A corrida das empresas pela sala de aula do futuro
A modernização das salas de aula é uma das saídas das empresas para aproveitar as sinergias criadas pela formação de grandes grupos donos de redes de educação
Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2016 às 10h15.
São Paulo - Depois de fazer quase 200 aquisições pelo país nos últimos dez anos, movimentando, por baixo, R$ 13 bilhões, as companhias privadas de educação disputam agora uma corrida tecnológica.
A transformação da sala de aula em um ambiente digital é uma das saídas encontradas pelas empresas para aproveitar as sinergias criadas pela formação de grandes grupos donos de redes de escolas e universidades. O conteúdo online é facilmente replicável, mas, para acessá-lo, a sala de aula tradicional precisa ser adaptada.
Escolas e universidades brasileiras já testam o uso de tablets, games e óculos de realidade virtual no processo de ensino. As empresas de material didático estão criando versões multimídia de seu conteúdo e se preparam para vendê-los por assinatura.
Em algumas salas de aula, o data show se transformou em uma TV conectada, capaz de trocar mensagens com os alunos. E há estudos de como montar bancos de dados sobre os estudantes para "prever" como eles se comportam e oferecer um conteúdo virtual personalizado.
O movimento é estratégico para as empresas de educação. A Kroton , maior empresa de educação do país, comprou no fim de 2015 a startup de tecnologia Studiare. Segundo o vice-presidente de inovação e negócios da Kroton, Paulo de Tarso, a Studiare vai dar suporte ao grupo para implementar uma solução chamada de "ensino adaptativo", uma das principais tendências nos grupos privados.
Por meio da tecnologia, o aluno terá acesso a conteúdos personalizados. Ele poderá, por exemplo, assistir a uma aula virtual de contabilidade e resolver questões online. Se o resultado mostrar que ele errou os cálculos, será direcionado a uma aula de reforço de matemática.
"Para o nosso negócio ser sustentável no longo prazo, temos de entregar um profissional de qualidade ao mercado. E precisamos da tecnologia para fazer isso com viabilidade financeira. Do contrário, a conta não fecha para o acionista", diz Tarso.
Para reforçar o projeto de ensino adaptativo, a Kroton faz pesquisas com a aplicação de games na educação e ferramentas de "big data" que permitem entender o comportamento do aluno e fornecer conteúdo personalizado.
Na Anima Educação há testes de currículos interdisciplinares, baseados em modelo de aula presencial e à distância. "A tecnologia permitirá personalizar a educação, mas com estratégia de massa", diz Rafael Ávila, diretor de inovação da Anima.
"Acreditamos que o aluno assume um papel mais ativo no processo de ensino e o professor, de orientador."
Na prática, o investimento em tecnologia viabilizará cursos universitários híbridos, parte presencial e parte virtual. "Há uma diluição forte do custo fixo, já que o maior custo das universidades é com professores. Isso trará ganho de margem", diz a analista de Educação da Fator Corretora, Juliana Heimbeck.
Para ela, investimentos em "ensino adaptativo" também trarão resultados para as empresas com a melhoria do desempenho dos alunos. "A evasão ainda é forte e uma das causas é a dificuldade em aprender".
Por trazerem redução de custo, Juliana não espera que os projetos de tecnologia dos grupos privados sejam cortados em meio à crise e à diminuição da verba no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) .
A consultoria PwC registrou 77 aquisições no setor de Educação em três anos.
"Agora, os grupos de ensino básico devem seguir essa tendência que já é forte no ensino superior", diz Alessandro Duarte, sócio da PwC. Para ele, o investimento em tecnologia é vital para integrar unidades e gerar ganhos de escala.
São Paulo - Depois de fazer quase 200 aquisições pelo país nos últimos dez anos, movimentando, por baixo, R$ 13 bilhões, as companhias privadas de educação disputam agora uma corrida tecnológica.
A transformação da sala de aula em um ambiente digital é uma das saídas encontradas pelas empresas para aproveitar as sinergias criadas pela formação de grandes grupos donos de redes de escolas e universidades. O conteúdo online é facilmente replicável, mas, para acessá-lo, a sala de aula tradicional precisa ser adaptada.
Escolas e universidades brasileiras já testam o uso de tablets, games e óculos de realidade virtual no processo de ensino. As empresas de material didático estão criando versões multimídia de seu conteúdo e se preparam para vendê-los por assinatura.
Em algumas salas de aula, o data show se transformou em uma TV conectada, capaz de trocar mensagens com os alunos. E há estudos de como montar bancos de dados sobre os estudantes para "prever" como eles se comportam e oferecer um conteúdo virtual personalizado.
O movimento é estratégico para as empresas de educação. A Kroton , maior empresa de educação do país, comprou no fim de 2015 a startup de tecnologia Studiare. Segundo o vice-presidente de inovação e negócios da Kroton, Paulo de Tarso, a Studiare vai dar suporte ao grupo para implementar uma solução chamada de "ensino adaptativo", uma das principais tendências nos grupos privados.
Por meio da tecnologia, o aluno terá acesso a conteúdos personalizados. Ele poderá, por exemplo, assistir a uma aula virtual de contabilidade e resolver questões online. Se o resultado mostrar que ele errou os cálculos, será direcionado a uma aula de reforço de matemática.
"Para o nosso negócio ser sustentável no longo prazo, temos de entregar um profissional de qualidade ao mercado. E precisamos da tecnologia para fazer isso com viabilidade financeira. Do contrário, a conta não fecha para o acionista", diz Tarso.
Para reforçar o projeto de ensino adaptativo, a Kroton faz pesquisas com a aplicação de games na educação e ferramentas de "big data" que permitem entender o comportamento do aluno e fornecer conteúdo personalizado.
Na Anima Educação há testes de currículos interdisciplinares, baseados em modelo de aula presencial e à distância. "A tecnologia permitirá personalizar a educação, mas com estratégia de massa", diz Rafael Ávila, diretor de inovação da Anima.
"Acreditamos que o aluno assume um papel mais ativo no processo de ensino e o professor, de orientador."
Na prática, o investimento em tecnologia viabilizará cursos universitários híbridos, parte presencial e parte virtual. "Há uma diluição forte do custo fixo, já que o maior custo das universidades é com professores. Isso trará ganho de margem", diz a analista de Educação da Fator Corretora, Juliana Heimbeck.
Para ela, investimentos em "ensino adaptativo" também trarão resultados para as empresas com a melhoria do desempenho dos alunos. "A evasão ainda é forte e uma das causas é a dificuldade em aprender".
Por trazerem redução de custo, Juliana não espera que os projetos de tecnologia dos grupos privados sejam cortados em meio à crise e à diminuição da verba no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) .
A consultoria PwC registrou 77 aquisições no setor de Educação em três anos.
"Agora, os grupos de ensino básico devem seguir essa tendência que já é forte no ensino superior", diz Alessandro Duarte, sócio da PwC. Para ele, o investimento em tecnologia é vital para integrar unidades e gerar ganhos de escala.