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Um dos descobridores do ebola critica gestão da OMS

Microbiologista criticou a organização por não admitir a tempo a gravidade da epidemia do ebola no oeste africano

Peter Piot, que identificou o vírus do ebola, durante entrevista na sede da OMS (Denis Balibouse/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2014 às 20h11.

Dacar - O microbiologista belga Peter Piot, um dos descobridores do ebola , criticou a Organização Mundial da Saúde ( OMS ) por não ter admitido a tempo a gravidade da epidemia do vírus no oeste da África.

"A OMS precisou de três meses para descobrir que havia uma epidemia de ebola. Isto eu entendo. Na Guiné [país onde o vírus apareceu primeiro] só tinha uma pequena rede de laboratórios", disse Piot em entrevista com a emissora Al Jazeera, que será exibida no sábado.

"Ao contrário, é muito mais difícil para mim entender que a OMS precise de cinco meses [...] para declarar estado de urgência", explicou o cientista.

"Isto custou a vida de mil africanos [...] Não há desculpa para isto [...] Levou tempo demais, perdemos um tempo precioso", assegurou.

Autoridades da Guiné e da OMS não anunciaram até março que o vírus tinha deixado 87 casos suspeitos no país desde janeiro, entre os quais 61 mortos.

Além disso, a OMS não declarou até 8 de agosto a epidemia como "urgência para a saúde pública de alcance mundial".

Segundo o microbiologista belga, a crise se agravou ainda mais por uma reação excessiva da comunidade internacional diante da doença, sobretudo em Estados Unidos.

"Há uma epidemia no oeste da África e há uma segunda epidemia, uma epidemia de histeria maciça que se viu, sobretudo, na América do Norte", assegurou Piot, diretor da London School of Hygiene and Tropical Medicine.

Segundo o mais recente balanço da OMS, o vírus matou 6.070 pessoas de um total de 17.145 infectados.

O vírus ebola tem um índice de mortalidade de 70%. Ao lado da tragédia, o fotógrafo John Moore decidiu retratar os raros sobreviventes da doença na Libéria, o país mais afetado pela epidemia. Na foto, Jeremra Cooper, 16, enxuga o rosto do calor, enquanto espera na seção de baixo risco dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), em Paynesville, Libéria. O aluno da 8 ª série disse que perdeu seis familiares para a epidemia de Ebola antes de ficar doente e de ser enviado para o centro dos MSF, onde ele se recuperou após um mês.
  • 2. Mohammed Wah, 23

    2 /15(John Moore/Getty Images)

  • Veja também

    O trabalhador da construção civil diz que o Ebola matou cinco membros de sua família e que ele acha que contraiu a doença enquanto cuidava de seu sobrinho.
  • 3. Varney Taylor, 26

    3 /15(John Moore/Getty Images)

  • Perdeu três membros da família para a doença e acredita que contraiu Ebola enquanto carregava o corpo de sua tia após a morte dela.
  • 4. Benetha Coleman, 24

    4 /15(John Moore/Getty Images)

    Seu marido e dois filhos morreram em decorrência da doença.
  • 5. Victoria Masah, 28

    5 /15(John Moore/Getty Images)

    Seu marido e dois filhos morreram por causa do ebola.
  • 6. Eric Forkpa, 23

    6 /15(John Moore/Getty Images)

    O estudante de engenharia civil, disse que acha que pegou ebola enquanto cuidava de seu tio doente. Ele passou 18 dias no centro dos MSF se recuperando do vírus.
  • 7. Emanuel Jolo, 19

    7 /15(John Moore/Getty Images)

    O estudante do ensino médio perdeu seis membros da família e acredita que contraiu a doença enquanto lavava o corpo de seu pai, que morreu de Ebola.
  • 8. James Mulbah, 2

    8 /15(John Moore/Getty Images)

    O garotinho posa para a foto enquanto é segurado pela mãe, que também se recuperou do ebola.
  • 9. John Massani, 27

    9 /15(John Moore/Getty Images)

    Trabalhador da construção civil, ele acredita que pegou a doença enquanto carregava o corpo de um parente. Ele perdeu seis familiares por causa do ebola.
  • 10. Mohammed Bah, 39

    10 /15(John Moore/Getty Images)

    Bah, que trabalha como motorista, perdeu a mulher, a mãe, o pai e a irmã para o ebola.
  • 11. Vavila Godoa, 43

    11 /15(John Moore/Getty Images)

    O alfaiate diz que o estigma de ter tido Ebola é algo difícil. Ele perdeu todos os seus clientes devido ao medo. "Eles não vêm mais", afirma. Ele acredita que pegou Ebola enquanto cuidava de sua esposa doente.
  • 12. Ami Subah, 39

    12 /15(John Moore/Getty Images)

    Subah, uma parteira, acha que pegou ebola quando fez o parto de um bebé de uma mãe doente. O menino, segundo ela, sobreviveu, mas a mãe morreu. Ela diz que não teve trabalho desde sua recuperação, devido ao estigma de ter tido Ebola. "Não me deixam nem tirar água do poço comunitário", afirma.
  • 13. Peters Roberts, 22

    13 /15(John Moore/Getty Images)

    O aluno do 11º ano perdeu uma irmã, o tio e um primo para o Ebola. Ele acredita que contraiu a doença enquanto cuidava de seu tio.
  • 14. Anthony Naileh, 46, e Bendu Naileh, 34

    14 /15(John Moore/Getty Images)

    Anthony disse que é um estenógrafo no Senado liberiano e planeja voltar a trabalhar na sessão de janeiro. Bendu, uma enfermeira, acha que pegou ebola após colocar as mãos em posição de oração ao rezar por um sobrinho que tinha a doença. Em seguida, ela adoeceu e seu marido cuidou dela.
  • 15. Moses Lansanah, 30

    15 /15(John Moore/Getty Images)

    O trabalhador da construção civil perdeu sua noiva Amifete, com então 22 anos, que estava grávida de 9 meses do seu filho.
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