A nova fase da Vale
Após semanas de especulação, os controladores da Vale (agrupados na Valepar) chegaram a um acordo que surpreendeu até os investidores mais otimistas. A empresa anunciou nesta segunda-feira um plano, sujeito à aprovação da assembleia de acionistas, de fazer da Vale uma empresa “sem controle definido”. Para isso, a mineradora vai acabar com as ações preferenciais e […]
Da Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 18h51.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h41.
Após semanas de especulação, os controladores da Vale (agrupados na Valepar) chegaram a um acordo que surpreendeu até os investidores mais otimistas. A empresa anunciou nesta segunda-feira um plano, sujeito à aprovação da assembleia de acionistas, de fazer da Vale uma empresa “sem controle definido”. Para isso, a mineradora vai acabar com as ações preferenciais e ingressar no mais alto segmento de governança da BM&FBovespa, o Novo Mercado, em até três anos.
“É difícil imaginar como o acordo poderia ser melhor do que isso. Isso traz maior segurança principalmente para investidores estrangeiros, que não entendem a jabuticaba brasileira que é a ação preferencial”, diz Marco Saravalle, analista da XP Investimentos. Após o anúncio, as ações ordinárias da companhia subiram 6,9% e as preferenciais, 6,1%. Com isso, a mineradora ganhou mais de 11 bilhões de reais em valor de mercado em apenas um dia. As ações da holding Bradespar tiveram a maior alta do dia no Ibovespa, 16,6%.
O acordo atual entre os acionistas da Valepar (os fundos de pensão estatais Previ, Funcef, Petros e Funcesp; a empresa de participações Bradespar; a mineradora japonesa Mitsui e o braço de participações do banco BNDES, o BNDESPar), que vence em maio, será prorrogado até novembro para garantir a transição para o novo modelo.
Os antigos integrantes da holding Valepar, que será incorporada pela Vale, assinarão um novo acordo que travará seus papéis em até 20% do total de ações ordinárias da companhia, com duração até novembro de 2020, sem previsão para renovação. Hoje a Valepar tem 33,7% do capital total da Vale e 53,8% das ações ordinárias.
“Estamos diante de uma oportunidade histórica para a Vale, um marco que pode ser tão importante quanto a privatização foi há 20 anos”, disse o presidente da companhia Murilo Ferreira, em teleconferência nesta segunda-feira.
O próximo assunto importante na pauta da mineradora é justamente o futuro de Ferreira, cujo mandato vence em maio. As últimas notícias divulgadas afirmam que Ferreira, que foi escolhido pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2011, deverá ser substituído por alguém com “trânsito” com o mercado indicado pelo presidente Michel temer. Mas há a pressão para que ele fique. Seja quem for o próximo presidente, sofrerá muito menos pressão do governo.