WikiLeaks: há bombas de fragmentação americanas em solo britânico
Reino Unido autorizou governo americano a armazenar munições no seu território
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2010 às 13h15.
Londres - O governo britânico autorizou os Estados Unidos a armazenar bombas de fragmentação em seu solo, apesar do Reino Unido ser signatário de um tratado que proíbe este tipo de arma, segundo mensagem americana vazada pelo site WikiLeaks e publicada nesta quinta-feira pelo jornal The Guardian.
Washington, que se opõe à proibição das bombas com submunições, e Londres chegaram a um acordo para que o exército americano pudesse beneficiar-se de uma "isenção temporária" e armazenar assim suas BASM no território britânico.
"O deslocamento de bombas de fragmentação em barcos de Diego Garcia para aviões lá (...) exigirá uma isenção temporária", assinala a mensagem diplomática citada pelo jornal britânico.
A ilha de Diego Garcia no Oceano Índico é um território britânico de 27 km2 que abriga uma das bases aeronavais mais importantes no exterior. Serve de ponto de apoio para o exército americano para qualquer intervenção na Ásia Central e Golfo.
"Seria melhor que o governo americano e o governo de Sua Majestade (o governo britânico) não cheguem a um acordo final sobre este acerto temporária, enquanto o processo de ratificação (do tratado que proíbe as bombas de fragmentação) não esteja concluído no parlamento (britânico)", afirma um alto funcionário do ministério britânico das Relações Exteriores, Nicholas Pickard, citado numa mensagem que data de maio de 2009.
O Reino Unido assinou em dezembro de 2008 um tratado que proibia as bombas de fragmentação, devastadoras para as populações civis.
Essas bombas podem conter centenas de submunições que se dispersam num extenso perímetro sem que todas explodam, o que as converte de fato em minas antipessoais, proibidas pela Convenção de Ottawa de 1997.
Segundo a organização Handicap International, 100.000 pessoas, 98% das quais civis, morreram ou ficaram mutiladas pela explosão das submunições em todo o mundo desde 1965. Mais de 25% das vítimas são crianças que ficam intrigadas pelas formas e cores dessas bombas