Centauro deve captar R$ 1 bilhão. Para que tanto dinheiro?
Dinheiro vem em momento crítico para o varejo, que viu as vendas caírem na pandemia. Mas a prioridade para os recursos, a princípio, não é enfrentar a crise
Mariana Desidério
Publicado em 4 de junho de 2020 às 15h10.
Última atualização em 4 de junho de 2020 às 15h36.
O Grupo SBF, que controla a Centauro,precifica hoje sua oferta de ações (follow-on). A operação será exclusiva para investidores qualificados e vai envolver 25 milhões de ações ordinárias, que podem ser acrescidas de mais 8,75 milhões de ações extras.
Pelo preço da ação nas sessões ontem e hoje, a oferta pode superar 1 bilhão de reais. Em comunicado, a empresa diz que o dinheiro será usado para financiar aquisições de empresas em curso e futuras “que possam contribuir para a execução de sua estratégia de crescimento e a expansão de seus negócios”.
O que não for usado nas aquisições vai reforçar o capital de giro da companhia. Esse reforço vem em um momento importante. O setor de varejo vive um período delicado, com quedas drásticas nas vendas causadas pela pandemia do novo coronavírus, e muitas empresas têm buscado alternativas para reforçar o caixa.
Quando a oferta de ações foi definida, no final de maio, a ação da Centauro era negociada a 27 reais, e a estimativa da companhia era de levantar pouco mais de 650 milhões de reais com a oferta. Se consideradas as ações adicionais, a captação iria a 884 milhões de reais. Desse montante, 80% seriam destinados ao crescimento inorgânico e 20% iriam para o reforço do capital de giro. Agora, a ação está em 32 reais e a estimativa é de que a captação pode levantar até 1 bilhão de reais.
Ainda não se sabe o efeito da pandemia para a Centauro, cujos resultados do primeiro trimestre serão divulgados somente no final do mês. Mas o tema da covid-19 já aparecia no relatório do quarto trimestre de 2019. “A companhia nunca esteve tão capitalizada com praticamente nenhuma dívida bancária e quase 700 milhões de reais de liquidez incluindo a disponibilidade de antecipação de recebíveis”, disse a empresa em seu último relatório disponível.
O Grupo SBF comprou a operação da Nike no Brasil em fevereiro deste ano, por 900 milhões de reais. A compra inclui o estoque e as lojas, mas não direitos de propriedade intelectual sobre a marca. Antes disso, se envolveu em uma disputa acirrada pela concorrente Netshoes, mas acabou perdendo para o Magazine Luiza.