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A nova aposta de Janguiê Diniz: supletivos para empreendedores do futuro

Fundador da Ser Educacional, uma das maiores redes de ensino do país, Diniz vê a desmotivação dos jovens brasileiros nos estudos como um problema para a formação de novos empreendedores

(Divulgação/Divulgação)
LB

Leo Branco

Publicado em 4 de junho de 2021 às 11h40.

Última atualização em 4 de junho de 2021 às 16h21.

Janguiê Diniz, fundador da Ser Educacional e do Instituto Êxito: "É hora de conectar o espírito empreendededor à educação do brasileiro" (Divulgação/Divulgação)

O empresário Janguiê Diniz tem uma explicação para os índices educacionais para lá de ruins da população brasileira: a falta de um propósito de vida, um porquê capaz de levar o estudante adiante nos estudos .

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Janguiê Diniz é fundador da Ser Educacional , uma das principais redes de educação do país ao apostar em faculdades e escolas básicas em cidades das regiões Norte e Nordeste do país, até então pouco ou nada servidas pelas redes de ensino privado.

Janguiê Diniz se orgulha de ter feito de tudo um pouco na vida—até engraxate, como costuma contar em palestras e na autobiografia Transformando Sonhos em Realidade.

Na educação, começou o negócio da Ser do zero, a partir de aulas pré-vestibulares nas horas vagas do ofício no Ministério Público do Trabalho em Recife, em meados dos anos 1990. Hoje, tem uma fortuna avaliada acima de 1,2 bilhão de reais.

Com a propriedade dada pela própria trajetória profissional, Diniz diz ter uma resposta às mazelas da educação brasileira. "É hora de conectar o espírito empreendededor à educação do brasileiro", diz ele.

Há algum tempo o empresário vem sendo um dos principais evangelizadores do tema no país. Em 2019, Diniz fundou o Instituto Êxito, um negócio dedicado a, nas palavras de Diniz, suprir as deficiências na formação empreendedora dos brasileiros.

Na visão dele, a falta de um espírito de dono da própria educação—e, mais tarde, da própria carreira—, é a responsável pela alta taxa de evasão escolar no ensino básico e pelo nível sofrível dos universitários brasileiros na comparação internacional.

De lá para cá, o trabalho de Diniz no Instituto Êxito tem sido atrair gente disposta a abraçar a causa da educação empreendedora — em geral outros empreendedores que ralaram bastante nos seus negócios e hoje encontram tempo para compartilhar sua expertise.

No rol dos 33 sócios do Êxito estão nomes como João Appolinário, fundador da varejista Polishop, Chaim Zaher, da SEB Educacional, e Carol Paiffer, da escola de cursos online de finanças pessoais Atom (investida da EXAME).

Em meio à pandemia, o grupo por trás do Êxito conseguiu feitos notáveis. O site do Instituto tem mais de 600 horas de cursos online e gratuitos com temas caros para quem deseja abrir um negócio, como gestão de tempo, marketing e vendas e noções básicas de tecnologias de ponta como inteligência artificial.

Numa parceria com a Unesco, o braço da Organização das Nações Unidas para a educação, uma parte desse conteúdo virou uma disciplina online distribuída a alunos de ensino médio de escolas públicas de Pernambuco e do Distrito Federal.

Em outra frente, voltada para empreendedores já com algum tempo de bagagem, o Êxito tem dado mentorias para a expansão dos negócios—aí, neste caso, os cursos são pagos e quem dá a aula normalmente são um dos 33 sócios do negócio.

Nas contas de Diniz, mais de 100.000 alunos já passaram pelos cursos online da Êxito. A meta é chegar a 1 milhão de alunos em cinco anos.

Tudo muito bom, tudo muito bem até aí, mas Diniz percebeu um problema fundamental: muitos alunos deixavam exercícios de lado e paravam os cursos pela metade em razão de deficiências de conhecimentos básicos aprendidos no ensino médio, como a resolução de funções de 1º e 2º graus ou as fórmulas da química inorgânica.

"Sem essa base, não dá para o aluno vencer suas crenças limitantes", diz ele, que atualmente divide o tempo entre a curadoria dos cursos do Instituto Êxito e os afazeres do Epitychia, um family office também fundado por ele. Os negócios dividem a mesma estrutura em dois andares do Brascan Open Mall, no Itaim, e a poucos metros da Faria Lima, onde está o coração financeiro da capital paulista. "Entendi que precisava ir além para despertar o espírito empreendedor do jovem."

Não é um problema trivial. Nas contas do IBGE, quase 70 milhões de brasileiros com 25 anos ou mais não concluíram o ensino médio.

Daí que veio a ideia de montar cursos supletivos gratuitos para educar as massas, numa espécie de homenagem ao Telecurso 2000, um programa educacional famoso na tevê brasileira nos anos 1980 e 1990.

Chamada de Brasil Diplomado, a iniciativa juntou 24 professores de ensino médio que, nas últimas semanas, gravaram 235 videoaulas disponíveis online, de graça, no site do Êxito, a partir de 15 de junho. O intuito é atrair uma audiência de jovens acostumada a aprender o beabá das coisas em vídeos curtos no YouTube ou no TikTok.

Para chegar até essa moçada, nas próximas semanas Diniz pretende convocar os sócios do Êxito para espalhar a mensagens em suas redes sociais—somados, os 33 sócios têm mais de 100 milhões de seguidores, diz ele.

Mas, no fim das contas, como esse esforço pode reverter em retornos para o próprio Êxito? Janguiê Diniz vê o trabalho dele como o de base. "A intenção aqui é mostrar a importância da educação para o jovem", diz.

Além das aulas, a plataforma do Brasil Diplomado quer fazer a ponte entre o estudante e a faculdade. No espaço virtual, instituições de ensino superior poderão ofertar cursos com condições especiais aos aprovados no programa educacional, num modelo de marketplace comum a negócios em rápida expansão no mercado educacional brasilero como Quero Educação e Pravaler.

A ideia é também incentivar a formação empreendedora dos jovens—que, assim, poderão ser alvo dos demais cursos do Instituto Êxito. "É um círculo virtuoso", diz.

Nas últimas décadas, as apostas de Janguiê Diniz para a educação foram certeiras. Resta saber se a de agora também será.

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