Demanda garante 3o tri melhor que esperado para Vale

Rio de Janeiro - O crescimento da produção da Vale no terceiro trimestre, divulgado inesperadamente nesta segunda-feira, confirmou o aquecimento da demanda para seus principais produtos, sobretudo por parte da China, reforçando o otimismo para os papéis da empresa, que subiam indiferentes à queda do Ibovespa.

Baseado em melhores perspectivas para o preço do minério de ferro, devido à confirmação da demanda aquecida, o HSBC elevou o preço alvo da Vale de 47,40 reais para 65 reais, um incremento de 37,1 por cento.

O banco se baseou na tendência de aumento para o preço médio do minério de ferro em 2010, agora prevendo alta de 13,7 por cento contra estimativa anterior, atingindo 133 dólares a tonelada.

Segundo dados divulgados pela Vale, a produção de minério de ferro no terceiro trimestre subiu 23,7 por cento em relação há um ano, atingindo 82,6 milhões de toneladas, enquanto outros produtos como pelotas, carvão e bauxita bateram recorde de produção no período.

A produção de pelotas, praticamente suspensa durante a crise econômica entre 2008-2009 foi retomada e subiu 71,1 por cento em relação há um ano, totalizando 13,63 milhões de toneladas.

No dia em que a empresa comemora o Vale Day, na Bolsa de Valores de Nova York, a mineradora informou que vai concluir em 2010 seis projetos, sendo que Carajás Adicional (20 milhões de toneladas/ano), Bayóvar e CSA (Companhia Siderúrgica Nacional) já foram entregues nos sete primeiros meses do ano e outros três serão finalizados no quarto trimestre: Onça Puma, Três Valles e Omã.

"A melhora no desempenho operacional dos ativos existentes e a entrega de novos projetos, em meio a um cenário de crescente demanda global por minerais, metais e fertilizantes, está contribuindo para fortalecer nossa performance financeira", afirmou a Vale em nota.

Em Nova York, o presidente da empresa, Roger Agnelli, confirmou o otimismo com o mercado.

"Estamos muito positivos. A demanda por minério de ferro é muito boa. Hoje o problema não é volume, é qualidade. E nós estamos vendendo tudo o que temos...2011 deve ser um pouco melhor", disse Agnelli em teleconferência nesta segunda.

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Preço em alta

Se está assim é porque está vendendo e o preço vai se fixar em patamar elevado. Se não tivesse produção tão grande a gente ia entender que não estava vendendo", explicou o analista do Banco do Brasil Antonio Emilio Ruiz.

"Numa visão geral, a gente vê uma rápida recuperação, o que é um sinal de que a demanda está forte e que há mais confiança em relação à China, apesar do preço (do minério de ferro) estar bastante alto", avaliou.

Em pleno sistema de preços trimestrais para o minério de ferro, após ano de contratos anuais, a Vale amargou no segundo trimestre deste ano um valor de realização para a commodity abaixo das expectativas, o que não deve se repetir no terceiro trimestre, segundo analistas.

No segundo trimestre o preço de realização da Vale foi de 91 dólares, segundo balanço do período. A partir de julho no entanto o aumento da demanda fez o valor do minério de ferro disparar no mercado à vista da China --usado para balizar os contratos da Vale--, subindo para o patamar de 140 dólares a tonelada.

As ações da empresa reagiram bem à divulgação dos dados de produção e subiam 0,9 por cento por volta das 14h, enquanto o Ibovespa caía 0,5 por cento no mesmo horário.

"No terceiro trimestre não teve chuvas e a produção se normalizou, entrou Carajás (ampliação), teve um aumento considerável de pelotas", avaliou Juliano Navarro, do BES Securities, citando os problemas de embarque da companhia no segundo trimestre por conta de chuvas no norte do país.

A Vale apresenta o resultado do terceiro trimestre no próximo dia 28. Nos primeiros relatórios de bancos sobre o lucro da empresa no período a expectativa é de alta relevante em relação ao mesmo período do ano anterior, já que a empresa retomou plantas paradas e a demanda se aqueceu.

Para o Citi, por exemplo, as vendas no terceiro trimestre teriam atingido 12,6 bilhões de dólares, voltando portanto ao nível pré-crise (12,1 bilhões de dólares no 3o trimestre de 2008).

A empresa também informou alta de 36,1 por cento na produção de níquel, para 44 mil toneladas, e de 86,4 por cento na produção de cobre, que atingiu 58 mil toneladas de julho a setembro.

Pela primeira vez a produção de fertilizantes contou com a participação da mina de fosfato de Bayovar, no Peru, que produziu 209 mil toneladas no terceiro trimestre. Além disso, a Vale produziu 155.000 toneladas de potássio, na mina de Taquari-Varrouras, 16,8 por cento a menos do que no mesmo período de 2009.

A produção da Vale Fertilizantes, a antiga Fosfertil, atingiu 721 mil t, com alta de 1,3 por cento contra o terceiro trimestre do ano passado, enquanto a Vale Fosfatados produziu 477 mil toneladas, alta de 9,9 por cento na mesma comparação.