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Biografia de Ford também serve como manual de negócios

O historiador Douglas Brinkley mostra em seu livro o papel central da colaboração dos empregados para o sucesso da Ford

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 15h22.

"O sucesso de Henry Ford sempre dependeu do trabalho que ele conseguia que outros fizessem em seu lugar. De todos os talentosos engenheiros que havia encontrado em todas as sua primeiras aventuras em engenharia e carros de corrida, aquele que ele viria a escolher para trabalhar na Ford Motor Company como seu braço direito era Harold Wills, o veterano da finada Henry Ford Company e que o havia ajudado a projetar os carros de corrida 999 e Arrow em jornadas noturnas depois do emprego diário. Polido mas direto, Wills tinha apenas vinte e seis anos de idade quando a Ford Motor Company foi fundada, mas já detinha auto-confiança suficiente para trabalhar com Ford de igual para igual. (...)

Wills e sua pequena equipe trabalhavam da maneira preferida por Ford: criando as peças manualmente para montar o protótipo. A seguir, o modelo seria continuamente aperfeiçoado, com Wills desenhando plantas e planilhas com especificações para transmitir suas idéias para os fornecedores de peças de todo o meio-oeste e nordeste, que se encarregavam da verdadeira produção."

Colaboração

"O processo cresceu como uma videira e por fim se alastrou por todas as fases de manufatura dos carros Ford, para então dominar todo o mundo da indústria pesada. Não existe a menor dúvida de que uma poderosa revolução aconteceu em Highland Park - mas não era a linha de montagem em si que garantia o poder. De fato, era a criação de uma atmosfera na qual o aprimoramento era o verdadeiro produto, um modelo T melhor e mais barato acontecia naturalmente. Cada homem que batia o relógio de ponto era convidado a contribuir com idéias, e aquelas que eram boas seriam adotadas sem demora. Os bons trabalhadores também eram reconhecidos por suas contribuições e generosamente promovidos."

Qualidade

"O mundo estava se tornando cada vez mais rápido e menor, e uma grande parte do gênio de Ford estava em reconhecer como tirar vantagem deste fato. Ele queria infundir a excitação dos últimos triunfos dos meios de transporte ao homem comum. Além disso, ele reconhecia a importância não apenas de fazê-lo mais rápido, mas também mais completamente do que ninguém. Ford apreciava a máxima do mercado de que no longo prazo, a qualidade traz os consumidores de volta."

Júnior no comando

"No começo de 2002, três meses após tomar posse como CEO, Bill Ford Jr. anunciou uma profunda reestruturação mundial que eliminaria quatro modelos, incluindo o venerável Lincoln Continental, fecharia cinco fábricas e cortaria 35 000 empregos - dez porcento da mão de obra da empresa.

(...)

'Nós sabemos que algumas das coisas que precisam ser feitas serão dolorosas', admitiu Bill Ford Jr. ao anunciar a reestruturação. 'Não tenho como descrever o quanto lamento isso.'

(...)

Num reconhecimento do ressentimento dos empregados, Bill Ford Jr. decidiu recusar qualquer salário ou bônus para si mesmo além de opções de ações. 'Se fizermos a coisa certa, eu serei muito bem pago com essas ações', ele disse. 'Caso contrário, eu não ganho nada. Esse é um risco que estou disposto a correr.' De fato, remunerar executivos com opções de ações e portanto encorajá-los a gerir de olho no preço dos papéis causou muitos escândalos corporativos em 2001-2002. Entretanto, Bill Ford Jr. não estava muito preocupado em aumentar sua fortuna pessoal, e sua recusa a um salário normal ajudou-o a conquistar as boas graças em todos os escalões da empresa.

Sua popularidade pessoal se aprofundou à medida em que ele adquiriu o hábito de aparecer na fábrica de Rouge e conversar com os operários candidamente, num estilo não muito diverso de seu tio Henry Ford II e de seu ilustre bisavô. Portanto, à medida que o centenário se aproximava, apesar do desgaste trazido pelo fechamento de fábricas, a Ford gozava de melhores relações trabalhistas do que a GM ou a DaimlerChrysler. Claramente, Bill Ford Jr. parecia decidido em manter as coisas daquela forma - e de manter a aprovação do público também."

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