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6. Maurício Botelho - Presidente da Embraer, fabricante de aviões e maior empresa exportadora do país

Na década de 70, verificou-se a busca de diversificação de atividades por parte das empresas. Hoje, percorre-se o caminho inverso: as organizações procuram se concentrar em seus principais negócios. Isso é resultado de um momento econômico ou se trata de

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h27.

Há duas espécies de diversificação. Em PRODUTOS, SERVIÇOS e TECNOLOGIA; e diversificação GEOGRÁFICA. Muitas multinacionais tentaram ambas as formas. Isso não funciona, a não ser com um custo enorme e muita dificuldade (existem exceções, mas não muitas). O que se vê hoje é a concentração em produtos, serviços e tecnologias para possibilitar uma maior diversificação geográfica. Isso é especialmente verdadeiro na medida em que os principais mercados das grandes multinacionais estão saturados e provavelmente não crescerão - aliás, devem diminuir. Essas multinacionais têm, como regra, 75% de suas vendas em países desenvolvidos. Nos países em desenvolvimento, é muito comum a crença pela qual esses mercados são de grande importância para as principais multinacionais da América do Norte ou da Europa Ocidental. Isso é um equívoco total. Não há uma única empresa entre as 50 principais multinacionais - com exceção das companhias de petróleo - para a qual o conjunto dos países em desenvolvimento (incluindo o México e o Brasil) represente mais de 30% de suas vendas ou de suas receitas. Tome, por exemplo, duas gigantes americanas - General Electric e Procter & Gamble. Nos dois casos, os países desenvolvidos representam pelo menos 70% de suas vendas e 80% de suas receitas. Até mesmo para a Unilever européia, apesar de sua florescente e lucrativa subsidiária indiana, a Hindustani Unilever, os países desenvolvidos, como os da América do Norte e Europa ou o Japão, representam dois terços das vendas e uma proporção, no mínimo, igual de suas receitas. Mas os mercados nos países desenvolvidos estão saturados. A população está encolhendo - especialmente a taxa de formação de famílias (por causa da baixa taxa de natalidade), que é o fator isolado mais importante para o crescimento das vendas na área de bens de consumo. As oportunidades de crescimento estão nos países EMERGENTES - especialmente na China, apesar de todos os seus riscos. Daí a pressão para diversificação geográfica - e a conseqüente pressão para a concentração em produtos, serviços e tecnologia. E as empresas nas quais isso não pode ser feito com facilidade - em especial a indústria farmacêutica - estão diante de um verdadeiro dilema.

Permita-me acrescentar uma nota pessoal. Sou conhecido por meu grande interesse e conhecimento sobre a economia internacional. E, no entanto, em meu trabalho com grandes clientes - empresas americanas, européias, japonesas -, os problemas de países emergentes raramente surgem. A principal preocupação da direção dessas empresas são os países desenvolvidos. A título de exemplo, eu só consegui convencer a maioria dos meus grandes clientes a prestar mais atenção no mercado japonês depois de o Japão ter emergido como uma economia e um mercado totalmente desenvolvido, por volta da metade dos anos 70. Enquanto a população no mundo desenvolvido crescia rapidamente, como aconteceu até meados dos anos 80, e, especialmente, enquanto a taxa de formação de famílias nesses países crescia com rapidez (também até meados dos anos 80), os países desenvolvidos eram mercados muito mais lucrativos, cresciam mais rápido e apresentavam muito menos riscos do que os países em desenvolvimento. Nessa época, a diversificação de produtos e serviços fazia bastante sentido e era possível. Hoje, essas áreas estão saturadas. Qualquer futuro aumento populacional terá de ocorrer por imigração, e isso significa pessoas com poder de compra relativamente baixo. Então essas companhias vêem suas oportunidades de crescimento em países emergentes - Europa Oriental, México, sobretudo a China. (Elas têm problemas com o Brasil - a maioria se chamuscou demais por causa da instabilidade da moeda.) A concentração em produtos e serviços é o caminho certo.

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Há duas espécies de diversificação. Em PRODUTOS, SERVIÇOS e TECNOLOGIA; e diversificação GEOGRÁFICA. Muitas multinacionais tentaram ambas as formas. Isso não funciona, a não ser com um custo enorme e muita dificuldade (existem exceções, mas não muitas). O que se vê hoje é a concentração em produtos, serviços e tecnologias para possibilitar uma maior diversificação geográfica. Isso é especialmente verdadeiro na medida em que os principais mercados das grandes multinacionais estão saturados e provavelmente não crescerão - aliás, devem diminuir. Essas multinacionais têm, como regra, 75% de suas vendas em países desenvolvidos. Nos países em desenvolvimento, é muito comum a crença pela qual esses mercados são de grande importância para as principais multinacionais da América do Norte ou da Europa Ocidental. Isso é um equívoco total. Não há uma única empresa entre as 50 principais multinacionais - com exceção das companhias de petróleo - para a qual o conjunto dos países em desenvolvimento (incluindo o México e o Brasil) represente mais de 30% de suas vendas ou de suas receitas. Tome, por exemplo, duas gigantes americanas - General Electric e Procter & Gamble. Nos dois casos, os países desenvolvidos representam pelo menos 70% de suas vendas e 80% de suas receitas. Até mesmo para a Unilever européia, apesar de sua florescente e lucrativa subsidiária indiana, a Hindustani Unilever, os países desenvolvidos, como os da América do Norte e Europa ou o Japão, representam dois terços das vendas e uma proporção, no mínimo, igual de suas receitas. Mas os mercados nos países desenvolvidos estão saturados. A população está encolhendo - especialmente a taxa de formação de famílias (por causa da baixa taxa de natalidade), que é o fator isolado mais importante para o crescimento das vendas na área de bens de consumo. As oportunidades de crescimento estão nos países EMERGENTES - especialmente na China, apesar de todos os seus riscos. Daí a pressão para diversificação geográfica - e a conseqüente pressão para a concentração em produtos, serviços e tecnologia. E as empresas nas quais isso não pode ser feito com facilidade - em especial a indústria farmacêutica - estão diante de um verdadeiro dilema.

Permita-me acrescentar uma nota pessoal. Sou conhecido por meu grande interesse e conhecimento sobre a economia internacional. E, no entanto, em meu trabalho com grandes clientes - empresas americanas, européias, japonesas -, os problemas de países emergentes raramente surgem. A principal preocupação da direção dessas empresas são os países desenvolvidos. A título de exemplo, eu só consegui convencer a maioria dos meus grandes clientes a prestar mais atenção no mercado japonês depois de o Japão ter emergido como uma economia e um mercado totalmente desenvolvido, por volta da metade dos anos 70. Enquanto a população no mundo desenvolvido crescia rapidamente, como aconteceu até meados dos anos 80, e, especialmente, enquanto a taxa de formação de famílias nesses países crescia com rapidez (também até meados dos anos 80), os países desenvolvidos eram mercados muito mais lucrativos, cresciam mais rápido e apresentavam muito menos riscos do que os países em desenvolvimento. Nessa época, a diversificação de produtos e serviços fazia bastante sentido e era possível. Hoje, essas áreas estão saturadas. Qualquer futuro aumento populacional terá de ocorrer por imigração, e isso significa pessoas com poder de compra relativamente baixo. Então essas companhias vêem suas oportunidades de crescimento em países emergentes - Europa Oriental, México, sobretudo a China. (Elas têm problemas com o Brasil - a maioria se chamuscou demais por causa da instabilidade da moeda.) A concentração em produtos e serviços é o caminho certo.

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