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Viúva condenada à morte pede perdão em TV estatal do Irã

Na reportagem, Sakineh Ashtiani admite ter pecado e sido enganada por advogados

Iranianos exilados em Berlim protestam contra apedrejamento de Sakineh Ashtiani (Sean Gallup/Getty Images)

Iranianos exilados em Berlim protestam contra apedrejamento de Sakineh Ashtiani (Sean Gallup/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2010 às 09h27.

Brasília - A TV estatal iraniana PressTV exibiu ontem (15) uma reportagem com uma mulher identificada como Sakineh Ashtiani, de 43 anos, que foi condenada à morte por adultério e homicídio – na qual ela disse ter “pecado” e sido enganada por advogados. No vídeo, a mulher afirmou que o primo do marido a convenceu a matar o cônjuge com a promessa de que ela teria uma “vida livre”. As informações são da BBC Brasil.

A reportagem acusa a ativista Mina Ahadi, principal integrante do Comitê Internacional contra Apedrejamento (órgão que luta pela libertação de Sakineh), de tentar obter vantagens pessoais com o caso – Ahadi é militante de um grupo comunista opositor ao governo iraniano.

Depois de exibir as imagens de Ahadi, a mulher identificada como Sakineh reaparece no vídeo e afirma que: “Senhora Mina Ahadi, isso não é da sua conta. Eu cometi um pecado.”

Mãe de dois filhos, Sakineh foi condenada à morte em 2006 por apedrejamento. Mas, no fim de setembro deste ano, o procurador-geral do país, Gholam-Hossein Mohseni-Ejei, sinalizou que a sentença se converteria em enforcamento e não mais apedrejamento.

O caso de Sakineh ganhou repercussão internacional em julho e rendeu críticas severas ao governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, por violação dos direitos humanos. A Suprema Corte do Irã está analisando o caso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apelou para a suspensão da pena e ofereceu a Sakineh estada no Brasil.


Em agosto, a TV estatal iraniana exibiu o que dizia ser uma confissão de Sakineh. Durante a transmissão, a mulher identificada como a iraniana dizia ter conspirado para matar o marido e acusava o advogado Mohammed Mostafai – que deixou o Irã com a família afirmando que estavam sob ameaças – de interferir indevidamente em seu caso.

Imagens distorcidas identificadas como sendo de Sajjad Qaderzadeh, um dos filhos de Sakineh, também são mostradas. Nelas, ele diz que Ahadi o apresentou a Mohamad Mostafai, o primeiro advogado de Sakineh.

“Mostafai não teve um papel positivo. Primeiro, ele tornou a questão internacional e deixou todos a par dela. Nossos parentes não sabiam do caso e agora sabem. Na minha opinião, perdemos o respeito por causa de Mostafai. Ele fugiu e buscou asilo político”, disse o jovem.

O rapaz identificado como o filho de Sakineh afirmou ter sido ludibriado também por Huatan Kian, o segundo advogado da mãe. “Ele [Kian] nos pediu que disséssemos que ela havia sido torturada e que não estava autorizada a receber visitas. Tudo o que eu disse à imprensa estrangeira era mentira”, afirma.

“Não consegui nada de Hutan Kian. Ele mentiu para mim. Ele costumava dizer ‘vocês viram Asthiani na TV? É por minha causa’”, acrescentou a mulher identificada como Sakineh. A reportagem menciona dois cidadãos alemães presos no Irã acusados de tentar entrevistar o filho de Sakineh.

Um dos alemães diz, com dublagem em farsi (idioma falado no Irã), que processará Ahadi quando regressar à Alemanha. “Eu não sabia nada desse caso. Mas Ahadi sabia e, já que poderia se beneficiar da propaganda da minha prisão, me enviou ao Irã”, disse. “Eu concordo que cometi um erro porque não estava ciente e fui enganado por Ahadi”, completa outro alemão.

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