NICOLA STURGEON E A UNIÃO EUROPEIA: a primeira ministra escocesa apresenta hoje uma série de medidas para permanecer no mercado comum europeu / Jeff J Mitchell/Getty Images (Divulgação/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2016 às 05h41.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h44.
Quando o Brexit foi aprovado pela população britânica em junho, a indignação era clara para o então primeiro-ministro David Cameron, os cidadãos mais jovens e para os escoceses. Tentando tomar as rédeas do próprio destino, hoje o governo da primeira ministra escocesa Nicola Sturgeon divulga uma série de medidas para solucionar o Brexit de maneira mais amigável ao país — é o primeiro compromisso de um governo com o tema desde o voto do referendo, em junho.
Não é de se espantar que os escoceses não queiram deixar o mercado comum. Na Escócia, o “ficar” ganhou com um total de 62% dos votos, em todos os 32 distritos. O governo em Edimburgo estima que 80.000 empregos serão perdidos no decorrer dos próximos 10 anos e que o gasto público vai aumentar em 10% do PIB escocês, caso a nação saia do bloco. Nas medidas a serem publicadas hoje, Sturgeon deve clamar pelo retorno do poder à Escócia. “Se o governo da Inglaterra não quiser permanecer no mercado comum, nossa posição é de que a Escócia seja incentivada a ficar”, escreveu a premiê em artigo publicado no jornal britânico Financial Times, em que critica a posição do atual governo da primeira ministra Theresa May, que prevê a saída incondicional da União Europeia.
Apesar da boa intenção de satisfazer o interesse econômico e político do povo, as chances de a Escócia conseguir algum acordo são limitadas, estimam analistas políticos. Mesmo que seja garantida à Escócia as regalias econômicas e políticas para países de fora do bloco, como é o caso de Noruega e Islândia, os chefes da União Europeia podem considerar a atitude como uma entrada pela “porta dos fundos”, o que poderia ser nocivo e incentivar mais saídas negociadas do bloco.
Sturgeon escreve que a “independência tem que ser garantida como forma de manter os interesses escoceses se outros caminhos não puderem ser encontrados”. Em 2014, 55% dos escoceses escolheram ficar no Reino Unido em um referendo sobre independência. Hoje, vão tentar mostrar que têm o direito de tomar ao menos uma decisão importante por conta própria.