CEO da AB InBev fica sem bônus após lucro menor que o esperado
Os resultados do 4º trimestre ficaram abaixo das estimativas porque a cervejaria continua tendo dificuldades para lidar com a queda no Brasil
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Carlos Brito: “Se você é dono de uma padaria e não ganha nenhum dinheiro em um ano, você não recebe bônus -- é a mesma situação”, disse ele (Jasper Juinen/Bloomberg)
Publicado em 2 de março de 2017 às, 17h17.
Última atualização em 2 de março de 2017 às, 19h51.
Londres - O CEO da Anheuser-Busch InBev, Carlos Brito, ficará sem bônus pela primeira vez desde 2008 porque os resultados da fabricante da Budweiser foram inferiores às estimativas dos analistas pelo sétimo trimestre seguido.
O diretor financeiro da empresa, Felipe Dutra, também ficará sem bônus, informou a companhia com sede em Louvain, Bélgica, nesta quinta-feira, ao anunciar um aumento em sua meta de economia de custo que deixou alguns analistas decepcionados.
A ação chegou a cair 3,3 por cento em Bruxelas.
Os resultados do quarto trimestre ficaram abaixo das estimativas em quase todos os níveis porque a cervejaria continua tendo dificuldades para lidar com a queda no Brasil, um mercado-chave.
Os números ajudam a explicar porque a empresa desembolsou US$ 103 bilhões por sua principal rival, a SABMiller.
Na quinta-feira, a AB InBev elevou em US$ 350 milhões sua meta de economia de custo a partir da aquisição, para US$ 2,8 bilhões dentro de três a quatro anos, embora alguns analistas viessem esperando um aumento de US$ 600 milhões.
“É outro choque, mas esse é o nível mínimo”, escreveu Eamonn Ferry, analista do Exane BNP Paribas. “Nós temíamos o pior neste trimestre, e ele aconteceu.”
Os resultados ajustados do quarto trimestre antes de juros, impostos, depreciação e amortização caíram para US$ 5,25 bilhões, informou a empresa em um comunicado.
Os analistas esperavam US$ 5,64 bilhões. A AB InBev informou também que espera incorrer em custos de US$ 900 milhões nos próximos três anos para atingir as metas de economia.
Brito se comprometeu com um desempenho melhor em 2017 com a aceleração do crescimento das receitas.
“Se você é dono de uma padaria e não ganha nenhum dinheiro em um ano, você não recebe bônus -- é a mesma situação”, disse ele, em entrevista coletiva em Louvain. “É depois de um ano ruim
que você vê um esforço maior dos líderes.”
O poder de compra no Brasil, maior mercado da AB InBev depois dos EUA, está despencando em meio ao desemprego recorde, que afeta fabricantes de bens de consumo como Nestlé e Unilever.
As vendas menores e o declínio na participação de mercado da AB InBev geraram uma queda de 33 por cento nos lucros do país.
“O Brasil é provavelmente um dos mercados mais competitivos nos quais operamos”, disse Dutra, em conferência com jornalistas.
A renda no país deverá subir em 2017, o que será positivo para o consumo de cerveja, disse o diretor financeiro. Contudo, a cervejaria prevê que o real desvalorizado pesará sobre os resultados do primeiro semestre.
As raízes brasileiras da AB InBev são profundas. Brito, natural do Rio de Janeiro, se tornou CEO da AmBev, a fabricante local da Antarctica e da Brahma, em 2004 e nos anos seguintes a combinou com a belga Interbrew e assumiu o controle da Anheuser-Busch.
Mais da metade dos principais gerentes da empresa são brasileiros e entre os principais acionistas da AB InBev está Jorge Paulo Lemann, investidor brasileiro envolvido na abordagem malsucedida da Kraft Heinz para aquisição da Unilever.
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