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Um ano depois do resgate internacional, Irlanda sai do abismo

Inicialmente considerado humilhante, plano trouxe melhoria em indicadores

Centro de Dublin, capital da Irlanda (Wikimedia Commons/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2011 às 16h27.

Dublin - Um ano depois de ter aceito um plano de resgate internacional de 85 bilhões de euros, a Irlanda parece ter saído do abismo e é inclusive citada como exemplo por seus sócios europeus, por aprovar novas medidas de ajuste para a população.

Após uma reunião convocada urgentemente num domingo à noite em Bruxelas, a Irlanda se converteu em 28 de novembro de 2010 no segundo país europeu, depois da Grécia e antes de Portugal, a receber um resgate.

Um ano depois, Dublin apresenta uma série de melhorias espetaculares: seu déficit público descomunal em 2010 (32% do PIB) será este ano três vezes menor; o setor bancário, que provocou o naufrágio orçamentário, foi completamente reestruturado; e a economia voltou a crescer ligeiramente após três anos consecutivos de recessão.

Para a chanceler alemã, Angela Merkel, a Irlanda se tornou um "magnífico exemplo" de um resgate bem sucedido.

O plano, cujas drásticas condições foram inicialmente consideradas como uma humilhação pelos irlandeses, custou o cargo do primeiro-ministro Brian Cowen cujo partido, o Fiana Fáil, foi duramente castigado nas eleições gerais antecipadas de fevereiro passado.

Seu sucessor, Enda Kenny (Fine Gael), retomou, no entanto, o plano firmado meses antes, oferecendo a Irlanda uma base essencial para os mercados e para a comunidade internacional: um amplo consenso político. O mesmo consenso que possibilitou a manutenção de um imposto atrativo de 12,5%, apesar das pressões da França e da Alemanha para que o país o aumente.


Contrariamente à Grécia ou Portugal, a república irlandesa não teve que fazer frente a manifestações das ruas apesar de medidas de ajuste igualmente severas, inclusive com a simbólica redução do salário mínimo.

Para Michael Marsh, professor de Ciências Sociais no Trinity College de Dublin, os irlandeses estão resignados após vários anos de crise econômica aguda, marcadas por vários planos de ajuste. "As pessoas têm consciência de que a economia vai mal e não acham que uma manifestação melhoraria as coisas", disse o professor à AFP.

De fato, apesar de uma incipiente recuperação econômica, o país não está totalmente a salvo: os irlandeses estão entre os mais endividados da Europa e o desemprego se mantém a níveis recordes, acima de 14%.

Para Paul Sweeney, um economista empregado pela federação de sindicatos irlandeses, esse nível recorde de desemprego é um indicador de fracasso do programa de austeridade irlandês, que pode, segundo ele, vir a se tornar um remédio que pode "matar o paciente".

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Dublin - Um ano depois de ter aceito um plano de resgate internacional de 85 bilhões de euros, a Irlanda parece ter saído do abismo e é inclusive citada como exemplo por seus sócios europeus, por aprovar novas medidas de ajuste para a população.

Após uma reunião convocada urgentemente num domingo à noite em Bruxelas, a Irlanda se converteu em 28 de novembro de 2010 no segundo país europeu, depois da Grécia e antes de Portugal, a receber um resgate.

Um ano depois, Dublin apresenta uma série de melhorias espetaculares: seu déficit público descomunal em 2010 (32% do PIB) será este ano três vezes menor; o setor bancário, que provocou o naufrágio orçamentário, foi completamente reestruturado; e a economia voltou a crescer ligeiramente após três anos consecutivos de recessão.

Para a chanceler alemã, Angela Merkel, a Irlanda se tornou um "magnífico exemplo" de um resgate bem sucedido.

O plano, cujas drásticas condições foram inicialmente consideradas como uma humilhação pelos irlandeses, custou o cargo do primeiro-ministro Brian Cowen cujo partido, o Fiana Fáil, foi duramente castigado nas eleições gerais antecipadas de fevereiro passado.

Seu sucessor, Enda Kenny (Fine Gael), retomou, no entanto, o plano firmado meses antes, oferecendo a Irlanda uma base essencial para os mercados e para a comunidade internacional: um amplo consenso político. O mesmo consenso que possibilitou a manutenção de um imposto atrativo de 12,5%, apesar das pressões da França e da Alemanha para que o país o aumente.


Contrariamente à Grécia ou Portugal, a república irlandesa não teve que fazer frente a manifestações das ruas apesar de medidas de ajuste igualmente severas, inclusive com a simbólica redução do salário mínimo.

Para Michael Marsh, professor de Ciências Sociais no Trinity College de Dublin, os irlandeses estão resignados após vários anos de crise econômica aguda, marcadas por vários planos de ajuste. "As pessoas têm consciência de que a economia vai mal e não acham que uma manifestação melhoraria as coisas", disse o professor à AFP.

De fato, apesar de uma incipiente recuperação econômica, o país não está totalmente a salvo: os irlandeses estão entre os mais endividados da Europa e o desemprego se mantém a níveis recordes, acima de 14%.

Para Paul Sweeney, um economista empregado pela federação de sindicatos irlandeses, esse nível recorde de desemprego é um indicador de fracasso do programa de austeridade irlandês, que pode, segundo ele, vir a se tornar um remédio que pode "matar o paciente".

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