Goldwasser Neto, da Accountfy: essa frente de parcerias tende a aumentar muito e deve representar 70% do negócio (Accountfy/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 28 de maio de 2024 às 09h00.
Última atualização em 28 de maio de 2024 às 10h24.
Provedora de tecnologia para a área financeira das empresas, a Accountfy está reforçando o caixa para avançar com a proposta de aposentar o Excel da vida dos CFOs. A startup recebeu um aporte de US$ 6,5 milhões dos sócios-investidores HDI e Redpoint.
A seguradora alemã e a casa de investimentos acompanham a startup desde a rodada pré-seed e, juntas, já desembolsaram US$ 18,5 milhões no negócio ao longo dos últimos anos. Os recursos fazem parte de uma rodada série B, prevista para levantar até US$ 15 milhões.
O capital, disponibilizado no começo do ano, trouxe um novo ritmo para a criação de uma plataforma que a startup apresenta ao mercado nesta terça-feira, 20. Com a proposta de automatizar a gestão de balanços e demonstrações financeiras, a fintech paulistana já investiu R$ 20 milhões do valor para agregar mais recursos aos clientes e atender a novas demandas do setor - e dos parceiros.
Além de módulos tradicionais de controladoria, planejamento financeiro e orçamento, com os quais a startup nasceu, a nova ferramenta apresenta um módulo de tesouraria, com controle de fluxo de caixa diário e gestão de dívidas, e uma área de workplace, para gerenciamento de planilhas, documentos e trocas de informações.
Neste processo, a startup fez também um data builder, ferramenta de captura e enriquecimento de dados para transformá-los em novos conhecimentos e negócios."Nós tínhamos um discurso que usávamos no processo de venda que era: ou você tem flexibilidade ou governança. Agora, nós podemos entregar os dois", afirma Goldwasser Neto, CEO da Accountfy.
Segundo o cofundador, que ocupou posições de CFO antes de empreender, desde 2016, ainda no planejamento para a Accountfy chegar ao mercado, esse já era o “sonho” e o “mapa” do que a startup queria entregar.
A transformação do sistema foi potencializada por dois cenários vividos pela startup no ano passado. Após crescer em torno de 50%, o negócio andou de lado em 2023, pressionado pela revisão dos contratos no momento em que a escassez de crédito falou mais alto e muitos clientes tiraram o pé das plataformas SaaS. Nas negociações, a startup reduziu o preço pelo uso dos serviços em 17%, ficando com um tíquete médio em torno de R$ 8 mil por mês.
Em meio às dificuldades do setor, a Accountfy segurou o processo de internacionalização, rumo aos Estados Unidos, e partiu em busca de novos canais para oferecer os seus produtos. De um modelo sustentado por um marketing mais tradicional, o outbound, a empresa investiu no desenvolvimento de parceria e revendedores.
Para o Itaú BBA, passou a oferecer a plataforma em um modelo white label. Com a Ricoh - empresa japonesa de produtos de tecnologia que avança no mercado de serviços - firmou um acordo de revenda e distribuição do produto, com foco na América Hispânica.
Novos parceiros, como KPMG e EY, estão se juntando à proposta, que em pouco tempo representa 30% do faturamento."Essa frente de parceria tende a aumentar muito. É bem provável que a curva se inverta e as vendas internas passem a representar 30% da receita", afirma Neto. A percepção vem da dimensão e capilaridade das companhias com as quais a startup tem se relacionado, muitas delas com milhares de potenciais clientes.
Até por isso, a previsão é de que a Accountfy dobre o número de clientes e registre uma expansão de 80% para 2024. A startup não abre o faturamento atual. "Com esse novo modelo, eu amplio as portas de entradas", diz o CEO. A Accounty atende 350 empresas, de PMEs a grandes companhias. Em participação de receita, os grandes negócios respondem por 80%.
De acordo com Neto, o restante do capital disponibilizado a partir do aporte, cerca de R$ 13 milhões, será usado para o desenvolvimento de novos produtos, incluindo câmbio, investimento, seguro, derivativos e IA generativa.
Enquanto isso, a internacionalização, divisão com 15% da receita, seguirá em passos mais lentos. "No mercado americano, os diferenciais não são o atendimento local e o preço, e sim o case. Estamos construindo, sem muita pressão". México e Colômbia são os principais mercados da startup fora do país.