Crise esfria fusões brasileiras no terceiro trimestre
De julho a setembro, as operações envolvendo empresas brasileiras totalizaram 17,5 bilhões de dólares, uma queda superior a 30% em relação ao mesmo período de 2010
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2011 às 23h02.
São Paulo - O mercado de fusões corporativas no Brasil esfriou no terceiro trimestre, mostrando que uma das vedetes dos investidores globais não está escapando dos efeitos da piora das expectativas com a economia global.
De julho a setembro, as operações anunciadas envolvendo empresas brasileiras totalizaram 17,5 bilhões de dólares, uma queda superior a 30 por cento em relação ao mesmo período de 2010. No acumulado do ano, o montante caiu 35 por cento. Os dados são de levantamento da Thomson Reuters.
O país teve um dos piores desempenhos internacionais. Em termos globais, o volume envolvido em fusões corporativas no mundo todo de janeiro a setembro foi de quase 2,1 trilhões de dólares, 21,7 por cento maior na comparação. Na medição de julho a setembro, entretanto, a pesquisa apontou queda pelo segundo trimestre consecutivo.
Para profissionais de bancos e de escritórios de advocacia, a intensificação da crise na Europa, assim como sinais de desaquecimento nos Estados Unidos, estão levando empresas e investidores a esperar um pouco mais antes de anunciar ou concluir negócios.
"O investidor está com bastante medo e tem reduzindo muito as operações no mundo todo", disse o sócio responsável pela área de Fusões e Aquisições do BTG Pactual, Marco Gonçalves. O BTG lidera o ranking como assessor financeiro a empresas brasileiras no acumulado do ano.
Segundo Gonçalves, mercados como o brasileiro ainda têm uma perspectiva comparativamente melhor em termos mundiais devido ao cenário de crescimento econômico superior à média internacional.
"Tem uma procura muito forte por Brasil, especialmente por empresas ligadas a mercado interno, como as de varejo, consumo e serviços", disse.
Foi essa visão que teria motivado o grupo japonês Kirin a adquirir o controle da cervejaria brasileira Schincariol por 3,95 bilhões de reais, em agosto.
Segundo profissionais do setor, uma evidência do apetite ainda alto pelo mercado brasileiro foi a queda menor no número de transações. No terceiro trimestre, foram anunciados 179 negócios envolvendo empresas do Brasil, ante 189 operações de abril a maio e 187 transações no terceiro trimestre de 2010.
Nos últimos meses, gestores de grandes fundos de private equity, como o Advent International e o Pátria Investimentos, têm citado a queda nos preços dos ativos como um atrativo para grandes investidores institucionais de longo prazo.
"Talvez não tenha (crescido) em valor, mas em número de deals (acordos) aumentou para nós", disse o sócio e responsável pela área societária do Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, João Ricardo Ribeiro.
De acordo com Gonçalves, do BTG, com o cenário adverso para empresas levantarem recursos no mercado de capitais, a tendência é que boa parte das operações no curto prazo sejam financiadas com caixa próprio, o que colocaria companhias nacionais com boas condições de liquidez na ponta compradora.
São Paulo - O mercado de fusões corporativas no Brasil esfriou no terceiro trimestre, mostrando que uma das vedetes dos investidores globais não está escapando dos efeitos da piora das expectativas com a economia global.
De julho a setembro, as operações anunciadas envolvendo empresas brasileiras totalizaram 17,5 bilhões de dólares, uma queda superior a 30 por cento em relação ao mesmo período de 2010. No acumulado do ano, o montante caiu 35 por cento. Os dados são de levantamento da Thomson Reuters.
O país teve um dos piores desempenhos internacionais. Em termos globais, o volume envolvido em fusões corporativas no mundo todo de janeiro a setembro foi de quase 2,1 trilhões de dólares, 21,7 por cento maior na comparação. Na medição de julho a setembro, entretanto, a pesquisa apontou queda pelo segundo trimestre consecutivo.
Para profissionais de bancos e de escritórios de advocacia, a intensificação da crise na Europa, assim como sinais de desaquecimento nos Estados Unidos, estão levando empresas e investidores a esperar um pouco mais antes de anunciar ou concluir negócios.
"O investidor está com bastante medo e tem reduzindo muito as operações no mundo todo", disse o sócio responsável pela área de Fusões e Aquisições do BTG Pactual, Marco Gonçalves. O BTG lidera o ranking como assessor financeiro a empresas brasileiras no acumulado do ano.
Segundo Gonçalves, mercados como o brasileiro ainda têm uma perspectiva comparativamente melhor em termos mundiais devido ao cenário de crescimento econômico superior à média internacional.
"Tem uma procura muito forte por Brasil, especialmente por empresas ligadas a mercado interno, como as de varejo, consumo e serviços", disse.
Foi essa visão que teria motivado o grupo japonês Kirin a adquirir o controle da cervejaria brasileira Schincariol por 3,95 bilhões de reais, em agosto.
Segundo profissionais do setor, uma evidência do apetite ainda alto pelo mercado brasileiro foi a queda menor no número de transações. No terceiro trimestre, foram anunciados 179 negócios envolvendo empresas do Brasil, ante 189 operações de abril a maio e 187 transações no terceiro trimestre de 2010.
Nos últimos meses, gestores de grandes fundos de private equity, como o Advent International e o Pátria Investimentos, têm citado a queda nos preços dos ativos como um atrativo para grandes investidores institucionais de longo prazo.
"Talvez não tenha (crescido) em valor, mas em número de deals (acordos) aumentou para nós", disse o sócio e responsável pela área societária do Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, João Ricardo Ribeiro.
De acordo com Gonçalves, do BTG, com o cenário adverso para empresas levantarem recursos no mercado de capitais, a tendência é que boa parte das operações no curto prazo sejam financiadas com caixa próprio, o que colocaria companhias nacionais com boas condições de liquidez na ponta compradora.