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Corona diz que não há impacto nas vendas pela "confusão" com coronavírus

Após pesquisas mostrarem que poderia haver alguma confusão entre os clientes da cerveja, empresa veio a público dizer que as vendas não foram afetadas

(Mario Anzuoni/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 29 de fevereiro de 2020 às 11h14.

Última atualização em 29 de fevereiro de 2020 às 11h16.

A cerveja Corona é uma das marcas que entrou na lista de negócios sofrendo com a epidemia de coronavírus . Primeiro porque sua controladora global, a AB InBev, já perdeu 170 milhões de dólares em lucros só nos primeiros dois meses de 2020, diante da redução da demanda na China , um de seus maiores mercados.

Segundo porque, mesmo dentro dos Estados Unidos, onde a marca é controlada por outra empresa, a Constellation Brands, a cerveja vem sendo parcialmente questionada. O motivo é que parte dos americanos pode estar associando erroneamente o nome Corona da marca com a epidemia de coronavírus e supondo que há algo a ver entre eles.

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A Constellation Brands, que desde 2013 ganhou da AB InBev o direito de distribuir a marca Corona nos Estados Unidos, veio a público na quinta-feira, 28, dizer que não há impacto prático na empresa. O presidente da Constellation, Bill Newlands, afirmou em comunicado que, apesar da avalanche de desinformação, as vendas no país seguem fortes. "Não temos visto impacto em nosso pessoal, instalações ou operações e nossos negócios continuam apresentando um desempenho muito bom", disse.

A Corona é uma marca criada no México em 1925 e seu nome vem do latim "coroa", cuja ilustração também aparece nos rótulos da cerveja. O nome do coronavírus também vem do mesmo termo, uma vez que a família de vírus que recebe essa nomenclatura tem o formato de uma coroa.

Além de piadas nas redes sociais, a declaração do presidente da Constellation vem depois de uma semana em que o assunto ficou mais sério. Uma pesquisa da agência de relações públicas 5WPR que entrevistou 737 adultos nos Estados Unidos descobriu que 38% deles "não comprariam corona sob nenhuma circunstância". Um total de 16% disse que estava "confuso se a cerveja Corona é relacionada ao coronavírus". Não é possível afirmar com clareza se de fato as pessoas não comprariam Corona por causa do vírus, e a pesquisa tem uma amostra pequena e é pouco específica.

A empresa de pesquisa de mercado YouGov também afirmou que a o chamado "buzz score" (a pontuação baseada em opiniões sobre a marca nas redes sociais) caiu de 75 no começo do ano para 51 em fevereiro. Também houve diminuição na intenção de compra medida pelas redes. A YouGov não sabe precisar se o culpado é coronavírus, e afirma que a queda também pode vir do fato de a Corona ser uma marca associada a feriados na praia -- os Estados Unidos estão no período do inverno no momento, e não tiveram grandes feriados depois do começo do ano.

A própria Corona colocou lenha na fogueira ao lançar no Twitter campanha sobre uma nova bebida gaseificada. A foto mostrava a bebida na praia e vinha com os dizeres " coming ashore soon" (algo como "Vindo para terra firma logo", em inglês). A empresa recebeu uma enxurrada de críticas afirmando que o anúncio foi insensível em meio à disseminação do vírus. A postagem foi apagada.

A Constellation, contudo, informou que todas as unidades que apoiam os negócios da empresa com cervejas estão vendo tendências positivas de vendas para a marca até agora em 2020. Newlands acrescentou que a empresa não tem muita exposição a mercados internacionais como a China, que foram os mais afetados pela epidemia.

A Corona Extra é a sexta cerveja mais vendida nos Estados Unidos, atrás de rótulos como Budweiser, da AB InBev, e cervejas da fabricante MillerCoors, como a Coors Light. Dentre os rótulos estrangeiros, a Corona é cerveja mais importada do mercado americano.

A Constellation Brands tem 10% do mercado de cerveja nos Estados Unidos, segundo números de 2018 da NBWA, associação de distribuidores de cerveja americanos. A Corona Extra, sozinha, tem pouco mais de 4% do mercado. As cervejas da gigante AB InBev têm 40,8% do mercado, ante 23,5% dos rótulos da MillerCoors.

O coronavírus deixou mais de 2.900 mortos e mais de 85.400 infectados, a maioria na China. A epidemia também começou a se espalhar com mais força para fora da China nos últimos dias, e já há mais de 5.000 infectados no exterior. O Brasil tem um caso confirmado de doença causada pelo vírus, em São Paulo. Nos Estados Unidos, terra da Corona, há 64 casos confirmados até a manhã deste sábado, 29.

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