Voo pode ter sumido por falta de oxigênio, diz pesquisador
A falta de oxigênio, causada por incêndio ou despressurização, é a hipótese mais factível para o desaparecimento do Boeing 777, disse especialista
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2014 às 13h32.
Madri - A falta de oxigênio, causada por um possível incêndio ou despressurização, é a hipótese mais factível para o desaparecimento do avião da Malaysia Airlines , explicou nesta quarta-feira à Agência Efe o porta-voz técnico do Sindicato Espanhol de Pilotos Aéreos (SEPLA), Ariel Schocrón.
Dois meses depois do desaparecimento do avião MH370 e de serem oficialmente encerradas as missões aéreas de busca na área do oceano Índico pelos destroços do aparelho, Schocrón ressaltou que "todas as hipótese continuam sendo válidas, mas o mais provável é que ele tenha caído no mar", após um acidente por hipoxia (falta de oxigênio).
Para este pesquisador de acidentes aéreos, passado todo este tempo "perdeu força a hipótese de que tenham aterrissado em alguma ilha remota, porque não teria muita lógica" e o mais provável é que tenha acontecido alguma falha na aeronave, como um incêndio ou a ruptura de uma janela, que tenha provocado uma falta de oxigênio e incapacitado a tripulação.
O Boeing 777, que partiu em 8 de março de Kuala Lumpur e deveria chegar em Pequim seis horas depois, desapareceu dos radares civis 40 minutos depois da decolagem, mas um radar militar das Forças Armadas da Malásia detectou um avião não identificado uma hora depois na rota para a península de Malaca.
A explicação para esta mudança de rumo, para Schocrón, é que "quando acontece uma falha no avião, o normal é que a tripulação tente voltar ao aeroporto base, ao seu país". E opina que, após um possível incêndio ou ruptura, os pilotos tentavam encontrar um "ponto conhecido" onde aterrissar.
No entanto, a aeronave foi detectada por um satélite espacial sete horas depois sobrevoando o oceano Índico, ao oeste da Austrália.
Segundo este especialista em aviação, "se a tripulação não tiver colocado máscaras de oxigênio ou se o oxigênio acabou e morreram, o avião, se não sofreu danos graves ou explosões, pode ter voado no piloto automático pelo último trajeto designado".
Schocrón também considera improvável uma ação deliberada "suicida ou terrorista" da tripulação, embora "até que sejam encontrados os restos do avião ou as caixas-pretas, todas as hipótese ficam abertas e nenhuma é descartável".
A busca continua, e as autoridades malaias e australianas insistem em continuar a procuraro Boeing 777 com drones (aviões não tripulados) e sonares na zona do oceano Índico onde foram detectados sinais parecidos aos de uma caixa-preta.
Para Schocrón , a operação de busca está no caminho certo: "o mais lógico é continuar buscando onde os últimas sinais foram emitidos. O fato de que se tenha perdido o rastro indicaria que as baterias esgotara,, mas esse tipo de sinal tão específico só pode ser das balizas".
As caixas-pretas darão a resposta ao acidente, já que "se os gravadores estiverem intactos, terão aguentado perfeitamente. No caso do acidente da Air France, em 2009, as caixas-pretas ficaram dois anos e meio submersas a oito mil metros de profundidade, mesmo assim se conseguiu baixar toda a informação".
Além disso, por causa do desaparecimento do avião de Malaysia Airlines, organizações internacionais como a Federação Internacional de Associações de Pilotos de Companhias Aéreas propuseram medidas para melhorar a localização das aeronaves em caso de acidente.
"Os gravadores e as antenas das balizas da caixa-preta são tecnologias dos anos 70 e já existem outras disponíveis que facilitariam as tarefas de busca", apontou, e ponderou que se tratam de umas mudanças difíceis porque "a indústria se opõe pelo alto custo que isso significaria".
"Claro, embora haja alguns precedentes semelhantes, este acidente quebrou todos os esquemas. Se conseguirem encontra-lo, a investigação durará muito tempo", concluiu.
Mortes: 583 pessoas Quando: Em 1977, na Espanha (Ilhas Canárias) O que aconteceu: Em 27 de março, uma bomba explodiu no aeroporto de Gran Canaria, em uma das Ilhas Canárias. Com a ameaça de uma segunda bomba, vários voos foram desviados para o aeroporto de Los Rodeos, na ilha de Tenerife. Por conta de erros e confusão no controle das decolagens e aterrissagens, dois Boeing 747 - um da KLM Royal Dutch Airlines e outro da Pan American World Airways - se chocaram próximos ao solo do aeroporto. No avião da KLM, os 248 passageiros morreram. No avião da Pam Am, 335 dos 396 passageiros morreram.
