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Após reestruturação global, Nissan se prepara para nova fase no Brasil

A expectativa é que os frutos das negociações com a Renault comecem a aparecer no final do primeiro trimestre de 2021

Nissan se prepara para nova fase (Francois Lenoir/Reuters)
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Juliana Estigarribia

Publicado em 29 de outubro de 2020 às 06h00.

Em processo de reestruturação global, a Nissan se prepara para uma nova fase no Brasil. A montadora japonesa, que tem uma aliança de 20 anos com a francesa Renault, espera começar a ver os frutos das negociações entre as duas empresas a partir do fim do primeiro trimestre de 2021, incluindo os reflexos no mercado brasileiro.

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Segundo Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil, a matriz está discutindo com a Renault sobre como deve ficar o mapa de produção nas fábricas do país. Hoje, a montadora japonesa tem uma operação fabril em Resende, Rio de Janeiro, e a francesa em São José dos Pinhais, no Paraná. O plano de reconfiguração do chamado " footprint " foi anunciado há alguns meses, dentro da estratégia da aliança Renault-Nissan de otimizar as operações no mundo todo.

O executivo informou que os conselhos das duas empresas devem se reunir novamente na semana que vem. "A reestruturação global da Nissan acabou impactando pouco a operação brasileira."

Em julho do ano passado, a matriz da montadora anunciou uma grande reformulação do negócio, com projeção de cortes de 12.500 postos de trabalho.

Porém, no Brasil, o que de fato impactou a operação brasileira foi a covid-19. Neste ano, a companhia anuciou a demissão de 398 pessoas na unidade de Resende.

"Quando voltamos com a produção no final de junho, 398 pessoas foram desligadas. Agora, enxergamos uma retomada mais lenta do mercado", diz Silva, acrescentando que atualmente a fábrica de Resende opera em apenas um turno.

 

Apesar do impacto reduzido perante o tamanho do corte global, agora a operação brasileira da Nissan "disputa" a atenção da matriz com o México, que passou a integrar a operação regional. Muitas montadoras se instalam no país latino visando o mercado americano e usufruem, muitas vezes, de incentivos. "A fábrica do México é mais uma alternativa para o grupo, assim como a da Renault no Paraná", diz Silva.

Renovação

A montadora também vem se preparando, globalmente, para o carro do futuro: elétrico, autônomo e altamente conectado. Em julho, a Nissan lançou mundialmente o modelo Ariya, primeiro crossover 100% elétrico da montadora.

“O modelo simboliza um grande passo na transformação da Nissan, num momento em que a empresa está fazendo um reajuste de foco de suas principais fortalezas, incluindo os veículos eletrificados e SUVs”, disse o grupo na ocasião.

A montadora tem um plano de lançamento de 12 novos modelos em 18 meses e prevê que as vendas globais de elétricos da marca superem 1 milhão de unidades anuais até o fim do ano fiscal de 2023. Paralelamente, a empresa também pretende lançar tecnologias de condução autônoma.

A reestruturação acontece em meio a uma sucessão de problemas envolvendo Carlos Ghosn, ex-presidente da Aliança Renault-Nissan, que fugiu do Japão para o Líbano enquanto aguardava julgamento de acusações de crimes financeiros.

Retomada no Brasil

Com uma ociosidade em torno de 60% na indústria automotiva, o presidente da Nissan acredita que a retomada plena do mercado não deva acontecer em 2021. "Hoje, conseguimos atender à demanda sem problema algum, tanto no Brasil quando na Argentina."

Segundo ele, oapetite de compras dos frotistas vai fazer a diferença na evolução do mercado no ano que vem. "Esse equilíbrio com as montadoras vai ser muito importante em 2021."

Por outro lado, a valorização do dólar em 40% desde o início do ano pode ser um trunfo para a montadora. "Temos sido procurados para exportar o Kicks", afirma Silva.

Enquanto isso, o aumento de custos continua pressionando as operações do setor. "O preço do carro no Brasil seguirá alto, com capacidade ociosa em toda a indústria e aumento dos insumos."

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