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Aliado de Bolsonaro, dono da Havan fatura 5 bilhões com loja “anos 90”

Luciano Hang saiu das sombras em 2016, quando uma série de boatos passou a cercar seu negócio. Falava-se até que a Havan pertencia a um filho de Lula

FACHADA DA HAVAN: meta do empresário é chegar a 200 unidades em cinco anos / Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)
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Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2018 às 15h41.

Última atualização em 14 de setembro de 2018 às 16h42.

Poucos negócios são tão “anos 90” quanto as lojas de departamentos . Mas uma das redes mais faladas do Brasil na atual campanha presidencial, a catarinense Havan, tem tudo o que levou Mappin e Mesbla à lona. Vende mais de 100 000 itens, tem construções enormes e de gosto arquitetônico particular. São decoradas com colunas da Casa Branca e com a onipresente estátua da liberdade.

Seu fundador, o empresário Luciano Hang, ganhou as manchetes por ser um dos poucos homens de negócio do país a apoiar publicamente o deputado Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas de intensão de voto. Nesta quinta-feira (13), chegou a ser multado pelo Tribunal Superior Eleitoral por ter impulsionado publicações do candidato no Facebook.

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Hang virou esta semana alvo de um concorrente de Bolsonaro, Cabo Daciolo (Patriota), que num vídeo publicado na internet critica as estátuas e o americanismo da rede varejista.

Hang também escolheu o Youtube para revelar, em agosto, seu apoio em Bolsonaro . Afirmou que a partir de janeiro começou a dedicar tempo para a política e que encontrou o deputado em fevereiro, numa série de encontros que manteve com presenciáveis. “Acho que ele tem predicados dentro da minha ideologia”, afirmou, destacando sua “humildade” e sua “disciplina” e o fato de não ter “rabo preso com ninguém”. “O Bolsonaro tem a virtude de falar sempre o que pensa, e de ter a ideologia de fazer o bem e o melhor”.

O empresário de 55 anos chegou a ensaiar uma candidatura ao governo de Santa Catarina. Chegou a convocar uma coletiva de imprensa para defender sua visão liberal para a economia e criticar a alta carga de impostos. Filiado ao PMDB desde 1985, se desfiliou no início do ano, mas desistiu de entrar na disputa em abril. Também foi cotado como vice na chapa de Bolsonaro, o que também não se confirmou.

Apesar do tom crítico com a economia e com o destino do país, Hang não tem muito o que reclamar em relação aos negócios. A Havan, sua rede de lojas de departamento, tem 107 lojas e 12.000 funcionários pelo país, com faturamento de mais de 5 bilhões de reais em 2017. Este ano, deve abrir mais de 10 unidades, o que segundo divulgou a empresa pode levar o faturamento a mais de 7 bilhões de reais.

O modelo de negócios, comprovadamente bem sucedido, é um daqueles fenômenos que foge aos manuais, e que leva dúvidas à concorrência sobre a sustentabilidade no longo prazo. Mas Hang observou antes das grandes redes o potencial de crescimento do interior do país, onde estão boa parte de suas lojas. Ele cruza o Brasil em seu avião particular para monitorar pessoalmente os novos pontos de venda.

Fundada nos anos 80 na cidade catarinense de Brusque, a empresa sempre foi cercada por uma aura de mistério. Segundo boatos que circularam nos últimos anos, a Havan pertencia a um dos filhos do ex-presidente Lula. Obviamente é mentira. Mas os boatos levaram Hang a sair da toca. Em 2016, pela primeira vez em 30 anos, ele estampou a campanha de Natal da rede e participou de alguns poucos programas de TV.

Filho de operários do setor têxtil, Luciano Hang começou a carreira com uma loja de tecidos importados. A abertura econômica dos anos 90 impulsionou o negócio: em suas viagens ao exterior, além de tecido, Hang começou a comprar bugigangas para revender a lojas de 1,99 real na cidade.

Em entrevista a EXAME em 2017, explicou a arquitetura curiosa das lojas. “Sou fã dos Estados Unidos porque admiro o ambiente livre de negócios”, disse. Sua meta é chegar a 200 unidades (e 200 estátuas) em cinco anos.

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