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Vizinhos da Síria pedem ação a ONU

O principal órgão internacional de segurança escutou os problemas sofridos por Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque para enfrentar a ''tragédia humanitária''

Mulher caminha entre casas destruídas na cidade de Azaz, norte da Síria (Phil Moore/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2012 às 21h56.

Nações Unidas - Os países vizinhos da Síria , sobrecarregados com o grande fluxo de refugiados que chegam a suas fronteiras, pediram nesta quinta-feira, liderados pela Turquia, que o Conselho de Segurança da ONU ponha fim a suas divergências e atue para refrear o conflito sírio e atenuar a crise humanitária.

O principal órgão internacional de segurança escutou hoje em primeira mão os problemas sofridos por Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque para enfrentar a ''tragédia humanitária'' que vivem os refugiados sírios que fogem do país e recorrem a seus vizinhos para escapar do conflito que castiga a Síria desde março de 2011.

Esses países, representados na ONU em nível ministerial, fizeram um pedido de socorro ao organismo internacional, e concretamente ao Conselho de Segurança, para que deixe de lado a inércia em que está imerso e atue unido para tomar decisões que freiem o conflito e suas consequências humanitárias.

Os Estados participaram, com os membros do Conselho, de uma reunião de cúpula ministerial presidida pela França e centrada no aspecto humanitário da crise.

No encontro esteve o novo representante especial do órgão, Lakhdar Brahimi, e as palavras mais duras vieram do ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu.

O chefe da diplomacia turca lamentou a ''ausência de ações e determinação'' que o Conselho de Segurança mostrou desde o início do conflito para ''pôr fim à brutalidade e ao banho de sangue na Síria'', e manifestou seu mal-estar pelo fato de a reunião de hoje não ter gerado ''nem um comunicado nem uma resolução''.

''Me animou que a dimensão humanitária (da crise) chegasse à agenda do Conselho e esperava que atuaria finalmente em uníssono, dando passos necessários há muito tempo. Aparentemente estava enganado'', disse Davutoglu, ''consternado'' perante a ausência de ministros de vários países, como Estados Unidos, Rússia e China.


Estiveram presentes os chanceleres da França, Laurent Fabius, e R.Unido, William Hague, que anunciaram separadamente um aumento da ajuda humanitária para os sírios, assim como a chanceler colombiana, María Ángela Holguín.

Todos eles reconheceram o esforço dos países vizinhos ao deixar abertas suas fronteiras para os refugiados, que somam 150 mil na Jordânia, 80 mil na Turquia, 57 mil no Líbano e 18 mil no Iraque, segundo os últimos dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, António Guterres, que também participou da cúpula.

O ministro turco lamentou que o Conselho ''seja incapaz novamente de apresentar uma proposta unida para deter a tragédia humanitária'', e questionou ''quanto a ONU vai a esperar'' para agir, antes que Bashar al Assad apague do mapa ''uma geração inteira de sírios''.

''Querem repetir os erros dos anos 1990?'', questionou Davutoglu, que, diante dessa falta de ação do Conselho, propôs uma série de ações, além da criação de ''zonas de amortecimento'' ou corredores humanitários, para enfrentar a tragédia humanitária.

Pediu, assim, que o organismo internacional construa ''sem demora'' acampamentos dentro da Síria para acolher os deslocados pelo conflito e frear o fluxo de pessoas que cruzam as fronteiras.

''O foco da atenção deveria ser o problema dos deslocados internos'', disse o turco, que convidou o Conselho a visitar os campos de refugiados nos países vizinhos ''para que tenham informação de primeira mão sobre a situação''.

Além disso, pediu uma ''resposta unificada'' do Conselho para ''deter os bombardeios aéreos indiscriminados sobre zonas residenciais, que levam os cidadãos a abandonar suas casas''.


A Turquia já recebeu mais de 80 mil refugiados sírios, disse o ministro, que detalhou que há outros 10 mil ''esperando abrigo em nossas fronteiras'', enquanto assinalou que o fluxo de entrada diária ao país é de cerca de 4 mil pessoas.

''A Jordânia é o vizinho mais próximo à Síria e essa tragédia nos afeta. Pedimos ao Conselho medidas para acabar com a crise humanitária'', disse o ministro das Relações Exteriores jordaniano, Nasser Yudeh, que reconheceu problemas para abrigar refugiados e advertiu que em breve a situação ''superará a capacidade'' de seu país e poderia resultar em ''problemas sociais e de segurança''.

As queixas da Turquia e dos outros países foram feitas enquanto o Conselho de Segurança está dividido depois que a Rússia e a China vetaram por três vezes propostas ocidentais respaldadas pelos países árabes para aumentar a pressão sobre Assad, o que foi lembrado também pela França, o R.Unido e os EUA

''O povo sírio sabe que países estão apoiando suas aspirações legítimas e que está apoiando um regime repressivo'', ressaltou a embaixadora americana, Susan Rice, que advertiu que o mundo se lembrará de ''quem esteve do lado errado da história''.

