A bilionária empresa por trás do bicampeonato brasileiro do Palmeiras
Depois que se tornou patrocinadora do Palmeiras, em 2015, o patrimônio da empresa mais do que dobrou, de 2,1 bilhões de reais para 4,55 bilhões de reais
Karin Salomão
Publicado em 26 de novembro de 2018 às 16h46.
Última atualização em 26 de novembro de 2018 às 16h51.
A vitória do Palmeiras sobre o Vasco e a conquista do decacampeonato brasileiro, neste domingo, não alegrou apenas os torcedores. A empresária conselheira Leila Pereira também comemorou o título. No mesmo dia, anunciou que a Crefisa, empresa da qual é presidente e cujo marido,José Roberto Lamacchia,é o fundador, manterá o patrocínio ao clube por mais três anos.
É o período da gestão de Maurício Galiotte, reeleito presidente do Palmeiras no sábado e apoiado pela conselheira e patrocinadora. No ano passado, as despesas totais com doações e patrocínios ao Palmeiras foram de 143,3 milhões de reais, 67% a mais que os 86 milhões de reais do ano anterior, segundo a consultoria Sports Value, especializada em marketing esportivo. Os maiores apoiadores do clube são a Crefisa e outra empresa de Leila e , a Faculdade das Américas.
A previsão agora é que, até 2021, a financeira deverá injetar pelo menos 70 milhões de reais por ano no clube - mas a Crefisa tem se mostrado um patrocinador mais mão aberta que o estabelecido em contrato.
Depois que se tornou patrocinadora do Palmeiras, em 2015, o patrimônio da empresa mais do que dobrou, de 2,1 bilhões de reais para 4,55 bilhões de reais, no primeiro semestre deste ano, segundo seus balanços financeiros. A financeira teve lucro de 1,02 bilhão de reais em 2017. O valor é 7,3% menor que no ano anterior, mas ainda assim maior que muitos de seus concorrentes. No primeiro semestre deste ano, o lucro somou 368,6 milhões de reais.
Além da Crefisa, outro patrocinador do clube, a Faculdade das Américas, cresce em ritmo intenso. Se em 2014 o grupo educacional tinha 1.002 alunos, em 2017 eram mais de 12.500. Já o lucro, que foi de 63 milhões de reais em 2016, alcançou 105 milhões de reais em 2017, segundo a consultoria Atmã, especializada em educação.
A dependência do Palmeiras de seus patrocinadores é grande. O clube é disparado o que tem o maior faturamento com patrocinadores e o que mais depende destes valores. Em 2017, recebeu 131 milhões de reais de patrocinadores, o que corresponde a 26% de sua receita. O Flamengo é o segundo time mais dependente de patrocínios, que têm participação de 14% na receita (90 milhões de reais), segundo dados da consultoria Sports Value.
Em 2014, antes do contrato com a Crefisa, o Verdão recebia apenas 17 milhões de reais em patrocínio, cerca de 7% de suas receitas.“A Crefisa é a única empresa que gosta de gastar mais do que precisa para patrocinar um clube. Normalmente as marcas negociam ao máximo para gastar menos”, diz Amir Somoggi, fundador do Sports Value.
A relação entre Crefisa e Palmeiras levantou críticas da oposição do time, que na sexta-feira enviou uma carta afirmando que tem proposta de uma nova empresa para assumir o posto de patrocinador do time - e pagaria mais que a financeira.
O interessado seria a empresa "Blackstar International Limited", que trabalha com energia e bioenergia, tem sede em Hong Kong e Oriente Médio e pretende entrar no mercado brasileiro, de acordo com o Uol Esporte.
A Crefisa ganha com a visibilidade como patrocinadora do Palmeiras e atrai clientes com a promessa de oferecer crédito para quem está negativado e não encontra outras opções no mercado.
Como o risco desse tipo de crédito é alto, os juros também o são. A Crefisa é a terceira entre as instituições financeiras com a maior taxa de juros, de acordo com o Banco Central. No crédito pessoal não consignado, os juros são de 20,35% ao mês e 822,9% ao ano. A Pernambucanas, por exemplo, tem taxas de 15,99% ao mês, e a Midway, da Riachuelo, oferece crédito a 15,64% ao mês.
Ao assumir o risco do crédito para pessoas com nome sujo, a Crefisa se tornou a maior financeira do país em patrimônio líquido e conta com a maior margem bruta em seu segmento, de 79%. A empresa ainda atingiu crescimento aproximado de 30% na carteira e ganhou 28% mais clientes em 2017, segundo relatório elaborado pelo Estadão.
Em 2019, Leila e seu grupo empresarial continuarão de olho num objetivo triplo composto por mais crédito, mais alunos – e mais títulos.