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Derivativos devem turbinar resultado da JBS

Analistas indicam que os derivativos são mantidos a um custo elevado e que um contra-ataque do real ante o dólar pode ter impacto sobre a companhia

JBS: Analistas indicam que os derivativos são mantidos a um custo elevado (Diego Giudice/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2015 às 09h27.

São Paulo - A JBS deve apresentar resultados turbinados pela alta do dólar no terceiro trimestre deste ano. A companhia tem investido fortemente em derivativos para proteger sua dívida contra a alta da moeda norte-americana.

Além de defendê-la, os instrumentos financeiros devem contribuir positivamente para o lucro líquido e o caixa livre no período, mas a estratégia tem seus riscos.

Analistas indicam que os derivativos são mantidos a um custo elevado e que um contra-ataque do real ante o dólar, por mais improvável, pode ter impacto sobre a companhia.

O Credit Suisse estima que a JBS tenha US$ 12 bilhões em derivativos cambiais, posição que tornará o terceiro trimestre "memorável" para a empresa.

A sócia-diretora da AgriFatto, Lygia Pimentel, é consultora em gerenciamento de risco com foco em pecuária. Para ela, o hedge "perfeito" ocorre quando uma companhia protege exatamente a quantia que está exposta.

No entanto, a analista ressalta que a JBS já conta com o chamado "hedge natural", em que a exposição cambial da dívida da empresa é parcialmente ou integralmente compensada pela geração de receitas em dólares, por meio de operações internacionais ou via exportação.

Assim, a companhia pode limitar a conversão de sua moeda para cumprir suas obrigações - minimizando ou eliminando o impacto da alta do dólar.

A JBS, por exemplo, mantinha R$ 34,8 bilhões em dívidas em junho de 2015, dos quais 87%, ou R$ 30,3 bilhões, estavam denominados em dólares. Ao mesmo tempo, 84% das suas receitas no período foram geradas na moeda norte-americana.

A proteção natural tem seus riscos. Dentre os principais estão a possibilidade de frustração de receitas em dólares e a expansão da dívida em dado período, que podem levar a um desequilíbrio do hedge e expor a companhia.

A analistas, o presidente global da JBS, Wesley Batista, já declarou não acreditar em "hedge natural" e justificou sua aposta nos derivativos. "Achamos que ter exposição ao dólar neste momento não é prudente de forma alguma", afirmou anteriormente, em referência ao aperto monetário nos EUA e a preocupações com a China.

Exposição

A tática atual, porém, é alvo de dúvidas. "O que vemos é uma posição em derivativos bem acima do que seria necessário para se proteger dos riscos.

O custo de manutenção dessa posição também pode apresentar impacto negativo sobre as contas, caso o dólar pare de subir", diz Lygia. "E se o dólar cair, haverá sim uma exposição maior do que o necessário, que poderá impactar negativamente o caixa."

Para o Credit Suisse, a JBS deve reportar ganho de R$ 12,7 bilhões em derivativos, que devem gerar resultado financeiro líquido de R$ 5,2 bilhões, contribuindo para o lucro líquido e o fluxo de caixa livre, que pode superar R$ 10 bilhões entre julho e setembro.

O cálculo considera o dólar a R$ 4,15. "A estrutura de hedge custa entre 11% e 12% ao ano, o que significa que se o real se estabilizar, a estratégia afetará negativamente o lucro e o fluxo de caixa da JBS", diz o relatório do Credit.

A companhia optou por não comentar o tema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - A JBS deve apresentar resultados turbinados pela alta do dólar no terceiro trimestre deste ano. A companhia tem investido fortemente em derivativos para proteger sua dívida contra a alta da moeda norte-americana.

Além de defendê-la, os instrumentos financeiros devem contribuir positivamente para o lucro líquido e o caixa livre no período, mas a estratégia tem seus riscos.

Analistas indicam que os derivativos são mantidos a um custo elevado e que um contra-ataque do real ante o dólar, por mais improvável, pode ter impacto sobre a companhia.

O Credit Suisse estima que a JBS tenha US$ 12 bilhões em derivativos cambiais, posição que tornará o terceiro trimestre "memorável" para a empresa.

A sócia-diretora da AgriFatto, Lygia Pimentel, é consultora em gerenciamento de risco com foco em pecuária. Para ela, o hedge "perfeito" ocorre quando uma companhia protege exatamente a quantia que está exposta.

No entanto, a analista ressalta que a JBS já conta com o chamado "hedge natural", em que a exposição cambial da dívida da empresa é parcialmente ou integralmente compensada pela geração de receitas em dólares, por meio de operações internacionais ou via exportação.

Assim, a companhia pode limitar a conversão de sua moeda para cumprir suas obrigações - minimizando ou eliminando o impacto da alta do dólar.

A JBS, por exemplo, mantinha R$ 34,8 bilhões em dívidas em junho de 2015, dos quais 87%, ou R$ 30,3 bilhões, estavam denominados em dólares. Ao mesmo tempo, 84% das suas receitas no período foram geradas na moeda norte-americana.

A proteção natural tem seus riscos. Dentre os principais estão a possibilidade de frustração de receitas em dólares e a expansão da dívida em dado período, que podem levar a um desequilíbrio do hedge e expor a companhia.

A analistas, o presidente global da JBS, Wesley Batista, já declarou não acreditar em "hedge natural" e justificou sua aposta nos derivativos. "Achamos que ter exposição ao dólar neste momento não é prudente de forma alguma", afirmou anteriormente, em referência ao aperto monetário nos EUA e a preocupações com a China.

Exposição

A tática atual, porém, é alvo de dúvidas. "O que vemos é uma posição em derivativos bem acima do que seria necessário para se proteger dos riscos.

O custo de manutenção dessa posição também pode apresentar impacto negativo sobre as contas, caso o dólar pare de subir", diz Lygia. "E se o dólar cair, haverá sim uma exposição maior do que o necessário, que poderá impactar negativamente o caixa."

Para o Credit Suisse, a JBS deve reportar ganho de R$ 12,7 bilhões em derivativos, que devem gerar resultado financeiro líquido de R$ 5,2 bilhões, contribuindo para o lucro líquido e o fluxo de caixa livre, que pode superar R$ 10 bilhões entre julho e setembro.

O cálculo considera o dólar a R$ 4,15. "A estrutura de hedge custa entre 11% e 12% ao ano, o que significa que se o real se estabilizar, a estratégia afetará negativamente o lucro e o fluxo de caixa da JBS", diz o relatório do Credit.

A companhia optou por não comentar o tema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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