Mortes: 520 pessoas Quando: Em 1985, no Japão O que aconteceu: Em 1978 a aeronave Boeing 747SR sofreu um dano sério na fuselagem durante um voo, mas foi reparada pelo equipe da Boeing, que garantiu a sua segurança. O caso, contudo, foi decisivo para o acidente fatal, sete anos depois. Em 12 de agosto, a aeronave da Japan Air Lines saiu de Tóquio com destino a Osaka. Pouco depois de decolar, o aparelho traseiro que controla a pressão explodiu - na mesma área do acidente de 1978 - , causando sérios danos a aeronave. O avião perdeu altitude e caiu. A explosão matou 520 dos 524 ocupantes.
Mortes: 349 pessoas Quando: Em 1996, na Índia O que aconteceu: O acidente em 12 de novembro foi uma colisão entre duas aeronaves na região de Charkhi Dadri, na Índia. O Boeing 747-100B da Saudi Arabian Airlines e o Ilyushin Il-76, da Kazakhstan Airlines, se chocaram e mataram todos a bordo em ambos os voos. Investigações mostraram que houve falhas na comunicação entre as duas aeronaves e que o avião da Kazakhstan Airlines, em determinado momento, reduziu a sua altura de voo sem autorização e aviso.
Mortes: 346 pessoas Quando: Em 1974, na França O que aconteceu: Em 3 de março, o voo 981 da Turkish Airlines saiu de Istambul com destino a Londres. Em Paris, ele fez uma escala e seguiu viagem. Na região de Paris, na floresta de Ermenonville, ele caiu e matou as 346 pessoas a bordo. Uma escotilha traseira se danificou e houve despressurização. Os pilotos perderam o controle da aeronave, que caiu.
Mortes: 329 pessoas Quando: Em 1985, no Oceano Atlântico O que aconteceu: O voo 181/182 da Air-India chegou em Toronto, no Canadá, depois de voar por Bombaim, Delhi e Frankfurt. Ali, ele sofreu um pequeno reparo na asa esqueda. O voo partiu então para Montreal, onde chegou em segurança. O voo mudou de 181 para 182 e se preparou para voltar para Bombaim, com paradas em Londres e Delhi. Em 23 de junho, no caminho de Londres, no Oceano Atlântico, uma explosão aconteceu no compartimento de carga. O avião se dividiu em dois antes de atingir o mar e matar todos os 329 passageiros. A explosão foi causada por uma bomba. Reportagens mostraram que um passageiro despachou a sua bagagem, mas não embarcou. A suspeita é que extremistas Sikh, que lutam na Índia , tenham promovido o atentado .
Mortes: 301 pessoas Quando: Em 1980, na Arábia Saudita O que aconteceu: O avião da Saudia Arabian Airlines fazia um voo doméstico entre o Riyadh International Airport e o Jeddah-King Abdulaziz International Airport. Em 19 de agosto, assim que decolou de Riyadh, ele pegou fogo e fez um pouso de emergência. Mas as 301 pessoas a bordo morreram.
Mortes: 290 pessoas Quando: Em 1988, no Oceano Índico O que aconteceu: No dia 3 de julho, o voo civil da Iran Air viajava entre Teerã, no Irã , e Dubai, nos Emirados Árabes , quando foi atingido por um míssil americano, disparado por um cruzador da Marinha americana, o USS Vincennes. O governo americano alegou que suspeitou do avião e não sabia que transportava civis. O fato gerou uma crise diplomática. A Corte Internacional de Justiça condenou os Estados Unidos a pagar 61,8 milhões de dólares em indenizações para as famílias.
Mortes: 275 pessoas Quando: Em 2003, no Irã O que aconteceu: Em 19 de fevereiro, o Ilyushin Il-76, do exército iraniano, caiu na região montanhosa de Kerman, matando os seus 275 ocupantes. As causas do acidente ainda não são claras. As condições do tempo eram péssimas no momento do acidente, o que pode ter causado problemas na aeronave. Mas o fato de que esse tipo aeronave costuma suportar menos de 200 pessoas levantou a suspeita de que, na verdade, teria ocorrido uma colisão no ar com outro avião. O grupo extremista Abu-Bakr, sem muitos detalhes, disse que tinha sido o responsável pelo acidente.
Mortes: 271 pessoas Quando: Em 1979, nos Estados Unidos O que aconteceu: O voo 191 da American Airlines voaria em 25 de maio do Aeroporto Internacional O'Hare, em Chicago, para Los Angeles. Assim que decolou em Chicago, ele perdeu o controle e caiu, matando os 271 passageiros e outras duas pessoas no solo.
Mortes: 269 pessoas Quando: Em 1983, no Oceano Pacífico O que aconteceu: Em 1º de setembro, o voo entre Nova York e Seul passava pelo Mar do Japão quando foi atingido por mísseis de um navio da Marinha soviética. Todos os 269 passageiros morreram na hora. Entre os passageiros, estava o congressista americano Lawrence McDonald, o que causou uma crise diplomática entre os dois rivais da Guerra Fria. Os soviéticos negaram, no começo, qualquer envolvimento com o acidente. Depois, admitiram o acidente, mas alegaram que o avião tinha invadido o espaço aéreo deles, na região do Alasca.