Violência marca início do Ramadã no Oriente Médio
Os iraquianos encaram, além da violência, alta dos preços de alimentos como legumes, carne e doces, agravada pela depreciação do dinar iraquiano frente ao dólar
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2015 às 09h42.
Cairo - A celebração do mês sagrado do Ramadã, que começa nesta sexta-feira para milhões de muçulmanos, neste ano ficará marcada pelos conflitos em países como Síria, Iraque e Iêmen, onde o período será vivido em meio à escassez e uma alta dos preços.
Após a reza da madrugada, o Ramadã começou em todos os países árabes, um período no qual os fiéis não podem comer, beber, fumar e manter relações sexuais desde a alvorada até o pôr do sol.
A abstenção diurna, um dos cinco pilares do islã, que se rompe com uma refeição denominada "iftar" (café da manhã), é complementada em geral com copiosos banquetes noturnos.
No entanto, nem o "iftar" e nem o "suhur", o último almoço antes da saída do sol, vão ser muito especiais nos países em conflito da região.
No Iraque, a guerra contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI), que controla amplas zonas do território, marca este mês simbólico, no qual o profeta Maomé começou a receber a revelação do Corão.
Nem todos neste país começaram o Ramadã hoje. Só os sunitas, já que o grande aiatolá xiita Ali Sistani determinou que para sua comunidade o mês sagrado começa de sexta-feira para sábado.
Os iraquianos enfrentam, além da violência, uma alta dos preços de alimentos como os legumes, a carne e os doces, agravada pela depreciação do dinar iraquiano frente ao dólar.
Uma cidade na qual as circunstâncias são especialmente difíceis é Mossul, ocupada pelo EI há um ano, onde os preços duplicaram e há uma forte escassez de produtos básicos.
Comerciantes locais explicaram à Agência Efe que isto se deve ao cerco sofrido por Mossul, já que as principais estradas estão fechadas para o tráfego pelas operações militares.
Um Ali, uma mulher de 44 anos, lamentou que "neste ano a maioria das famílias não poderão preparar os pratos típicos devido aos altos preços e à escassez nos mercados".
A estas restrições se somam as impostas pelo EI, que proibiu a abertura de restaurantes e lojas durante este mês, assim como a saída das mulheres à rua, salvo em casos de necessidade.
O país vizinho, Síria, está além disso assolado por outro conflito, que se prolonga há quatro anos e que deixou mais de 200 mil mortos.
Em Damasco, fazem falta as tradicionais khaimas que eram instaladas em tempos de pré-guerra para o "iftar", onde os fiéis se reuniam para comer, fumar e desfrutar de atuações musicais.
Mesmo assim, alguns restaurantes anunciaram comidas especiais a baixo preço, segundo pôde constatar a Agência Efe, embora para muitas famílias a ruptura do jejum será trágica porque não têm nem um pedaço de pão para comer em suas mesas.
"Não existem preparativos do Ramadã em Idlib pelas difíceis condições de vida", disse à Agência Efe pela internet o ativista Ahmad Nour, desde esta província do norte da Síria que está tomada quase em sua totalidade pelos rebeldes.
Nour detalhou que os civis enfrentam duras condições em meio aos enfrentamentos e o deslocamento forçado de seus lares, porque "o regime intensificou os bombardeios contra áreas residenciais" e a principal via de provisões foi cortada, disparando o preço do barril de petróleo até US$ 500.
Também os iemenitas não receberam o mês muçulmano de jejum com a mesma alegria que em outros anos por causa da luta entre o movimento xiita dos houthis e as forças leais ao presidente, Abdo Rabbo Mansour Hadi.
As Nações Unidas fizeram uma chamada -sem resposta- a uma trégua humanitária de duas semanas coincidindo com o Ramadã.
"O povo não sente este ano a chegada do Ramadã e nem está feliz", assegurou à Efe Abdeltif Mohammed, enquanto comprava em um mercado de Sana, que não foi testemunha das frequentes aglomerações.
Entre cortes de luz, a alta dos preços e as epidemias, a única sinal do início do Ramadã foi dado pelas crianças com a queima de pneus para dar as boas-vindas ao mês sagrado.
Embora a instabilidade reine em quase toda a região, os muçulmanos do Egito, Líbano, Jordânia ou Arábia Saudita terão mais chances de festejar.
A comemoração no Egito, o país árabe mais povoado, é caracterizada pelo barulho e pelas atividades culturais noturnas, além das chamadas mesas de misericórdia, destinadas aos pobres.
Algumas tâmaras, típicas para romper o jejum, levam o nome do presidente Abdul Fatah al Sisi, cujo governo estabeleceu cerca de 70 mercados e 550 lojas para vender alimentos básicos a preços mais acessíveis, a fim de ajudar a grande parte da população que vive sob a linha de pobreza.
