Azul pode reduzir ritmo, mas não vê urgência em IPO
Cenário de alta nos custos do setor, agravado pela recente desvalorização do real pode levar a Azul a reduzir o ritmo de crescimento ou elevar tarifas
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2013 às 12h10.
São Paulo - O cenário de alta nos custos do setor aéreo , agravado pela recente desvalorização do real contra o dólar pode levar a Azul empresa a reduzir o ritmo de crescimento ou a elevar tarifas, afirmou o diretor de comunicação e marca da companhia aérea, Gianfranco Beting, que participou da fundação da empresa em 2008.
Em agosto, a oferta da Azul subiu 33,15 por cento, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), entre os maiores percentuais de aumento e em meio à redução de oferta das rivais maiores TAM e Gol neste ano.
A alta nos preços do combustível de aviação já pesava no setor, mas a desvalorização do real piorou a situação, e enquanto as duas maiores empresas em participação de mercado não descartam reduzir ainda mais a oferta, a Azul já considera pisar no freio.
"Estamos olhando com seriedade para isso. Não cortamos destinos, mas já reduzimos algumas frequências. A Azul começou a voar em 2008 e é a primeira vez que encontramos um cenário mais adverso. E com um cenário mais desafiador é irresponsável você acreditar que pode continuar crescendo como estava crescendo antes", afirmou Beting à Reuters.
A empresa também não descarta elevar os preços de passagens caso os custos com insumos continuem subindo, mas ressalta que os recursos esperados da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) cancelada no fim de agosto devido as condições de mercado, não eram urgentes.
"Não há desespero. A gente achou que o IPO não ia ser como queríamos que fosse então não vamos fazer. Claro que se a gente fez um arquivamento (do pedido na CVM) é porque queríamos fazer o IPO, mas não é a única alternativa da empresa", afirmou Beting, acrescentando apenas que "algo será feito", quando questionado sobre uma possível emissão de debêntures.
"Estamos viabilizando a empresa sem o IPO. Quando as condições econômicas melhorarem a gente vai fazer uma avaliação." Embora a empresa não detalhe seus planos financeiros, a fusão com a Trip, anunciada em 2012, parece estar beneficiando a empresa, com sinergias "espetaculares", segundo o executivo.
"Estão acima do esperado (sinergias) e vão melhorar quando a gente tiver os certificados de operação unificados", disse. De acordo com Beting, o governo ainda não deu a autorização final para a fusão, embora a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já tenham aprovado a operação.
A expectativa da empresa era receber os certificados de autorização para a conclusão da fusão em meados deste ano, algo que ainda não ocorreu. Segundo o executivo, sem os certificados, pilotos da Trip continuam impossibilitados de voar com aviões da Azul e vice-versa.
Ajuda do Governo
Recentemente as empresas aéreas pediram alguns incentivos ao governo federal como unificação do ICMS incidente sobre o combustível de aviação, mudança no cálculo do preço do insumo, e redução de impostos como PIS/Cofins. A resposta do governo, prometida para a semana passada, ainda não ocorreu, e para a Azul, as expectativas são baixas.
"A gente trabalha entendendo que uma coisa é pedir e outra é receber. Não há garantia de que o governo vai facilitar a vida das companhias aéreas e a gente vai ter que caminhar com as próprias pernas", disse Beting.
Na última quinta-feira, o governo adiou por 15 dias a decisão sobre os pedidos de ajuda.
Além dos custos altos, o diretor considera que há um outro fator que pesa no setor: a infraestrutura deficiente de aeroportos. "Essa combinação de dólar alto, combustível nas alturas e infraestrutura que complica é uma combinação fatal." Segundo ele, a falta de infraestrutura em muitos aeroportos impede a empresa de voar para determinados destinos.
"Têm lugares que a gente voaria, mas não o faz porque não existe infraestrutura que a legislação obriga. Combate a incêndio é o principal gargalo. Para ter uma certa categoria de avião precisa ter caminhão e gente treinada para combate a incêndio." Recentemente a empresa enfrentou problemas no aeroporto de Fonte Boa, cidade de cerca de 23 mil habitantes a 676 quilômetros de Manaus, no Amazonas. "Outro dia a gente estava indo para cabeceira e o avião, um turboélice da Trip atolou na pista em Fonte Boa." Diante disso, a empresa ainda vê com receio os planos de incentivo à aviação regional do governo. A proposta é realizar obras em cerca de 270 aeroportos em cidades do interior do Brasil, mas segundo Beting, ainda não está claro quais são os aeroportos e quais as melhorias que seriam feitas.
"O Brasil tem 5 mil municípios, 4 mil aeródromos, sendo que 126 tem voos regulares. Quando o governo fala 270, a gente ainda não entendeu se incluem esses 126 ou se são novos 270, o que vejo com reserva." Ainda assim, a Azul tem anunciado novos voos, e após confirmar no final da semana passada Araraquara (SP) como um novo destino, a empresa também pretende ter voos diários para Três Lagoas (MS) ainda neste ano.
