na prosperidade da economia chinesa.
Pela primeira vez desde que Steve Jobs lançou o iPhone em 2007, a companhia projeta que as vendas trimestrais do telefone vão cair. As vendas na Grande China poderiam cair também. Ao mesmo tempo, outros produtos, como o iPad (em queda durante oito trimestres consecutivos) e o Apple Watch (cujos números de venda não foram especificados), não dão sinais de que vão preencher essa lacuna.
Em uma entrevista depois do relatório de lucros, Maestri disse que a unidade de serviços da Apple, que está se expandindo, será a fonte do crescimento no futuro.
A companhia gerou US$ 31 bilhões em receitas do tipo com a App Store, o Apple Music, o iCloud, o Apple Pay e outros serviços no ano passado, disse ele, o que posicionou a Apple como uma das maiores empresas de serviços de internet do mundo.
Mas os investidores continuam céticos e fizeram com que ações caíssem cerca de 20 por cento nos últimos seis meses.
Quando se trata de avaliar a Apple, eles só se importam com o iPhone. Sem a ajuda da prosperidade da economia chinesa, a Apple terá que criar outro produto – quem sabe um carro? – para que os investidores fiquem contentes.
A China foi um dos redutos mais confiáveis da Apple durante o período histórico em que a empresa dominou o setor tecnológico.
Mesmo quando as vendas começaram a se equiparar com as dos EUA, da Europa e do Japão, a China era um para-choque, com a promessa de um mercado massivo de clientes recém-chegados à classe média e em busca de um smartphone de ponta e de marca.
As vendas na Grande China, região que também inclui Taiwan e Hong Kong, aumentaram 84 por cento e chegaram a US$ 58,7 bilhões em 2015; sendo o segundo maior mercado da Apple, depois dos EUA.
O CEO Tim Cook encheu a região de elogios à época por sua importância para o futuro da companhia.
A dependência que a Apple tem desse país agora está sendo testada. Em uma teleconferência com analistas depois da publicação do relatório de lucros, na terça-feira, Cook disse que a companhia está começando a perceber uma “fragilidade econômica” na região, particularmente em Hong Kong.
A China já não consegue compensar a lentidão em outros lugares nem enfrentar a desaceleração mais geral do mercado mundial de smartphones. Embora a temporada de compras do ano-novo chinês esteja se aproximando, a Apple projeta sua primeira queda trimestral nas vendas desde 2003.
“É preciso levar em consideração as oportunidades de negócio que temos, mas também as realidades de um ambiente econômico que agora não é ideal”, disse Luca Maestri, diretor financeiro da Apple, observando que as vendas no Brasil, no Canadá, no Japão e na Rússia também estão sendo afetadas pelo mal-estar econômico mundial.
Cook continua otimista em relação à China e prometeu que a Apple fará investimentos diante de qualquer desaceleração. E, considerando-se os recursos da companhia (o balanço continua apresentando impressionantes US$ 216 bilhões), ele pode se dar ao luxo de apostar a longo prazo.
A companhia tem atualmente 28 lojas na China continental e terá 40 no terceiro trimestre. “Acreditamos que isso também vai passar”, disse Cook. “Não estamos cortando gastos. Não acreditamos nisso. Felizmente, estamos fortes e podemos continuar investindo, e acreditamos que isso é do interesse da Apple no longo prazo”.
Investidores descrentes
As tendências demográficas estão a favor da empresa. Cerca de 80 por cento da população do país ainda usa telefones mais antigos que funcionam em redes 3G. Esses consumidores serão disputados quando decidam se atualizar.
Em 2010, Cook disse que menos de 50 milhões de pessoas na China eram consideradas de classe média, mas, por volta de 2020, estima-se que esse número vai pular para 500 milhões. A Apple está pronta para se beneficiar no longo prazo se a China se tornar uma economia mais voltada ao consumo e se afastar da ênfase na produção. “Não concordo com as previsões pessimistas”, disse ele.
Mesmo assim, os resultados publicados na terça-feira deixam claro que a Apple já não é mais uma empresa de hipercrescimento baseado no boom do mercado de smartphones e na prosperidade da economia chinesa.
Pela primeira vez desde que Steve Jobs lançou o iPhone em 2007, a companhia projeta que as vendas trimestrais do telefone vão cair. As vendas na Grande China poderiam cair também. Ao mesmo tempo, outros produtos, como o iPad (em queda durante oito trimestres consecutivos) e o Apple Watch (cujos números de venda não foram especificados), não dão sinais de que vão preencher essa lacuna.
Em uma entrevista depois do relatório de lucros, Maestri disse que a unidade de serviços da Apple, que está se expandindo, será a fonte do crescimento no futuro.
A companhia gerou US$ 31 bilhões em receitas do tipo com a App Store, o Apple Music, o iCloud, o Apple Pay e outros serviços no ano passado, disse ele, o que posicionou a Apple como uma das maiores empresas de serviços de internet do mundo.
Mas os investidores continuam céticos e fizeram com que ações caíssem cerca de 20 por cento nos últimos seis meses.
Quando se trata de avaliar a Apple, eles só se importam com o iPhone. Sem a ajuda da prosperidade da economia chinesa, a Apple terá que criar outro produto – quem sabe um carro? – para que os investidores fiquem contentes.