É costume no mundo árabe felicitar o outro nesta época com a frase de "Ramadã Karim" (generoso). No entanto, para muitos neste ano dificilmente haverá prosperidade.EFE
Cairo - A celebração do mês sagrado do Ramadã, que começa nesta sexta-feira para milhões de muçulmanos, neste ano ficará marcada pelos conflitos em países como Síria, Iraque e Iêmen, onde o período será vivido em meio à escassez e uma alta dos preços.
Após a reza da madrugada, o Ramadã começou em todos os países árabes, um período no qual os fiéis não podem comer, beber, fumar e manter relações sexuais desde a alvorada até o pôr do sol.
A abstenção diurna, um dos cinco pilares do islã, que se rompe com uma refeição denominada "iftar" (café da manhã), é complementada em geral com copiosos banquetes noturnos.
No entanto, nem o "iftar" e nem o "suhur", o último almoço antes da saída do sol, vão ser muito especiais nos países em conflito da região.
No Iraque, a guerra contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI), que controla amplas zonas do território, marca este mês simbólico, no qual o profeta Maomé começou a receber a revelação do Corão.
Nem todos neste país começaram o Ramadã hoje. Só os sunitas, já que o grande aiatolá xiita Ali Sistani determinou que para sua comunidade o mês sagrado começa de sexta-feira para sábado.
Os iraquianos enfrentam, além da violência, uma alta dos preços de alimentos como os legumes, a carne e os doces, agravada pela depreciação do dinar iraquiano frente ao dólar.
Uma cidade na qual as circunstâncias são especialmente difíceis é Mossul, ocupada pelo EI há um ano, onde os preços duplicaram e há uma forte escassez de produtos básicos.
Comerciantes locais explicaram à Agência Efe que isto se deve ao cerco sofrido por Mossul, já que as principais estradas estão fechadas para o tráfego pelas operações militares.
Um Ali, uma mulher de 44 anos, lamentou que "neste ano a maioria das famílias não poderão preparar os pratos típicos devido aos altos preços e à escassez nos mercados".
A estas restrições se somam as impostas pelo EI, que proibiu a abertura de restaurantes e lojas durante este mês, assim como a saída das mulheres à rua, salvo em casos de necessidade.
O país vizinho, Síria, está além disso assolado por outro conflito, que se prolonga há quatro anos e que deixou mais de 200 mil mortos.
Em Damasco, fazem falta as tradicionais khaimas que eram instaladas em tempos de pré-guerra para o "iftar", onde os fiéis se reuniam para comer, fumar e desfrutar de atuações musicais.
Mesmo assim, alguns restaurantes anunciaram comidas especiais a baixo preço, segundo pôde constatar a Agência Efe, embora para muitas famílias a ruptura do jejum será trágica porque não têm nem um pedaço de pão para comer em suas mesas.
"Não existem preparativos do Ramadã em Idlib pelas difíceis condições de vida", disse à Agência Efe pela internet o ativista Ahmad Nour, desde esta província do norte da Síria que está tomada quase em sua totalidade pelos rebeldes.
Nour detalhou que os civis enfrentam duras condições em meio aos enfrentamentos e o deslocamento forçado de seus lares, porque "o regime intensificou os bombardeios contra áreas residenciais" e a principal via de provisões foi cortada, disparando o preço do barril de petróleo até US$ 500.
Também os iemenitas não receberam o mês muçulmano de jejum com a mesma alegria que em outros anos por causa da luta entre o movimento xiita dos houthis e as forças leais ao presidente, Abdo Rabbo Mansour Hadi.
As Nações Unidas fizeram uma chamada -sem resposta- a uma trégua humanitária de duas semanas coincidindo com o Ramadã.
"O povo não sente este ano a chegada do Ramadã e nem está feliz", assegurou à Efe Abdeltif Mohammed, enquanto comprava em um mercado de Sana, que não foi testemunha das frequentes aglomerações.
Entre cortes de luz, a alta dos preços e as epidemias, a única sinal do início do Ramadã foi dado pelas crianças com a queima de pneus para dar as boas-vindas ao mês sagrado.
Embora a instabilidade reine em quase toda a região, os muçulmanos do Egito, Líbano, Jordânia ou Arábia Saudita terão mais chances de festejar.
A comemoração no Egito, o país árabe mais povoado, é caracterizada pelo barulho e pelas atividades culturais noturnas, além das chamadas mesas de misericórdia, destinadas aos pobres.
Algumas tâmaras, típicas para romper o jejum, levam o nome do presidente Abdul Fatah al Sisi, cujo governo estabeleceu cerca de 70 mercados e 550 lojas para vender alimentos básicos a preços mais acessíveis, a fim de ajudar a grande parte da população que vive sob a linha de pobreza.
É costume no mundo árabe felicitar o outro nesta época com a frase de "Ramadã Karim" (generoso). No entanto, para muitos neste ano dificilmente haverá prosperidade.EFE