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Como Abilio e Casino enxergam a eleição do empresário na BRF

Confirmação de Abilio para a presidência do conselho da BRF, nesta terça-feira, realimenta a divergência com o sócio francês

Para o presidente do Conselho do Pão de Açúcar, entrada na BRF não representa conflito de interesses (Edu Lopes/Veja)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2013 às 13h58.

Sâo Paulo - Abilio Diniz é o novo presidente do conselho da BRF. Depois de eleito, o empresário agradeceu "a confiança dos acionistas", parabenizou o antecessor, Nildemar Secches, pelo trabalho realizado na empresa e disse estar "muito feliz e estimulado" com o novo desafio.

Encerradas as dúvidas que pairavam sobre a entrada do empresário na gigante de alimentos - dos 81% de acionistas da companhia presentes na assembleia, apenas 6% votaram contra -, as atenções se voltam para um capítulo que ainda não terminou: a insatisfação do Casino com Abilio à frente do conselho do Grupo Pão de Açúcar (GPA), agora que ele acumula igual função em um dos principais fornecedores da empresa.

Procurado por EXAME.com, o Casino disse que não irá comentar. Mas o grupo francês já chiou - e muito - desde que as primeiras informações sobre a ida de Abilio para a BRF começaram a circular no mercado. No fim de fevereiro, inclusive, o Casino chegou a pedir que Abilio renunciasse ao conselho do Grupo Pão de Açúcar caso assumisse a mesma cadeira na BRF.

Relação em dúvida

Para o Casino, haveria conflito de interesses no acúmulo de funções devido à relação que as empresas têm entre si. Em relatório publicado no dia 26 de março com informações do Valor Econômico, a consultoria Glass Lewis apontou que o Pão de Açúcar é responsável por 11% de todas as vendas fechadas pela BRF. Já os produtos da BRF respondem por 6% de todos os itens vendidos nos supermercados do GPA.

Partindo da ideia que os percentuais dizem muito sobre a importância de uma companhia para a outra, o Casino irá levar o assunto à próxima assembleia do GPA, marcada para o dia 17 de abril. Vale dizer que a BRF, nas suas demonstrações financeiras de 2012, pontuou que "nenhum cliente individualmente foi responsável por mais de 5% das receitas totais auferidas no exercício findo em 31.12.12".


Do seu lado, Abilio também se arma de argumentos. O empresário sustenta que não haveria dependência comercial entre as empresas, que não são concorrentes. E que a participação de investidores e executivos no conselho de administração de diferentes companhias seria uma prática empresarial muito comum.

Na assembleia da BRF realizada hoje, o voto de uma das maiores gestoras internacionais de recursos a favor de Abilio acabou, de certa forma, endossando a posição do empresário. Além de ser acionista do Pão de Açúcar, a BlackRock tem 5,13% das ações na BRF. E a gestora deu sinal verde para a entrada do empresário no conselho da empresa de alimentos mesmo assim.

Outras farpas

As dissonâncias entre os dois lados, no entanto, não param por aí. Para o Casino, a presença de Abilio no comando do conselho das duas empresas "causaria grande desconfiança na diretoria, nos demais conselheiros, nos acionistas e demais stakeholders de CBD (inclusive o acionista controlador)", como chegou a afirmar a companhia em voto-registro da Wilkes.

No documento, o Casino mencionou a criação de possíveis problemas de interlocução com os demais fornecedores relevantes e disse que a BRF concorre com o Pão de Açúcar em produtos de marca própria.

Abilio, por sua vez, diz ter respaldo pleno para permanecer no conselho da empresa fundada por seu pai. Isso porque o acordo de acionistas firmado com o Casino prevê uma única hipótese para sua saída do cargo: a falta de saúde. Do contrário, o empresário tem direito vitalício à cadeira.

Abilio lembra ainda que os conselhos são órgãos colegiados - e que ele próprio tem minoria no conselho do GPA. Amanhã, o empresário participará de uma coletiva de imprensa para falar sobre sua entrada na BRF. De qualquer modo, as divergências entre Casino e Abilio parecem longe de terminar.

