A Disney do Brasil? Cacau Show compra Playcenter e mira em parques de diversões
Maior rede de franquias do país está apostando forte em experiências que vão além da compra de chocolates
Repórter de Negócios
Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 15h34.
Maior rede de franquias do Brasil em número de lojas, a Cacau Show anunciou, nesta terça-feira, 20, que comprou todas as marcas e ativos do Grupo Playcenter, de parques de diversões. A marca de chocolates está com uma estratégia de apostar mais em experiências para seus clientes, indo além da venda de produtos.
“Durante os nossos primeiros 35 anos de história, o cacau e o chocolate sempre estiveram presentes em nossa marca ", diz Alê Costa, dono da Cacau Show. " Agora, e nos próximos anos, chegou o momento de enfatizarmos ainda mais o nosso 'show', que vai além do nosso produto ”.
O valor da negociação não foi informado. Também não foram confirmados quais serão os primeiros passos das empresas operando em sinergia. Hoje, o Playcenter possui dois modelos de negócio em shoppings centers: os Playlands e o Playcenter Family. Produtos e ativações da Cacau Show estarão à mostra nesses espaços. Há inspiração em parques como os da Disney e da Universal nos Estados Unidos.
A negociação precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, xerife da livre concorrênica no país.
Qual a estratégia da Cacau Show
A Cacau Show está apostando cada vez mais na venda de experiências para agregar em seu faturamento. Recentemente, a empresa inaugurou uma montanha-russa dentro de uma de suas grandes lojas em Itapevi, na Grande São Paulo.
Além da montanha-russa, que chega a virar de ponta-cabeça, há um carrosel e um "trem-cinema", com cadeiras que se movem.
Somado a isso, foi divulgado recentemente que a Cacau Show construir um parque de 2 bilhões de reais em Itu, no interior de São Paulo. A informação é da Câmara de Vereadores da cidade. Segundo os vereadores, o parque temático vai ser instalado na Rodovia Castello Branco, entre os quilômetros 78 a 84,3 e deverá ser o maior da América Latina.
Recentemente, a empresa também comprou a fábrica da Chocolates Pan -- na ocasião, chegou a se especular que a empresa construiria um parque no local.
A aposta é reforçada agora com a aquisição do grupo Playcenter.
Qual a história do Playcenter
Um dos primeiros grandes parques de São Paulo, o Playcenter foi inaugurado em 1973, inspirado nas grandes operações de diversão dos Estados Unidos e da Europa. O responsável pela história do Playcenter é o engenheiro Marcelo Gutglas, que no final da década de 1960 trazia para o Brasil os fliperamas, inspirado por visitas a um parque de diversões em Nápoles, na Itália.
Do dia da sua inauguração, até o seu fechamento em 29 de julho de 2012, o parque contabilizou a visita de mais de 60 milhões de pessoas. Muitas delas iam de excursões que partiam de várias regiões, cidades vizinhas e até outros Estados.
No início de sua história, o mix de atrações era composto por atrações mais simples. Com o passar dos anos, as atrações tecnológicas foram chegando. O Playcenter chegou e ter grandes sucessos como:
- Monga
- Montanha Encantada
- Colossus
- Roda Panorâmica
- Maria Fumaça
- Sombras Mágicas
- “Castelo Mal Assombrado
- La Bamba
Um dos grandes eventos da empresa eram as “Noites do Terror”. Elas começaram em 1988 e se tornaram um grande sucesso, permanecendo no calendário fixo de eventos do Playcenter até o seu último ano de funcionamento.
A crise no parque começou em 1995. Naquele ano, um acidente num dos brinquedos sacudiu a reputação da empresa. Com isso, Gutglas vendeu parte das ações do parque para a GP Investimentos, que criou futuramente o Hopi Hari. Em 2002, Gutglas retomou o controle do Playcenter e iniciou uma reestruturação, que incluiu uma reforma completa no parque em 2005.
Em 2010, 15 pessoas ficaram feridas no acidente envolvendo dois carros da montanha-russa Looping Star. Em outro acidente, desta vez no Double Shock, algumas pessoas ficaram feridas em 2011.
Além disso, a localização também impactou no fim do parque. Inicialmente concebido em uma área industrial, sem muitos vizinhos, o Playcenter com o passar dos anos foi “engolido” pela cidade, que passou a não mais comportar um parque daquele porte em área urbana. O antigo terreno onde funcionou o Playcenter atualmente abriga prédios comerciais, um residencial, empresas e estacionamentos. Já alguns brinquedos foram parar em outros parques de diversão.
Hoje, a Playcenter tem outras operações de diversões, principalmente em shoppings centers com os nomes Playland.