Vitória olímpica impulsiona Abe, mas Fukushima assombra
Vitória anteviu impulso econômico após duas décadas de estagnação e um incentivo para recuperar o país
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2013 às 10h01.
Tóquio - O Japão saboreou nesta segunda-feira a vitória na disputa para receber a Olimpíada de 2020, antevendo um impulso econômico após duas décadas de estagnação e um incentivo para recuperar o país depois da devastadora conjunção de terremoto, tsunami e acidente nuclear em 2011.
O primeiro-ministro Shinzo Abe foi amplamente recompensado na ousada aposta pessoal do seu envolvimento direto na candidatura. Mas ele voltou a ser contestado por ter dito que a crise na usina nuclear de Fukushima está controlada.
Mesmo assim, Abe surge como o grande vencedor. A forte valorização de ações de empresas japonesas sugere que a vitória de Tóquio sobre as rivais Madri e Istambul será uma dádiva para a confiança nacional japonesa, o que vem sendo um ingrediente-chave para as políticas do premiê para o estímulo ao crescimento econômico.
O comitê organizador prevê que o Japão, terceira maior economia mundial, receberá um estímulo equivalente a mais de 30 bilhões de dólares, com a criação de 150 mil empregos. O índice Nikkei da bolsa local teve alta de 2,5 por cento na segunda-feira, e alguns analistas preveem uma valorização em curto prazo de até 10 por cento. Os exemplos de Londres e Atenas como sedes de 2012 e 2004, respectivamente, sugerem que o movimento de alta nas bolsas dura de um a três meses após a definição como sede olímpica.
Mas Tóquio, que recebeu a primeira Olimpíada da Ásia, em 1964, começa os preparativos para 2020 em meio à pior crise nuclear da humanidade desde 1986, a apenas 230 quilômetros ao norte da capital japonesa.
A Tepco, empresa que opera a usina de Fukushima, recentemente admitiu que centenas de toneladas de água radiativa estão sendo despejadas diariamente no mar. O nível de radiação perto de tanques com vazamentos disparou, e a empresa manifestou a preocupação de contaminação do lençol freático.
Abe disse em Buenos Aires, onde ocorreu a sessão do COI, que a usina está "sob controle".
"Eu gostaria de declarar claramente que não houve, não há e não haverá nenhum problema de saúde", disse o premiê conservador em entrevista coletiva. "Além do mais, o governo já decidiu um programa para garantir que não haja absolutamente nenhum problema, e já começamos." O governo prometeu na semana passada quase meio bilhão de dólares para recuperar o entorno da usina, e críticos dizem que a verba estava associada à definição da sede olímpica.
Mas uma pesquisa publicada no fim de semana pelo jornal Asahi mostrou que 72 por cento dos entrevistados acham que a resposta do governo foi tardia demais, e que 95 por cento consideram Fukushima um problema sério.
Mesmo entre os cerca de 2.000 japoneses que comemoraram a vitória de Tóquio, na madrugada de domingo (hora local), havia ceticismo quanto à situação de Fukushima.
"A Tepco não foi clara sobre várias coisas, e talvez agora haja suficiente pressão externa para que o assunto seja minuciosamente cuidado", disse Yumiko Okada, 51 anos. "Agora, os olhos do mundo estarão observando."
Tóquio - O Japão saboreou nesta segunda-feira a vitória na disputa para receber a Olimpíada de 2020, antevendo um impulso econômico após duas décadas de estagnação e um incentivo para recuperar o país depois da devastadora conjunção de terremoto, tsunami e acidente nuclear em 2011.
O primeiro-ministro Shinzo Abe foi amplamente recompensado na ousada aposta pessoal do seu envolvimento direto na candidatura. Mas ele voltou a ser contestado por ter dito que a crise na usina nuclear de Fukushima está controlada.
Mesmo assim, Abe surge como o grande vencedor. A forte valorização de ações de empresas japonesas sugere que a vitória de Tóquio sobre as rivais Madri e Istambul será uma dádiva para a confiança nacional japonesa, o que vem sendo um ingrediente-chave para as políticas do premiê para o estímulo ao crescimento econômico.
O comitê organizador prevê que o Japão, terceira maior economia mundial, receberá um estímulo equivalente a mais de 30 bilhões de dólares, com a criação de 150 mil empregos. O índice Nikkei da bolsa local teve alta de 2,5 por cento na segunda-feira, e alguns analistas preveem uma valorização em curto prazo de até 10 por cento. Os exemplos de Londres e Atenas como sedes de 2012 e 2004, respectivamente, sugerem que o movimento de alta nas bolsas dura de um a três meses após a definição como sede olímpica.
Mas Tóquio, que recebeu a primeira Olimpíada da Ásia, em 1964, começa os preparativos para 2020 em meio à pior crise nuclear da humanidade desde 1986, a apenas 230 quilômetros ao norte da capital japonesa.
A Tepco, empresa que opera a usina de Fukushima, recentemente admitiu que centenas de toneladas de água radiativa estão sendo despejadas diariamente no mar. O nível de radiação perto de tanques com vazamentos disparou, e a empresa manifestou a preocupação de contaminação do lençol freático.
Abe disse em Buenos Aires, onde ocorreu a sessão do COI, que a usina está "sob controle".
"Eu gostaria de declarar claramente que não houve, não há e não haverá nenhum problema de saúde", disse o premiê conservador em entrevista coletiva. "Além do mais, o governo já decidiu um programa para garantir que não haja absolutamente nenhum problema, e já começamos." O governo prometeu na semana passada quase meio bilhão de dólares para recuperar o entorno da usina, e críticos dizem que a verba estava associada à definição da sede olímpica.
Mas uma pesquisa publicada no fim de semana pelo jornal Asahi mostrou que 72 por cento dos entrevistados acham que a resposta do governo foi tardia demais, e que 95 por cento consideram Fukushima um problema sério.
Mesmo entre os cerca de 2.000 japoneses que comemoraram a vitória de Tóquio, na madrugada de domingo (hora local), havia ceticismo quanto à situação de Fukushima.
"A Tepco não foi clara sobre várias coisas, e talvez agora haja suficiente pressão externa para que o assunto seja minuciosamente cuidado", disse Yumiko Okada, 51 anos. "Agora, os olhos do mundo estarão observando."