Após sanções, Huawei prioriza negócios menos dependentes dos EUA
A Huawei foi posta em uma "Lista de Entidades" de exportação pelo governo do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump em 2019
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de abril de 2021 às 17h59.
A fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações Huawei definiu como principal prioridade tornar seus negócios menos dependentes de tecnologia de ponta dos Estados Unidos , com um esforço para desenvolver seus recursos de software enquanto busca superar restrições norte-americanas que devastaram sua área de smartphones.
A Huawei foi posta em uma "Lista de Entidades" de exportação pelo governo do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump em 2019, sendo impedida de comprar produtos com tecnologias essenciais de origem nos EUA. A restrição afetou sua capacidade de projetar seus próprios chips e de buscar componentes de outros fornecedores.
A proibição colocou os negócios de celulares da Huawei sob imensa dificuldade.
A empresa atualmente "não tem expectativa" de ser removida da "Lista de Entidades" sob o governo de Joe Biden e agora está procurando desenvolver outras linhas de negócios depois de passar o último ano em “modo de sobrevivência”, disse o presidente do conselho de administração da empresa, Eric Xu, nesta segunda-feira.
“Não podemos desenvolver nossa estratégia com base em uma suposição infundada ou em esperanças irrealistas, porque se fizermos isso e se não pudermos ser retirados da lista de entidades, será extremamente difícil para a empresa”, disse Xu durante reunião anual com investidores e analistas da Huawei.
A Huawei investirá mais em negócios que são menos dependentes de técnicas avançadas, afirmou Xu, destacando a tecnologia de direção inteligente da empresa, no qual a Huawei investirá mais de 1 bilhão de dólares este ano. Essa tecnologia permite que os carros viajem mais de 1.000 quilômetros autonomamente, ultrapassando a Tesla nesse quesito, afirmou Xu.
Xu ainda disse que a Huawei está trabalhando com três montadoras chinesas de veículos em marcas que terão modelos com a inscrição "Huawei Inside".
Segundo Xu, a atitude dos EUA contra a Huawei prejudicou a confiança de toda a indústria de semicondutores e contribuiu para a escassez global de chips, já que as empresas chinesas se apressaram em estocar semicondutores para três a seis meses de uso no ano passado, temendo uma ação semelhante contra elas por parte dos EUA.
A demanda combinada do mercado chinês por suprimentos de chips que não são afetados pelas regras dos EUA ou que podem estar em conformidade com as regras pode levar essas empresas a investir em chips e, eventualmente, fornecer à Huawei, disse Xu.
"Se isso puder ser feito e se nosso nível de estoque puder segurar a Huawei até que isso aconteça, então isso nos ajudará a resolver os problemas e desafios que enfrentamos", afirmou.