Carlos Ghosn poderá deixar prisão mediante pagamento de fiança
Anúncio foi feito depois que um Tribunal de Tóquio rejeitou o pedido da acusação para estender sua detenção para além de dia 20 de dezembro
EFE
Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 08h58.
Última atualização em 20 de dezembro de 2018 às 09h04.
Tóquio - O ex-presidente da Nissan Motor, o brasileiro Carlos Ghosn , em prisão preventiva desde o mês passado por supostamente ocultar pagamentos milionários e cometer irregularidades fiscais, pode deixar a cadeia nos próximos dias após o pagamento de fiança, confirmou nesta quinta-feira a Promotoria.
O anúncio foi feito depois que um Tribunal de Tóquio rejeitou o pedido da acusação para estender sua detenção para além de dia 20 de dezembro.
Por enquanto, os advogados de Ghosn não solicitaram uma fiança para o acusado, segundo disse em entrevista coletiva um porta-voz da Promotoria, que acrescentou que a acusação recorrerá da decisão do tribunal.
"Tínhamos pedido a prorrogação porque consideramos que era necessário (para a investigação)", disse o porta-voz, Shin Kukimoto, que também comentou que a Promotoria "fará todos os esforços possíveis" ao ser questionado sobre outras vias legais para estender a detenção de Ghosn.
A emissora japonesa "NHK" afirmou que Ghosn poderia sair da prisão na sexta-feira.
O mesmo acontece com o americano Greg Kelly, outro alto executivo de Nissan detido por vínculos com o caso e cuja detenção também expirava hoje, após o Tribunal rejeitar a prorrogação solicitada pela Promotoria.
Os dois ex-altos executivos de Nissan permanecem em prisão provisória desde 19 de novembro, quando foram detidos como suspeitos de ter ocultado das autoridades parte da remuneração de Ghosn.
A Promotoria apresentou acusações formais contra ambos em 10 de dezembro, por infrações fiscais supostamente cometidas entre março de 2011 e de 2015, e nesse mesmo dia solicitou uma ordem de detenção adicional por irregularidades cometidas entre 2015 e 2018.
A recusa de hoje do tribunal faz referência a esta última solicitação, e é um fato pouco habitual no Japão, onde a maioria dos pedidos da Promotoria para prorrogar a prisão preventiva de suspeitos são aceitos pelos juízes.
A prolongada detenção de Ghosn e de Kelly e suas condições de encarceramento - entre elas a ausência de advogados durante os interrogatórios - suscitaram críticas wm seus países de origem e puseram no ponto de mira as particularidades do sistema judicial japonês.
Além disso, a detenção de Ghosn e sua posterior saída como presidente de Nissan desencadeou uma luta de poder dentro da aliança tripartida que conforma o segundo maior fabricante japonês de veículos junto com Renault e Mitsubishi.
A Nissan deseja revisar os termos da aliança para conseguir um maior equilíbrio de forças, enquanto a Renault, empresa com participação majoritária do Estado francês, conta com 43% das ações da empresa japonesa e é partidária de manter sua influência sobre a mesma.