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Visita de Obama é chance para ampliar relações, afirmam cientistas políticos

Mudança da política externa brasileira para defesa dos direitos humanos pode facilitar o diálogo com os norte-americanos

A inclusão do Brasil no roteiro da primeira visita de Obama à América do Sul mostra que os americanos sabem a importância econômica e estratégica do país na região (Getty Images)

A inclusão do Brasil no roteiro da primeira visita de Obama à América do Sul mostra que os americanos sabem a importância econômica e estratégica do país na região (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2011 às 07h47.

Brasília – A primeira visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil é vista como uma oportunidade para brasileiros e norte-americanos conversarem sobre negócios e ampliar as relações entre os dois país, segundo avaliação de especialistas ouvidos pela Agência Brasil.

Para os analistas, a presidenta Dilma Rousseff e sua equipe devem aproveitar os encontros para tentar reverter o déficit na balança com os Estados Unidos, em que o Brasil importa mais do que vende. A questão energética parece ser um bom caminho a seguir. Segundo os especialistas, os norte-americanos sinalizam interesse nas reservas de petróleo do pré-sal e na produção de biocombustíveis. Além disso, os Estados Unidos veem o Brasil como um país seguro para ter negócios, diferente de nações do Oriente Médio que, com frequência, enfrentam conflitos, colocando em risco a oferta mundial de óleo combustível.

“O Brasil é um país tranquilo para fazer negócio. Os Estados Unidos têm interesse em se fixar como compradores de petróleo e nós como vendedores”, disse o professor de relações internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Flávio de Oliveira.

A avaliação é que a vinda de Obama é apenas o início das conversas e que está longe de o governo norte-americano abrir mão de medidas protecionistas que hoje dificultam a entrada dos produtos brasileiros, como a retirada dos subsídios ao etanol de milho ou das taxas impostas ao álcool brasileiro. Apesar da agenda de compromissos de Obama ter caráter econômico – estão marcados encontros com empresários em Brasília e no Rio de Janeiro -, não há previsão de fechar negócios ou anunciar a retirada de barreiras comerciais.

Um dos acordos que pode ser firmado é o Tratado de Cooperação Econômica (Teca), aguardado pelo setor empresarial brasileiro, que prevê um mecanismo bilateral, em nível ministerial, para discutir e solucionar entraves ao comércio e aos investimentos nos Estados Unidos e no Brasil.

“Não vamos pensar que a visita vai ser um passe de mágica para resolver nossos problemas com os Estados Unidos, principalmente na área comercial”, alerta Antônio Pereira, professor de relações internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente da Sociedade Brasileira de Direito Internacional.

A inclusão do Brasil no roteiro da primeira visita de Obama à América do Sul mostra que os americanos sabem a importância econômica e estratégica do país na região. “O Brasil agora é cachorro grande. É cada vez mais importante no cenário internacional”, afirmou o cientista político americano David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB). Ele destaca o fato de a Colômbia, principal aliado sul-americano dos Estados Unidos, e a Argentina terem ficado de fora. Depois do Brasil, o presidente norte-americano ainda passará pelo Chile e por El Salvador.


Com a visita, a presidenta Dilma Rousseff pode ampliar o relacionamento com o governo Obama, afetado nos últimos dois anos por posições divergentes adotadas pelos dois países em relação a temas internacionais, entre eles o programa nuclear do Irã.

Na opinião da maioria dos especialistas, Dilma Rousseff tem dado sinais de que pretende mudar a política externa e de defesa dos direitos humanos, o que pode facilitar o diálogo com os norte-americanos. “O governo Dilma está acenando em recolocar a relação com os Estados Unidos em pauta”, disse Antônio Pereira.

Nessa quinta-feira (17), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o Brasil quer estabelecer um novo patamar no relacionamento entre os dois países - uma relação de igual para igual, sem confrontação.

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