* Atualizada às 09h54 do dia 10/04

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Sâo Paulo - Abilio Diniz é o novo presidente do conselho da BRF. Depois de eleito, o empresário agradeceu "a confiança dos acionistas", parabenizou o antecessor, Nildemar Secches, pelo trabalho realizado na empresa e disse estar "muito feliz e estimulado" com o novo desafio.

Encerradas as dúvidas que pairavam sobre a entrada do empresário na gigante de alimentos - dos 81% de acionistas da companhia presentes na assembleia, apenas 6% votaram contra -, as atenções se voltam para um capítulo que ainda não terminou: a insatisfação do Casino com Abilio à frente do conselho do Grupo Pão de Açúcar (GPA), agora que ele acumula igual função em um dos principais fornecedores da empresa.

Procurado por EXAME.com, o Casino disse que não irá comentar. Mas o grupo francês já chiou - e muito - desde que as primeiras informações sobre a ida de Abilio para a BRF começaram a circular no mercado. No fim de fevereiro, inclusive, o Casino chegou a pedir que Abilio renunciasse ao conselho do Grupo Pão de Açúcar caso assumisse a mesma cadeira na BRF.

Relação em dúvida

Para o Casino, haveria conflito de interesses no acúmulo de funções devido à relação que as empresas têm entre si. Em relatório publicado no dia 26 de março com informações do Valor Econômico, a consultoria Glass Lewis apontou que o Pão de Açúcar é responsável por 11% de todas as vendas fechadas pela BRF. Já os produtos da BRF respondem por 6% de todos os itens vendidos nos supermercados do GPA.

Partindo da ideia que os percentuais dizem muito sobre a importância de uma companhia para a outra, o Casino irá levar o assunto à próxima assembleia do GPA, marcada para o dia 17 de abril. Vale dizer que a BRF, nas suas demonstrações financeiras de 2012, pontuou que "nenhum cliente individualmente foi responsável por mais de 5% das receitas totais auferidas no exercício findo em 31.12.12".


Do seu lado, Abilio também se arma de argumentos. O empresário sustenta que não haveria dependência comercial entre as empresas, que não são concorrentes. E que a participação de investidores e executivos no conselho de administração de diferentes companhias seria uma prática empresarial muito comum.

Na assembleia da BRF realizada hoje, o voto de uma das maiores gestoras internacionais de recursos a favor de Abilio acabou, de certa forma, endossando a posição do empresário. Além de ser acionista do Pão de Açúcar, a BlackRock tem 5,13% das ações na BRF. E a gestora deu sinal verde para a entrada do empresário no conselho da empresa de alimentos mesmo assim.

Outras farpas

As dissonâncias entre os dois lados, no entanto, não param por aí. Para o Casino, a presença de Abilio no comando do conselho das duas empresas "causaria grande desconfiança na diretoria, nos demais conselheiros, nos acionistas e demais stakeholders de CBD (inclusive o acionista controlador)", como chegou a afirmar a companhia em voto-registro da Wilkes.

No documento, o Casino mencionou a criação de possíveis problemas de interlocução com os demais fornecedores relevantes e disse que a BRF concorre com o Pão de Açúcar em produtos de marca própria.

Abilio, por sua vez, diz ter respaldo pleno para permanecer no conselho da empresa fundada por seu pai. Isso porque o acordo de acionistas firmado com o Casino prevê uma única hipótese para sua saída do cargo: a falta de saúde. Do contrário, o empresário tem direito vitalício à cadeira.

Abilio lembra ainda que os conselhos são órgãos colegiados - e que ele próprio tem minoria no conselho do GPA. Amanhã, o empresário participará de uma coletiva de imprensa para falar sobre sua entrada na BRF. De qualquer modo, as divergências entre Casino e Abilio parecem longe de terminar.

* Atualizada às 09h54 do dia 10/04

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