Susan disse que os EUA continuarão auxiliando a oposição síria, ajuda que já supera os US$ 82 milhões, mas defendeu que ''não estamos perante uma crise de raízes humanitárias, mas uma crise política causada pela crueldade do regime de Assad''.

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Nações Unidas - Os países vizinhos da Síria , sobrecarregados com o grande fluxo de refugiados que chegam a suas fronteiras, pediram nesta quinta-feira, liderados pela Turquia, que o Conselho de Segurança da ONU ponha fim a suas divergências e atue para refrear o conflito sírio e atenuar a crise humanitária.

O principal órgão internacional de segurança escutou hoje em primeira mão os problemas sofridos por Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque para enfrentar a ''tragédia humanitária'' que vivem os refugiados sírios que fogem do país e recorrem a seus vizinhos para escapar do conflito que castiga a Síria desde março de 2011.

Esses países, representados na ONU em nível ministerial, fizeram um pedido de socorro ao organismo internacional, e concretamente ao Conselho de Segurança, para que deixe de lado a inércia em que está imerso e atue unido para tomar decisões que freiem o conflito e suas consequências humanitárias.

Os Estados participaram, com os membros do Conselho, de uma reunião de cúpula ministerial presidida pela França e centrada no aspecto humanitário da crise.

No encontro esteve o novo representante especial do órgão, Lakhdar Brahimi, e as palavras mais duras vieram do ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu.

O chefe da diplomacia turca lamentou a ''ausência de ações e determinação'' que o Conselho de Segurança mostrou desde o início do conflito para ''pôr fim à brutalidade e ao banho de sangue na Síria'', e manifestou seu mal-estar pelo fato de a reunião de hoje não ter gerado ''nem um comunicado nem uma resolução''.

''Me animou que a dimensão humanitária (da crise) chegasse à agenda do Conselho e esperava que atuaria finalmente em uníssono, dando passos necessários há muito tempo. Aparentemente estava enganado'', disse Davutoglu, ''consternado'' perante a ausência de ministros de vários países, como Estados Unidos, Rússia e China.


Estiveram presentes os chanceleres da França, Laurent Fabius, e R.Unido, William Hague, que anunciaram separadamente um aumento da ajuda humanitária para os sírios, assim como a chanceler colombiana, María Ángela Holguín.

Todos eles reconheceram o esforço dos países vizinhos ao deixar abertas suas fronteiras para os refugiados, que somam 150 mil na Jordânia, 80 mil na Turquia, 57 mil no Líbano e 18 mil no Iraque, segundo os últimos dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, António Guterres, que também participou da cúpula.

O ministro turco lamentou que o Conselho ''seja incapaz novamente de apresentar uma proposta unida para deter a tragédia humanitária'', e questionou ''quanto a ONU vai a esperar'' para agir, antes que Bashar al Assad apague do mapa ''uma geração inteira de sírios''.

''Querem repetir os erros dos anos 1990?'', questionou Davutoglu, que, diante dessa falta de ação do Conselho, propôs uma série de ações, além da criação de ''zonas de amortecimento'' ou corredores humanitários, para enfrentar a tragédia humanitária.

Pediu, assim, que o organismo internacional construa ''sem demora'' acampamentos dentro da Síria para acolher os deslocados pelo conflito e frear o fluxo de pessoas que cruzam as fronteiras.

''O foco da atenção deveria ser o problema dos deslocados internos'', disse o turco, que convidou o Conselho a visitar os campos de refugiados nos países vizinhos ''para que tenham informação de primeira mão sobre a situação''.

Além disso, pediu uma ''resposta unificada'' do Conselho para ''deter os bombardeios aéreos indiscriminados sobre zonas residenciais, que levam os cidadãos a abandonar suas casas''.


A Turquia já recebeu mais de 80 mil refugiados sírios, disse o ministro, que detalhou que há outros 10 mil ''esperando abrigo em nossas fronteiras'', enquanto assinalou que o fluxo de entrada diária ao país é de cerca de 4 mil pessoas.

''A Jordânia é o vizinho mais próximo à Síria e essa tragédia nos afeta. Pedimos ao Conselho medidas para acabar com a crise humanitária'', disse o ministro das Relações Exteriores jordaniano, Nasser Yudeh, que reconheceu problemas para abrigar refugiados e advertiu que em breve a situação ''superará a capacidade'' de seu país e poderia resultar em ''problemas sociais e de segurança''.

As queixas da Turquia e dos outros países foram feitas enquanto o Conselho de Segurança está dividido depois que a Rússia e a China vetaram por três vezes propostas ocidentais respaldadas pelos países árabes para aumentar a pressão sobre Assad, o que foi lembrado também pela França, o R.Unido e os EUA

''O povo sírio sabe que países estão apoiando suas aspirações legítimas e que está apoiando um regime repressivo'', ressaltou a embaixadora americana, Susan Rice, que advertiu que o mundo se lembrará de ''quem esteve do lado errado da história''.

Susan disse que os EUA continuarão auxiliando a oposição síria, ajuda que já supera os US$ 82 milhões, mas defendeu que ''não estamos perante uma crise de raízes humanitárias, mas uma crise política causada pela crueldade do regime de Assad''.

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