A aposta da Creditas para manter o ritmo: financiar imóveis e veículos
A empresa é uma das estrelas de uma nova geração de startups que viram a possibilidade de reduzir os juros cobrados em um mercado altamente concentrado
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2019 às 10h41.
Última atualização em 25 de julho de 2019 às 11h19.
O espanhol Sergio Furio tem pressa em expandir a Creditas, empresa de crédito com garantia, fundada por ele em 2012. Em dois anos, a Creditas triplicou seu valor de mercado, passando de 250 milhões de dólares para 750 milhões, e o número de clientes cresceu quatro vezes. Se continuar nesse ritmo, a companhia deverá alcançar a marca de 1 bilhão de dólares de valor de mercado em pouco tempo, tornando-se o mais novo unicórnio (as startups avaliadas em sete dígitos) brasileiro.
A visão de Furio encontrou um terreno fértil neste Brasil de 2019. A expectativa do Ministério da Economia é aumentar a relação entre crédito e produto interno bruto até o fim do mandato do presidente Jair Bolsonaro, passando dos atuais 45% para 60% até 2022. O Banco Central também tem uma agenda para reduzir a concentração bancária, com licenças para que empresas possam atuar como intermediadoras de empréstimo.
A Creditas é uma das estrelas de uma nova geração de startups que viram a possibilidade de reestruturar a dívida das famílias e reduzir os juros cobrados em um mercado altamente concentrado. Furio decidiu explorar o nicho quando sua então namorada e atual mulher, Silvia, comentou que as taxas de juro chegavam a três dígitos por ano no Brasil.
Impressionado, ele desembarcou do outro lado do Atlântico e montou a Creditas. A startup chegou ao atual valor de mercado graças a um aporte de 200 milhões de dólares da gestora japonesa de investimentos SoftBank. A rodada de investimentos contou ainda com a captação de 31 milhões de dólares dos fundos Santander Innoventures, Amadeus Capital e Vostok Emerging Finance.
Ao todo, os 231 milhões de dólares recebidos pela Creditas na rodada mais recente equivalem a quase três vezes o montante que a empresa recebeu ao longo de sua história. Os planos para o dinheiro incluem reforçar o quadro de funcionários, investir em um polo tecnológico na Espanha, abrir uma operação no México (que tem desafios parecidos com os brasileiros) e atuar de forma inovadora em novos mercados.
Um deles é no financiamento imobiliário e de veículos. A ideia é colocar uma série de apartamentos e carros à disposição dos clientes, que vão pagar cerca de 20% mais nas prestações durante dois anos. Ao fim desse período, eles poderão comprar os bens descontando o total já desembolsado ou poderão devolvê-los, substituindo-os por modelos mais novos. “Por que escolher entre a compra e o aluguel quando se pode ter um produto financeiro que mistura os dois?”, diz Furio. Ainda não está definido se a Creditas terá uma carteira própria de veículos e de imóveis.
Mais detalhes sobre o plano de crescimento da Creditas e o boom de startups de crédito no Brasil na edição 1190 de Exame, disponível nas bancas e também em tablets e smartphones.