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Venezuela inabilita politicamente outros cinco opositores de Maduro

Oposição tem denunciado obstáculos e ataques durante processo para as eleições presidenciais de julho, nas quais o líder venezuelano busca um terceiro mandato

Venezuela: Controladoria do país inabilita politicamente outros cinco opositores de Maduro (Nicolás Maduro no X)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 25 de abril de 2024 às 12h28.

A Controladoria da Venezuela, alinhada ao governo, anunciou nesta quarta-feira, 24, que inabilitou politicamente cinco opositores — dois prefeitos em exercício e três ex-deputados.Eles se juntam a uma longa lista que inclui María Corina Machado, inelegível por 15 anos e principal líder opositora, após decisão da Suprema Corte venezuelana.

A inabilitação de adversários tem sido aplicada sistematicamente e visa líderes com ampla popularidade. María Corina, por exemplo, venceu as primárias da oposição e era a favorita para as eleições de 28 de julho, nas quais o presidente Nicolás Maduro buscará um terceiro mandato.

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As sanções de 15 anos foram anunciadas para os prefeitos Elías Sayegh, de El Hatillo, e José Antonio Fernández López, de Los Salias. Também foram desqualificados pelo mesmo período os ex-deputados Tomás Guanipa e Carlos Ocariz, ex-prefeito do município de Sucre (2008-2017).

Já para o ex-parlamentar Juan Carlos Caldeira a sanção valerá por 12 meses. Todos são partidários de Henrique Capriles, duas vezes candidato presidencial e que também foi inabilitado em 2017. As resoluções mais recentes são datadas de 16 de abril deste ano, conforme documento publicado pela Controladoria em seu site oficial.

Ocariz, Guanipa e Caldera, que com Capriles fazem parte do partido Primeiro Justiça (PJ), rejeitaram as medidas. No X (antigo Twitter), Guanipa escreveu: “Não importa o que façam, nem como façam, nada nos distrai. Ninguém nos tira do caminho eleitoral. Todos às urnas em 28 de julho!”. A principal aliança opositora, a Plataforma da Unidade Democrática (PUD), classificou as desqualificações como “ilegais”.

A oposição vem denunciando obstáculos e ataques em relação ao processo eleitoral de julho, após bloqueios para o registro de candidaturas e a intervenção de partidos como PJ, cujo controle foi entregue judicialmente ao dissidente José Brito, apontado como colaborador do governo.

Ele rompeu com a liderança tradicional da oposição em 2020, após ter sido acusado de corrupção. A decisão foi anunciada pelo Tribunal Supremo da Venezuela (TSJ) nesta segunda-feira e rechaçada pela oposição. Capriles, membro do partido, denunciou que “voltaram a usar o TSJ como braço executor de ilegalidades”.

“Forçar uma reestruturação via sentença é mais uma aberração do poder que não só viola direitos políticos, mas também busca confundir os venezuelanos nas próximas eleições e encobrir a rejeição que Maduro tem dentro de seu próprio partido e em todo o país”, escreveu Capriles.

E continou: “Podem nomear ‘presidências ad hoc’ e cometer mais arbitrariedades, mas com isso não ganham simpatizantes. Pelo contrário, aumentam o desejo de participar e votar. Em ano eleitoral, a única coisa que buscam com essas ações é desmotivar e desmoralizar. Eles não vão conseguir."

Analistas alertam que essas medidas estão em linha com o chavismo governante e buscam promover fraturas entre os adversários de Maduro. A sentença ocorre dias depois de a PUD anunciar o diplomata Edmundo González Urrutia, de 76 anos, como candidato para enfrentar o líder venezuelano nas eleições presidenciais de 28 de julho, e um dia depois dele ter aceitado sua indicação.

No domingo, 21, em sua primeira mensagem pública após o anúncio, González escreveu que aceita a “imensa honra e responsabilidade de ser o candidato de todos aqueles que querem mudanças por meio de eleições”.

À imprensa local, José Brito afirmou que não busca influenciar a candidatura de González Urrutia, se limitando a dizer: “Não tenho nada a ver com isso”. A decisão do TSJ, no entanto, autoriza o PJ a “usar o cartão eleitoral” e os símbolos do partido e ordena ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) “abster-se de aceitar qualquer candidatura para processos eleitorais que não seja acordada” com a nova diretoria.

Já segundo o líder Diosdado Cabello, considerado o número dois do chavismo, na oposição há apenas “trapaceiros”. Nesta quarta-feira ele exortou a autoridade eleitoral a revisar as candidaturas dos candidatos opositores para as eleições presidenciais.

Candidato da oposição

A PUD confirmou, na sexta-feira, a candidatura de González Urrutia como representante de María Corina. González foi inscrito como “candidato provisório” da Plataforma Unitária Democrática após Corina Yoris, que substituiria Machado oficialmente, ter tido a candidatura barrada pelo órgão eleitoral. Ele, contudo, posteriormente teve sua inscrição aprovada “de forma unânime” pela PUD, decisão que o secretário-geral da aliança, Omar Barboza, classificou como “histórica”.

A PUD inscreveu González Urrutia como candidato presidencial no último minuto, após denunciar o bloqueio de Yoris. O processo foi feito em uma prorrogação concedida pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado de servir ao chavismo. A ideia era que o embaixador fosse substituído por um candidato “unânime”, mas, após um longo dia de reuniões na sexta-feira — realizada horas antes do prazo para substituir candidatos na cédula eleitoral — a decisão de manter o nome de González Urrutia foi tomada.

De acordo com o El país, pesquisas que circulam nas redes sociais já o colocaram em primeiro lugar, com o apoio de Machado, vencendo Maduro e outras opões com ampla margem.

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