Venezuela: "A UE continua trabalhando em prol de uma solução política, pacífica e democrática na Venezuela" (afp/AFP)
AFP
Publicado em 28 de março de 2019 às 11h22.
A União Europeia (UE) fez uma advertência nesta quinta-feira contra qualquer ação que possa agravar a situação na Venezuela, depois que a Rússia enviou aviões e militares ao país latino-americano que enfrenta uma profunda crise política.
"Todas as ações e gestos que agravem ainda mais as tensões apenas criarão mais obstáculos para uma solução pacífica, democrática e propriamente venezuelana a esta crise", afirmou o porta-voz da Comissão Europeia, Carlos Martín.
O porta-voz, para quem a situação na Venezuela é "muito polarizada e tensa", respondeu desta maneira a uma pergunta sobre o envio pela Rússia de aviões a Venezuela, uma ação duramente criticada pelos Estados Unidos.
O governo americano, que reconhece como presidente interino do pais o opositor Juan Guaidó, pediu na quarta-feira a saída da Rússia da Venezuela.
"A Rússia tem que sair", disse o seu presidente, Donald Trump.
Moscou, que acusa Washington de tentar organizar um golpe de Estado, afirmou que "não ameaça ninguém" e explicou que os militares que chegaram a Caracas nos últimos dias permanecerão "o tempo necessário" no país.
"Eles estão trabalhando na implementação dos acordos assinados no campo da cooperação técnica e militar (...) A Rússia não infringiu nada, nem os acordos internacionais, nem o Direito venezuelano", declarou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova.
Para a UE, o fim da crise passa por uma solução pacífica e democrática. Com este objetivo lançou em fevereiro, ao lado de países europeus e latino-americanos, uma iniciativa com o objetivo de estabelecer as bases para uma solução à crise com a organização de uma eleição presidencial antecipada na Venezuela.
"A UE continua trabalhando em prol de uma solução política, pacífica e democrática na Venezuela", recordou Martín, horas antes da segunda reunião de chanceleres do Grupo de Contato Internacional (GCI) sobre a Venezuela em Quito.
A Eurocâmara, no entanto, pediu nesta quinta-feira que os países evitem dar oxigênio ao presidente socialista Nicolás Maduro com o GCI.
Por 310 votos favoráveis, 120 contrários e 152 abstenções, os eurodeputados pedem que se evite o uso do GCI "pelo regime ilegal de Maduro como estratégia para atrasar a resolução da crise com o objetivo de permanecer no poder".
A Eurocâmara, na resolução promovida pelos grupos de centro e direita, destaca "a falta de resultados tangíveis até o momento" e pede aos integrantes do GCI que colaborem com o Grupo de Lima "como ator regional líder".
Outro objetivo do GCI, que estabeleceu prazo de trabalho de 90 dias, é conseguir a entrada de ajuda humanitária na Venezuela, que para a UE não deve ser politizada e deve ser distribuída de acordo com princípios humanitários.
Na resolução, os eurodeputados reiteram o apoio a Juan Guaidó como presidente interino do país e pedem a libertação de seu chefe de gabinete, Roberto Marrero, detido na semana passada.