Credores do Bamerindus começam a receber R$ 4,3 bi
Banco deve ao todo cerca de R$ 10 bilhões e conta com metade desse valor em caixa
Da Redação
Publicado em 12 de março de 2011 às 12h01.
São Paulo - Depois de 14 anos de brigas na Justiça, o antigo Bamerindus finalmente vai abrir a carteira e começa a pagar R$ 4,3 bilhões em dívidas nesta segunda-feira. O banco, em processo de liquidação, deve ao todo cerca de R$ 10 bilhões. Tem hoje metade desse valor em caixa e vai usar quase tudo para pagar parte das dívidas com seus maiores credores.
Entre os que vão receber primeiro estão a Caixa Econômica Federal, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Fundo Garantidor de Crédito (FGC). A dívida dos três somada, atinge R$ 5,7 bilhões. Mas, neste momento, eles vão receber 25% do total.
Os outros dois grandes credores, o Banco Central e o Tesouro Nacional, não recebem agora, mas ficarão com os recursos à disposição. Isso porque o Tesouro ainda discute o valor de seu débito, algo em torno de R$ 400 milhões, enquanto o BC, que aceitou receber seus R$ 2,4 bilhões de forma parcelada, ainda precisa homologar oficialmente tal decisão. Fora os grandes, todos os credores com dívidas na casa dos R$ 50 mil também receberão a partir de segunda-feira.
O início dos pagamentos é o primeiro passo para levantar a liquidação do Bamerindus, emperrada há anos por ações na Justiça. Terceiro maior banco privado do País, ele era controlado por José Eduardo de Andrade Vieira, ex-senador e ministro nos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. O processo é conduzido pelo FGC, que é o maior credor do Bamerindus. Criado pelo sistema financeiro para garantir o depósito de clientes de bancos quebrados, o fundo destravou o processo de liquidação por meio de um acordo com os acionistas minoritários do banco.
Pelo acerto, o FGC vai comprar as ações dos sócios minoritários do Bamerindus, operação estimada em R$ 50 milhões. Em troca, os acionistas minoritários vão retirar seus processos na Justiça, o que permitirá o desbloqueio de ativos que vão a leilão para fazer os próximos pagamentos a credores.
Alguns membros da família Andrade Vieira estão dentro do acordo. Com José Eduardo, o ex-controlador, foi feito um acerto diferente. Ele também vai abrir mão dos processos contra a intervenção no Bamerindus, mas seu interesse é colaborar com o encerramento do processo para desbloquear seus bens, de sua família e de antigos diretores do banco, indisponíveis desde a intervenção. Se, quando o processo chegar ao fim, sobrar algum dinheiro depois que todos os credores forem pagos, Andrade Vieira poderá recebê-lo.