Venezuela afirma que opositores presos planejavam fugir
Antonio Ledezma e Leopoldo López tinham conseguido o direito de detenção domiciliar, mas nesta segunda-feira foram levados de volta à prisão
EFE
Publicado em 1 de agosto de 2017 às 11h17.
Última atualização em 1 de agosto de 2017 às 12h01.
Caracas - O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela afirmou nesta terça-feira que os opositores Antonio Ledezma e Leopoldo López planejavam fugir e por isso lhes foi revogado o direito de detenção domiciliar e foram levados de volta à prisão.
"Foram recebidas, por fontes de inteligência oficial, informações que davam conta de um plano de fuga de ditos cidadãos, pelo qual, e com a urgência do caso, foram ativados os procedimentos de resguardo correspondente", afirma uma nota da máxima corte venezuelana.
O comunicado detalha que dois tribunais de Caracas revogaram as medidas "uma vez verificado o incumprimento das condições impostas para que se mantivessem sob detenção domiciliar".
O Supremo sustenta que as condições impostas a López não lhe permitiam realizar nenhum tipo de proselitismo politico, devido a uma sentença que tem como "pena acessória sua inabilitação política pelo tempo que dure a pena imposta (13 anos e nove meses)".
"No caso de Antonio Ledezma, o tribunal da sua causa lhe tinha imposto como condições a obrigação de abster-se de emitir declarações perante qualquer meio, caso contrário se revogaria de imediato a medida outorgada", acrescenta o comunicado.
O advogado de López, Juan Carlos Gutiérrez, havia assegurado antes que o retorno do seu cliente à prisão era uma decisão "arbitrária", já que este tinha acatado "na sua totalidade" as duas condições estabelecidas para sua detenção domiciliar desde que recebeu o benefício em 8 de julho: a proibição de sair do país e a de emitir declarações sobre seu caso.
Os opositores venezuelanos López e Ledezma foram postos de novo em celas da prisão militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas, de onde tinham sido tirados para cumprir suas penas de prisão sob detenção domiciliar, segundo informaram fontes próximas a ambos.
Ledezma foi detido em fevereiro de 2015 acusado de conspiração e associação criminosa. Após dois meses na prisão militar de Ramo Verde, recebeu uma "medida cautelar substitutiva de liberdade" e, por motivos de saúde, estava em detenção domiciliar. Quase dois anos e meio depois, Ledezma ainda não foi condenado.
López, por sua parte, passou mais de três anos na mesma prisão e seus advogados denunciaram que foi torturado em várias ocasiões.
O chavismo assegurou nesta segunda-feira que o líder do VP tinha faltado com sua palavra de "pedir paz", algo ao que supostamente tinha se comprometido perante uma Comissão da Verdade que administrou sua saída do presídio.