Venezuela: os desafios do diálogo
Após anos de relação violenta e conturbada, governo e oposição podem estar perto de finalmente iniciar um diálogo na Venezuela. Mas os acontecimentos desta terça-feira mostraram que o processo não será fácil. O Parlamento venezuelano aprovou a abertura de um julgamento contra o presidente Nicolás Maduro, acusado de quebrar a ordem constitucional do país. Maduro […]
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2016 às 17h11.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h50.
Após anos de relação violenta e conturbada, governo e oposição podem estar perto de finalmente iniciar um diálogo na Venezuela. Mas os acontecimentos desta terça-feira mostraram que o processo não será fácil. O Parlamento venezuelano aprovou a abertura de um julgamento contra o presidente Nicolás Maduro, acusado de quebrar a ordem constitucional do país. Maduro foi convocado a comparecer ao plenário na próxima terça-feira (1o de novembro). É improvável que apareça.
A abertura do processo ocorreu um dia após a visita do presidente venezuelano ao papa Francisco, no Vaticano. O encontro culminou no anúncio de uma reunião entre delegados governistas e da oposição no domingo 30 na Ilha de Margarita. As conversas serão mediadas pela Santa Sé, numa tentativa de discutir medidas para conter a crise política e econômica do país.
O ex-candidato à Presidência Henrique Capriles afirmou que os oposicionistas vão atender ao chamado da Igreja, mas que “nenhum diálogo se iniciou na Venezuela”. Segundo ele, “estes diabos pretendem usar a boa-fé do papa Francisco para ganhar tempo”.
O anúncio da reunião em Margarita foi feito em meio ao acirramento das tensões no país. O partido de Capriles, o Mesa para a Unidade Democrática (MDU), é o principal opositor ao governo e lidera os esforços para obter os 4 milhões de assinaturas necessários para a realização de um referendo sobre a permanência de Maduro no poder. No entanto, a Justiça venezuelana diz ter encontrado irregularidades e barrou o processo na última semana. Assim, numa sessão extraordinária no domingo 23, o Congresso venezuelano, de maioria oposicionista, aprovou um texto no qual acusa a gestão de Maduro de promover a “ruptura da ordem constitucional” e “um golpe de Estado”.
Protestos de rua estão sendo convocados pela oposição, e a repressão policial é intensa — o medo é que se repita o cenário de 2014, quando uma onda de manifestações deixou 42 mortos. Um novo ato contra Maduro está marcado para esta quarta-feira.