São Paulo - O cenário de alta nos custos do setor aéreo , agravado pela recente desvalorização do real contra o dólar pode levar a Azul empresa a reduzir o ritmo de crescimento ou a elevar tarifas, afirmou o diretor de comunicação e marca da companhia aérea, Gianfranco Beting, que participou da fundação da empresa em 2008.
Em agosto, a oferta da Azul subiu 33,15 por cento, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), entre os maiores percentuais de aumento e em meio à redução de oferta das rivais maiores TAM e Gol neste ano.
A alta nos preços do combustível de aviação já pesava no setor, mas a desvalorização do real piorou a situação, e enquanto as duas maiores empresas em participação de mercado não descartam reduzir ainda mais a oferta, a Azul já considera pisar no freio.
"Estamos olhando com seriedade para isso. Não cortamos destinos, mas já reduzimos algumas frequências. A Azul começou a voar em 2008 e é a primeira vez que encontramos um cenário mais adverso. E com um cenário mais desafiador é irresponsável você acreditar que pode continuar crescendo como estava crescendo antes", afirmou Beting à Reuters.
A empresa também não descarta elevar os preços de passagens caso os custos com insumos continuem subindo, mas ressalta que os recursos esperados da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) cancelada no fim de agosto devido as condições de mercado, não eram urgentes.
"Não há desespero. A gente achou que o IPO não ia ser como queríamos que fosse então não vamos fazer. Claro que se a gente fez um arquivamento (do pedido na CVM) é porque queríamos fazer o IPO, mas não é a única alternativa da empresa", afirmou Beting, acrescentando apenas que "algo será feito", quando questionado sobre uma possível emissão de debêntures.
"Estamos viabilizando a empresa sem o IPO. Quando as condições econômicas melhorarem a gente vai fazer uma avaliação." Embora a empresa não detalhe seus planos financeiros, a fusão com a Trip, anunciada em 2012, parece estar beneficiando a empresa, com sinergias "espetaculares", segundo o executivo.
"Estão acima do esperado (sinergias) e vão melhorar quando a gente tiver os certificados de operação unificados", disse. De acordo com Beting, o governo ainda não deu a autorização final para a fusão, embora a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já tenham aprovado a operação.
A expectativa da empresa era receber os certificados de autorização para a conclusão da fusão em meados deste ano, algo que ainda não ocorreu. Segundo o executivo, sem os certificados, pilotos da Trip continuam impossibilitados de voar com aviões da Azul e vice-versa.
Ajuda do Governo
Recentemente as empresas aéreas pediram alguns incentivos ao governo federal como unificação do ICMS incidente sobre o combustível de aviação, mudança no cálculo do preço do insumo, e redução de impostos como PIS/Cofins. A resposta do governo, prometida para a semana passada, ainda não ocorreu, e para a Azul, as expectativas são baixas.
"A gente trabalha entendendo que uma coisa é pedir e outra é receber. Não há garantia de que o governo vai facilitar a vida das companhias aéreas e a gente vai ter que caminhar com as próprias pernas", disse Beting.
Na última quinta-feira, o governo adiou por 15 dias a decisão sobre os pedidos de ajuda.
Além dos custos altos, o diretor considera que há um outro fator que pesa no setor: a infraestrutura deficiente de aeroportos. "Essa combinação de dólar alto, combustível nas alturas e infraestrutura que complica é uma combinação fatal." Segundo ele, a falta de infraestrutura em muitos aeroportos impede a empresa de voar para determinados destinos.
"Têm lugares que a gente voaria, mas não o faz porque não existe infraestrutura que a legislação obriga. Combate a incêndio é o principal gargalo. Para ter uma certa categoria de avião precisa ter caminhão e gente treinada para combate a incêndio." Recentemente a empresa enfrentou problemas no aeroporto de Fonte Boa, cidade de cerca de 23 mil habitantes a 676 quilômetros de Manaus, no Amazonas. "Outro dia a gente estava indo para cabeceira e o avião, um turboélice da Trip atolou na pista em Fonte Boa." Diante disso, a empresa ainda vê com receio os planos de incentivo à aviação regional do governo. A proposta é realizar obras em cerca de 270 aeroportos em cidades do interior do Brasil, mas segundo Beting, ainda não está claro quais são os aeroportos e quais as melhorias que seriam feitas.
"O Brasil tem 5 mil municípios, 4 mil aeródromos, sendo que 126 tem voos regulares. Quando o governo fala 270, a gente ainda não entendeu se incluem esses 126 ou se são novos 270, o que vejo com reserva." Ainda assim, a Azul tem anunciado novos voos, e após confirmar no final da semana passada Araraquara (SP) como um novo destino, a empresa também pretende ter voos diários para Três Lagoas (MS) ainda neste ano.