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A estratégia da Temu para se blindar do tarifaço de Trump: abandonar importação direta da China

Em resposta ao cerco tarifário nos EUA, plataforma chinesa reformula operação e aposta em vendedores locais para manter preços baixos

 (Justin Sullivan/Getty Images)

(Justin Sullivan/Getty Images)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 2 de maio de 2025 às 10h31.

A escalada tarifária nos Estados Unidos virou um problema para varejistas digitais globais, principalmente as asiáticas.

Empresas como Shein, Alibaba e Temu estão sentindo no bolso os efeitos da política de Donald Trump, que voltou a prometer tarifas de até 145% para produtos importados da China.

A Temu, gigante plataforma da chinesa PDD Holdings e já uma das principais rivais da Amazon nos Estados Unidos, decidiu agir.

A empresa vai abandonar o modelo de importação direta de produtos chineses que a impulsionou no mercado americano, segundo a agência de notícias Bloomberg.

A nova aposta é vender apenas itens de vendedores locais dos EUA, o que pode ajudar a empresa a driblar as tarifas e manter os preços baixos para os consumidores.

A mudança ocorre num momento em que o governo americano revogou a isenção conhecida como de minimis, que permitia importar pequenos pacotes sem taxação. Isso impactou diretamente a operação de empresas como Temu e Shein, que dependiam desse benefício para manter preços agressivos no mercado americano.

“A mudança foi pensada para ajudar os comerciantes locais a alcançar mais clientes e expandir seus negócios”, informou a Temu, em comunicado enviado à Bloomberg. A empresa também afirma que o novo modelo faz parte de um esforço contínuo para melhorar os níveis de serviço.

No médio prazo, o futuro da operação nos EUA depende da reposição dos estoques. Em fevereiro, a Temu já havia testado um modelo híbrido, pedindo que fábricas chinesas enviassem mercadorias em grandes volumes para armazéns locais nos EUA. Mas, com o fim do estoque, se os impostos se mantiverem altos, os preços podem subir.

Pressão sobre o varejo

A pressão tarifária também afeta grandes varejistas como Walmart e Target, que ainda não reajustaram preços nas prateleiras. Mas o cenário é incerto, já que fornecedores chineses resistem a absorver os custos extras. Há também uma pressão política crescente para que essas redes não repassem as altas aos consumidores.

Amazon chegou a anunciar que mostraria o custo das tarifas no valor final dos produtos. Mas voltou atrás após críticas da Casa Branca e reclamações de Donald Trump, que teria feito chegar seu descontentamento diretamente a Jeff Bezos.

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