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Canon diminui previsão de vendas com queda brusca da demanda

As exportações mundiais de câmeras atingiram a maior baixa em 10 anos em um momento em que os consumidores cada vez mais tiram fotos com celulares


	A Canon informou que a desaceleração na China, possivelmente seu maior mercado no futuro, também está reduzindo a demanda
 (Paul Thomas/Bloomberg)

A Canon informou que a desaceleração na China, possivelmente seu maior mercado no futuro, também está reduzindo a demanda (Paul Thomas/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2013 às 15h04.

Tóquio - A Canon Inc. está encontrando dificuldades para vender câmeras em um mercado global em que os smartphones lideram as exportações a uma razão de 13 para 1.

A maior fabricante de câmeras do mundo cortou seu lucro anual e sua previsão de vendas ontem, no momento em que enfrenta a desaceleração da demanda tanto de modelos compactos quanto daqueles de alta qualidade com lentes intercambiáveis, que sustentam um negócio de 983 bilhões de ienes (US$ 10 bilhões). As ações chegaram ao seu pior nível em três meses na Bolsa de Tóquio.

As exportações mundiais de câmeras atingiram a maior baixa em 10 anos em um momento em que os consumidores cada vez mais tiram fotos com telefones da Apple Inc. e da Samsung Electronics Co., equipados com lentes capazes de registrar imagens em alta qualidade.

A Canon informou que a desaceleração na China, possivelmente seu maior mercado no futuro, também está reduzindo a demanda, enquanto a rival japonesa Nikon Corp. busca formas de ampliar o crescimento dos smartphones para combater a crise.

“O efeito canibal dos smartphones sobre as câmeras compactas tornou-se bastante sério”, disse Toshiya Hari, analista do Goldman Sachs Group Inc., em Tóquio. “A Canon terá que encontrar um novo motor de crescimento. Não consigo imaginar o mercado de câmeras crescendo muito na próxima década.”

As ações da empresa com sede em Tóquio caíram 5,4 por cento, fechando a 3.245 ienes, o segundo maior perdedor porcentual na referência japonesa Nikkei 225 Stock Average.

O Goldman Sachs cortou a previsão dos preços das ações da Canon para 3.270 ienes contra os 3.400 ienes de antes, dizendo que “a situação parece complicada”, ao mesmo tempo que a Nomura Holdings Inc. reduziu sua meta em 14 por cento, para 3.617 ienes.


Surto de smartphones

As exportações de câmeras caíram 29 por cento em todo o mundo, para 434 bilhões de ienes, nos primeiros cinco meses de 2013, segundo a Associação de Produtos para Câmera e Imagem, de Tóquio.

Para este ano, os embarques provavelmente cairão 30 por cento, disse Masahiro Ono, analista da Morgan Stanley MUFG Securities Co., em Tóquio, em um relatório de 16 de julho. Os embarques totais provavelmente serão de 68,6 milhões de unidades, abaixo dos 98,1 milhões do ano passado, disse Ono.

Por outro lado, estima-se que os embarques de smartphones subam em torno de 32 por cento, para 928 milhões de unidades, disse a empresa de pesquisas de mercado TrendForce em um relatório de 23 de julho.

Corte nas previsões

À medida que os aparelhos evoluem, a qualidade das fotos aumenta. O iPhone 5, da Apple, possui uma câmera de 8 megapixels, enquanto o S4, que foi lançado em abril, oferece 13 megapixels. A Nokia Oyj apresentou neste mês seu Lumia 1020, com uma câmera de 41 megapixels.


A EOS-1D X, da Canon, vendida a US$ 6.799 no site da empresa nos Estados Unidos, possui um sensor de 18,1 megapixels.

A Canon informou ontem que seu lucro líquido provavelmente será de 260 bilhões de ienes em 2013, o que encurta sua projeção de abril, de 290 bilhões de ienes, em 10 por cento.

A fabricante das câmeras PowerShot e EOS cortou sua previsão de vendas de modelos compactos para 2013 a 14 milhões de unidades, de um total anterior de 14,5 milhões, e sua previsão para entregas de lentes reflex foi a 9 milhões, de uma previsão anterior de 9,2 milhões de peças.

Iene mais fraco

A Canon cortou sua previsão de vendas para 3,85 trilhões de ienes neste ano, contra a projeção de abril de 3,98 trilhões de ienes. O lucro operacional, ou as vendas menos o custo do produto vendido e as despesas administrativas, pode ser 16 por cento mais baixo que os 380 bilhões de ienes previstos anteriormente, informou a empresa.

A Nikon, a segunda maior fabricante de câmeras do mundo, está tentando explorar o boom de smartphones após alertar para os ganhos mais fracos do que o previsto. Os resultados da companhia no primeiro trimestre podem ser “um pouco menores” do planejado, disse o presidente Makoto Kimura neste mês.

Parte do impacto nos ganhos causados pela desaceleração das vendas de câmeras é compensado pelo iene mais fraco, que potencializa o lucro das remessas de exportadores japoneses ao exterior. A Canon consegue em torno de 80 por cento de suas receitas anuais fora do Japão.

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