Ana Lemos e Dener Zandonadi, da Syn Saúde: A nossa missão é ser o maior player de cirurgias particulares do país até 2027 (Syn Saúde/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 30 de maio de 2024 às 09h00.
Última atualização em 3 de junho de 2024 às 00h36.
Em fevereiro de 2018, a vida mudou para Ana Lemos e representou o fechamento de um ciclo. A dor da perda do pai para um câncer fez a administradora de empresas, que trabalhava em varejo de móveis e eletrodomésticos, buscar novos rumos.
Mesmo sem conhecimento na área, ela decidiu naquele momento que queria empreender na área de saúde e gerar impacto. "Eu não sabia exatamente o quê, até porque eu tinha conhecimento extremamente restrito ou quase nada na área da saúde", afirma.
Das conversas com o atual sócio, o médico neurocirurgião Dener Zandonadi, com quem fazia um MBA na FGV, nasceu a Syn Saúde, em 2021. Criada em São Luís, capital do Maranhão e terra natural da fundadora, a startup atua como uma facilitadora de cirurgias eletivas, a partir de uma plataforma que conecta hospitais, médicos e fornecedores de insumos.
Os profissionais podem fazer cotações de quanto custaria determinado procedimento, de acordo com o perfil do paciente e as suas condições de saúde, por exemplo.
A Syn acaba de levantar R$ 1,5 milhão em uma rodada ponte. Quem está por trás do investimento é a Osten Moove, dos investidores Fabiano Nagamatsu, ex-avaliador do Shark Tank, e Jorge Yamaniski.
Fundada com capital próprio, a startup já tinha captado R$ 1 milhão com investidores-anjo, quando atraiu nomes como Rogério Scarabel, ex-diretor presidente da ANS, agência nacional de saúde.
A ideia do negócio é contribuir para resolver um problema crônico e de proporções gigantescas no país: a dificuldade no acesso a cirurgias. No país, apenas 25,07% da população conta com planos de saúde, de acordo com os dados mais recentes da ANS, a agência que regulamenta o setor. Enquanto isso, a fila para procedimentos no SUS supera 1 milhão de pessoas e pode levar até 10 anos.
A startup entrou no mercado com a proposta de oferecer previsibilidade aos pacientes sobre os custos totais das cirurgias. Nestes três anos de operação, a Syn agregou uma ferramenta de arranjo financeiro, permitindo pagamentos por diversos meios: do PIX, boleto e cartão de crédito à antecipação de FGTS, financiamento e boleto parcelado.
"O nosso marco foi um paciente que usou 25 formas de pagamento diferentes", diz a cofundadora. No período, pela ferramenta passaram mais de R$ 12 milhões. O tíquete médio está em torno de R$ 24 mil. Os procedimentos mais recorrentes são cirurgias de próstata, neurocirurgia e endometriose.
Com um modelo de negócio estruturado no B2B2C, a startup se conecta com hospitais e médicos, que oferecem a plataforma da Syn como uma opção aos pacientes. No portfólio, estão cerca de 450 profissionais.
Recentemente, a startup foi a vencedora do Vumbora, programa de aceleração do Banco do Nordeste, premiação que garantiu o valor de R$ 100 mil.
A chegada dos novos recursos com o aporte busca pavimentar um novo ritmo de crescimento. Até dezembro, a startup prevê transacionar mais de R$ 25 milhões e entrar em 10 hospitais de referência distribuídos por vários estados da federação. O negócio hoje está restrito ao Maranhão.
"Nossa captação será focada em expansão de time e tecnologia", diz Lemos. No curto prazo, a Syn quer dobrar o número de profissionais para mais de 30 e aprimorar a inteligência artificial para ser mais preditiva, ágil e customizada às demandas dos pacientes.
"A nossa missão é ser o maior player de cirurgias particulares do país até 2027, sem ter sequer um hospital. E isso está desenhado desde o dia 1 para a Syn", afirma.