Impasse mexicano na Espanha
A política na Espanha vive uma daquelas situações de paralisia conhecidas como “impasse mexicano”. O nome é dado a um confronto em que as partes não podem proceder ou fugir sem se expor ao perigo, permanecendo à espera de um acontecimento externo que resolva o conflito. Hoje acontece mais um capítulo dessa novela, que já dura […]
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2016 às 19h54.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h52.
A política na Espanha vive uma daquelas situações de paralisia conhecidas como “impasse mexicano”. O nome é dado a um confronto em que as partes não podem proceder ou fugir sem se expor ao perigo, permanecendo à espera de um acontecimento externo que resolva o conflito.
Hoje acontece mais um capítulo dessa novela, que já dura 8 meses. O atual primeiro ministro interino, Mariano Rajoy, líder do conservador Partido do Povo (PP), busca permanecer no cargo, tentando ser eleito pelo voto da maioria do parlamento. Mesmo com a aliança com o partido Ciudadanos, o PP detém apenas 170 dos 350 votos no parlamento. Outros dois partidos, o Podemos e o Socialista, que juntos somam 156 assentos, se recusam a apoiar sua candidatura. Nessa toada, ninguém atinge a cota necessária de cadeiras, e ninguém tem um plano para sair dessa enrascada.
O impasse começou nas eleições do final do ano passado quando o Podemos, partido de esquerda populista, e o Ciudadanos, liberal progressista, venceram juntos 101 assentos. O resultado enterrou o bipartidarismo na Espanha e abriu o cenário para a indefinição. De lá pra cá, os parlamentares foram incapazes de chegar a um consenso para um novo primeiro ministro, o que levou à dissolução do parlamento pelo rei Felipe VI e novas eleições. Duas vezes.
Rajoy afirma que seu governo é “o único estável, moderado e eficaz” e que uma nova indecisão pode colocar todo o sistema político e a recuperação econômica da Espanha sob ameaça. Apesar de exigir dos outros partidos que desmontem suas posições e o apoiem, Rajoy responde por acusações de corrupção e tem umas das menores aprovações de líderes espanhóis, cerca de 25%.
Se o impasse não for resolvido até outubro, o parlamento será novamente dissolvido, levando à terceira eleição em menos de um ano, provavelmente no dia 25 de dezembro. Certamente não é o presente de natal que a população espera.