EXCLUSIVO: Cacau Show avalia compra do Subway no Brasil
Empresa de Alexandre Costa chegou a olhar todo o negócio da SouthRock, mas dívida alta assustou
Publicado em 2 de novembro de 2023 às 18:10.
Última atualização em 27 de dezembro de 2023 às 17:41.
A Cacau Show está avaliando a operação das franquias da Subway no Brasil, afirmaram três pessoas com conhecimento do assunto ao Exame IN. A rede de fast food tem a SouthRock como master fraqueada, mas foi poupada no pedido de recuperação judicial protocolado pela companhia, dona das operações de Starbucks, Eataly e TGI Friday’s no Brasil.
A Cacau Show, do empresário Alexandre Costa, chegou a avaliar todo o negócio da SouthRock, mas a dívida alta impediu o avanço das conversas. A operação da Subway, no entanto, ainda seria um ativo atraente.
Assim como no caso da Starbucks, a matriz da Subway está tentando retomar a licença da SouthRock, que comprou os direitos de operar a rede de franquias da marca no país em maio do ano passado.
No caso da empresa de fast food, no entanto, a situação é diferente, e menos belicosa. Na rede de cafeterias, a SouthRock opera com lojas próprias – e está questionando na justiça o que chamou de ‘rompimento unilateral’ por parte da Starbucks.
Já no Subway, apenas cinco unidades são de propriedade da empresa de Kenneth Pope, com as mais de 2 mil lojas restantes todas pertencendo a franqueados, que antes da aquisição já mantinham uma relação direta com a matriz.
“Para os franqueados mudaria apenas a gestão. No dia a dia, pouco muda”, afirma uma fonte que conhece a companhia.
Essa é uma das razões por trás da exclusão da rede de lanchonetes do pedido de recuperação judicial – um processo burocrático que poderia emperrar a transação. Como os investimentos são feitos pelos franqueados, a SouthRock apenas faz a gestão da operação e da expansão e o negócio não é deficitário. Mas a matriz está preocupada em quanto a crise da SouthRock pode pesar sobre os negócios. Apesar de Subway estar fora do pedido de RJ, há diversos avais em dívidas para a rede de fast food por parte da SouthRock que foram incluídos no processo.
Se concluída, a transação marcará a estreia da Cacau Show num novo negócio. Maior rede de chocolates do país, a Cacau Show soma hoje quatro mil lojas, entre próprias e franqueadas, mais que o dobro do que tinha há dois anos. Neste ano, a previsão é inaugurar entre 600 e 700 lojas. O faturamento foi de R$ 4 bilhões em 2022. A companhia já tem uma área de M&A e contratou a EY para prospectar novos negócios.
O Subway tem cerca de 2.000 lojas no Brasil, com um faturamento de cerca de R$ 2 bi, segundo uma fonte que conhece a operação.
Apesar de chocolate e frango teriaki a princípio parecerem uma combinação inusitada, há similaridades. A Cacau Show é conhecida por ser uma operadora de excelência no negócio de franquias – e ambos os negócios são de tíquete relativamente baixo. "Faz todo sentido a Cacau Show tocar essas operações", diz uma pessoa próxima às negociações, destacando a experiência do grupo de chocolates no varejo e na gestão de franquias.
Em agosto, o Subway global trocou de mãos, ao ser comprado pela gestora de private equity de Atlanta Roark Capital. Após uma expansão desenfreada do Subway mundo afora, Um dos mandatos à frente do negócio é fechar lojas deficitárias e aumentar a qualidade dos franqueados, focando naqueles com condições de manter bons pontos de venda.
No Brasil, a questão é que, na Cacau Show, o negócio é verticalizado, com a empresa controlando da fabricação ao ponto de venda. “A cadeia de fast food é muito mais complexa”, pondera o mesmo interlocutor.
Procurada, a Cacau Show afirmou que “não vai se pronunciar neste momento sobre o tema”. A matriz do Subway não respondeu o pedido de comentários da reportagem.
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Acompanhe:
Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado
Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.