Venezuela em caos: motim, protestos e violência nas ruas contra Maduro
Para governo, atos são motivados por "interesses obscuros ligados à extrema direita". Opositor autodeclarado presidente interino convoca megamobilização
Vanessa Barbosa
Publicado em 22 de janeiro de 2019 às 11h28.
Última atualização em 22 de janeiro de 2019 às 11h49.
São Paulo -Protestos violentos irromperam em Caracas, capital da Venezuela,na segunda-feira, depois que alguns membros das forças armadas realizaram um motim contra o governo do presidente Nicolás Maduro .
Segundo o Ministério da Defesa da Venezuela, um "pequeno grupo" de guardas nacionais roubou um esconderijo de armas e sequestrou quatro policiais de um posto de comando da guarda nacional na manhã de ontem, antes de serem detidos em outro posto.
Horas antes da revolta, o grupo postou um vídeo nas mídias social defendendo a destituição de Maduro e pedindo aos venezuelanos que saíssem às ruas para mostrar apoio à rebelião.
"Vocês pediram para sairmos às ruas para defender a Constituição, bem aqui estamos", diz um militar no vídeo no qual vários homens fortemente armados e um caminhão de guarda nacional podem ser vistos ao fundo.
"Você queria que acendêssemos o pavio, assim o fizemos. Precisamos do seu apoio", acrescentou.
https://twitter.com/soldadoDfranela/status/1087284815999758336
O vídeo provocou a reação dos agentes das Forças Armadas, que bloquearam a unidade militar de Cotiza, no norte de Caracas, onde estava o grupo que aparece no vídeo. Ao todo, 27 militares insurgentes foram detidos.
Apenas em 2018, de acordo com levantamento da ONG Control Ciudadano, 180 militares foram presos e 4,3 mil desertaram.
Na sequência das prisões de ontem, moradores locais começaram a protestar contra a presidência de Maduro e em apoio aos guardas presos. Eles atearam fogo em carros e arremessaram coquetéis-molotovs contra os agentes do governo.
As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo para dispersar o tumulto.
Horas depois, Tribunal Supremo de Justiça daVenezuela, controlado pelo governo, declarou inválida a junta parlamentar da Assembleia Nacional, presidida pelo opositor Juan Guaidó, que declarou a presidência de Maduro ilegítima. A corte também anulou todos os atos aprovados pela Casa desde o dia 05 de janeiro.
Guaidó, autodeclarado presidente interino do país, ignorou a advertência da corte e reiterou seu pedido para que as pessoas tomem as ruas para protestar contra Maduro na quarta-feira (23), uma data histórica comemorativa do fim da ditadura no país.
PelaConstituição da Venezuela, a vaga presidencial pode ser preenchida pelo presidente da Assembléia Nacional.
Dezenas de governos estrangeiros se recusaram a reconhecer o segundo mandato de Maduro, alguns inclusive já declararam apoio a Guaidó como presidente interino até que novas eleições possam ser realizadas.