União Europeia aceita candidatura da Ucrânia para aderir ao bloco
Moldávia também foi aceita, mas UE deixou países dos Bálcãs em espera
AFP
Publicado em 23 de junho de 2022 às 18h28.
Última atualização em 23 de junho de 2022 às 18h51.
Os países da União Europeia (UE) concordaram nesta quinta-feira, 23, em conceder à Ucrânia e à Moldávia o status de candidatos à adesão ao bloco, embora tenham mantido um grupo de candidatos dos Bálcãs Ocidentais na sala de espera.
O anúncio do acordo sobre a Ucrânia e Moldávia foi formulado pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que comemorou "um dia histórico".
A decisão, adotada no primeiro dia de uma cúpula europeia em Bruxelas, ocorre quatro meses depois do início da ofensiva da Rússia contra a Ucrânia. "Nosso futuro é juntos", afirmou Michel no Twitter.
O processo completo de adesão à UE, que atualmente conta com 27 países-membros, pode, no entanto, levar anos para ser efetivado.
"É um momento único e histórico nas relações entre a Ucrânia e a UE", tuitou o presidente ucraniano, Volodmir Zelensky, acrescentando que "o futuro da Ucrânia está dentro da UE".
Quanto à Geórgia, outra ex-república soviética que também aspira a aderir à UE, o bloco definiu que o país deve avançar em suas reformas para alcançar o status de candidato.
O presidente georgiano, Salomé Zurabishvili, respondeu que o país estava "disposto a trabalhar com determinação" para alcançar esse objetivo.
"Sinal muito forte"
A Ucrânia inicialmente queria que a UE aceitasse sua adesão imediata para neutralizar a ofensiva militar russa em seu território, mas os europeus apontaram que há um procedimento lento que deve ser aplicado.
No entanto, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta quinta-feira, 23, que o gesto de conceder à Ucrânia este status era um "sinal muito forte" da UE para a Rússia.
"Devemos isso aos ucranianos, que lutam para defender nossos valores, sua soberania e sua integridade territorial, e devemos também à Moldávia, se levarmos em consideração a situação política de desestabilização" que esse país atravessa, declarou.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, salientou que foi "um excelente dia para a Europa".
Pouco após a decisão ser adotada, Zelensky participou da cúpula dos líderes europeus por videoconferência para expressar sua gratidão pelo gesto.
Ucrânia, Moldávia e Geórgia são três países que fizeram parte da extinta União Soviética ou de sua área de influência. Atualmente, se distanciaram de Moscou, embora tenham territórios sob controle de forças pró-russas.
Indignação
O entusiasmo com a concessão do status à Ucrânia e Moldávia e a "perspectiva europeia" à Geórgia contrastaram nesta quinta-feira com a indignação dos países dos Bálcãs Ocidentais, que há anos aguardam pacientemente para serem adicionados ao bloco.
A Macedônia do Norte é candidata formal à adesão desde 2005, Montenegro desde 2010, Sérvia desde 2012 e Albânia desde 2014.
Esses quatro países realizaram uma cúpula com líderes europeus na manhã desta quinta-feira e, no final dessa reunião, as partes cancelaram uma entrevista coletiva conjunta que havia sido agendada anteriormente.
"Bem-vinda, Ucrânia. É bom que o status [ de país candidato ] seja reconhecido para a Ucrânia. Mas espero que os ucranianos não tenham ilusões", disse o primeiro-ministro albanês, Edi Rama, sem esconder sua irritação.
Rama e seus colegas da Macedônia do Norte e Sérvia acabaram concedendo uma coletiva de imprensa improvisada às pressas, sem a presença de líderes europeus.
Essas candidaturas colidem com o veto da Bulgária, que mantém uma tensão política com a Macedônia do Norte.
Na opinião de Rama, o veto da Bulgária é "uma vergonha", e ele lamentou que o resto dos países da UE "permaneçam sentados impotentes".
(AFP)
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