Volkswagen fecha acordo com sindicatos para cortar 35 mil postos de trabalho na Alemanha
Acordo prevê cortes gradativos até 2030, mudanças na produção e economia anual de 15 bilhões de euros, sem fechamento imediato de fábricas
Redação Exame
Publicado em 21 de dezembro de 2024 às 08h27.
A Volkswagen anunciou um acordo com sindicatos para cortar 35 mil postos de trabalho na Alemanha e reduzir sua capacidade produtiva. A decisão foi tomada após 70 horas de negociações intensas para evitar greves massivas, segundo informações apuradas pela agência Reuters.
O acordo, que prevê cortes graduais até 2030, foi considerado um marco para a empresa, que busca se adaptar à concorrência crescente de rivais chineses e à demanda enfraquecida por veículos elétricos na Europa.
Acordo evita greves e mantém fábricas abertas
Definido como “milagre de Natal” pelos sindicatos, o anúncio não prevê demissões imediatas nem o fechamento de unidades, assegurando a manutenção do contrato coletivo de trabalho por longo prazo.
No entanto, a fábrica de Dresden terá a produção encerrada até o final de 2025, enquanto a unidade de Osnabrueck será reestruturada e poderá ser vendida. A produção em Wolfsburg, maior planta da montadora, será reduzida de quatro para duas linhas de montagem.
Ainda de acordo com a Reuters, o CEO do grupo Volkswagen, Oliver Blume, afirmou que as medidas estabelecem “um curso decisivo para o futuro da empresa em termos de custos, capacidades e estruturas”.
O plano deve gerar uma economia anual de 15 bilhões de euros no médio prazo, sem impactos significativos nas projeções financeiras para 2024.
Repercussões e impactos no mercado
A notícia agradou investidores, com as ações da Volkswagen subindo 2,4% após o anúncio. Apesar disso, o mercado permanece cauteloso.
Analistas acreditam que os cortes podem não ser suficientes para enfrentar a estagnação do mercado europeu. Matthias Schmidt, especialista no setor automotivo, afirmou que o tempo necessário para implementar as mudanças pode reduzir sua eficácia.
A Reuters destacou ainda que o acordo foi bem recebido pelo acionista majoritário Porsche SE e pelo chanceler Olaf Scholz , que considerou a solução “socialmente aceitável”.
No entanto, o cenário político e econômico da Alemanha, em meio a uma campanha eleitoral antecipada , segue como um fator de pressão sobre a montadora e outras empresas do setor.
Contexto e desafios
A crise enfrentada pela Volkswagen reflete um momento de incerteza para o mercado automotivo europeu. Greves recentes, que mobilizaram 100 mil trabalhadores em dois protestos, foram determinantes para o desfecho das negociações. Estimativas do UBS indicam que cada dia de paralisação poderia gerar perdas de até 100 milhões de euros em receita.
A situação da Volkswagen não é isolada. Outros fabricantes europeus também têm adotado medidas para reduzir custos, enfrentando pressão por preços mais competitivos.
Segundo Alexander Krueger, economista-chefe do Hauck Aufhaeuser Lampe Privatbank, o acordo representa um compromisso “aceitável”, mas ajustes adicionais podem ser necessários no futuro.
O desafio da Volkswagen será equilibrar a redução de custos com a manutenção de sua relevância em um mercado em transformação, enquanto enfrenta a expectativa de investidores e de seus 300 mil funcionários na Alemanha.