UE acredita pressão sobre Espanha diminuirá
Os chefes de Estado e de Governo do bloco aceitaram permitir iniciativas como a recapitalização direta dos bancos
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2012 às 17h09.
Bruxelas - Os líderes da União Europeia (UE) se mostraram nesta sexta-feira satisfeitos com as decisões adotadas na reunião de dois dias que mantiveram em Bruxelas e acreditam que as novas medidas a curto prazo sirvam para diminuir a pressão dos mercados sobre Espanha e Itália, e as de médio e longo sirvam para superar a crise.
"Pela primeira vez em algum tempo, foram dados passos que os mercados perceberão que a Europa está se colocando à frente no jogo", chegou a dizer o tradicionalmente cético primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que no entanto assinalou que tais passos "precisam de continuação e aplicação mais adiante".
O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, opinou depois da cúpula que "o Conselho lançou um sinal político inequívoco e o euro é hoje um projeto mais forte e crível que ontem", mas também advertiu que "ainda falta muito caminho para ser percorrido".
Seu grande aliado nesta cúpula, o primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, expressou sua confiança em que as decisões tranquilizem os mercados, embora tenha reconhecido que "é difícil prever como responderão", porque no passado foram adotadas medidas que pareciam suficientes, mas que não serviram para gerar confiança.
Depois de mais de dois anos e meio de crise e várias medidas parciais para acabar com a desconfiança na economia europeia, os chefes de Estado e de Governo do bloco aceitaram permitir iniciativas como a recapitalização direta dos bancos e um uso mais flexível dos fundos europeus de resgate para a compra de dívida.
Estas medidas a curto prazo se completarão com um plano para potencializar o crescimento econômico e o emprego, que será dotado de 120 bilhões de euros, e com um acordo para avançar a longo prazo rumo a uma nova arquitetura europeia mediante uma união bancária, fiscal e política, para superar assim a crise da eurozona.
Com as primeiras, os líderes da zona do euro esperam poder ajudar países como Espanha e Itália - apesar de ambos terem descartado, por enquanto, pedir uma compra europeia de bônus soberanos - para que possam voltar a se financiar a preços razoáveis.
Para muitos, Rajoy e Monti - que bloquearam a aprovação do pacto de crescimento até que haja medidas imediatas que aliviem seus problemas nos mercados - venceram a chanceler alemã, Angela Merkel, que até o último momento se opunha a uma recapitalização direta dos bancos, mas seus colegas não quiseram falar de uma batalha entre dois grupos.
"Não faço parte dos que distinguem entre dois grupos, entre líderes vencedores e perdedores, mas acho que estamos juntos para encontrar uma interseção que espero que tenha bons resultados nos mercados financeiros", comentou o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, em referência à mudança de posição da Alemanha, que alguns interpretaram como uma derrota.
O que a Espanha ganhou é que, com a recapitalização direta, o empréstimo de até 100 bilhões de euros não impacta em sua dívida.
Também conseguiu que a eurozona não seja credora preferencial quando a ajuda europeia for transferida do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) para o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), uma medida destinada a evitar uma fuga dos investidores e a fomentar a confiança nos mercados.
Em qualquer caso, a recapitalização direta só estará disponível quando for criado, previsivelmente no começo de 2013, um supervisor bancário único para a eurozona, papel que assumirá o Banco Central Europeu (BCE).
Apesar de vários líderes europeus, como o presidente do BCE, Mario Draghi, terem insistido em que as medidas vêm acompanhadas de estritas condições, Merkel esclareceu que não haveria uma troika - formada pela entidade monetária, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional - para Espanha e Itália.
A flexibilização dos fundos para intervir nos mercados de dívida consiste em que a partir de agora serão as recomendações específicas por país, vinculativos e com um estrito calendário de aplicação, que servirão de base para elaborar um memorando de entendimento, explicou.
Os mercados reagiram nesta sexta-feira com certo espírito positivo às medidas e a taxa de risco espanhol caiu 68 pontos, para 475 pontos básicos, e deixaram a rentabilidade em 6,33%.
Por sua vez, a taxa italiana caiu 45 pontos, para 424, e registrou no fechamento um rendimento de 5,82%.
Para a Espanha, a prova de fogo após a cúpula chegará na próxima quinta-feira quando forem realizados novos leilões de bônus a três, quatro e dez anos.
Bruxelas - Os líderes da União Europeia (UE) se mostraram nesta sexta-feira satisfeitos com as decisões adotadas na reunião de dois dias que mantiveram em Bruxelas e acreditam que as novas medidas a curto prazo sirvam para diminuir a pressão dos mercados sobre Espanha e Itália, e as de médio e longo sirvam para superar a crise.
"Pela primeira vez em algum tempo, foram dados passos que os mercados perceberão que a Europa está se colocando à frente no jogo", chegou a dizer o tradicionalmente cético primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que no entanto assinalou que tais passos "precisam de continuação e aplicação mais adiante".
O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, opinou depois da cúpula que "o Conselho lançou um sinal político inequívoco e o euro é hoje um projeto mais forte e crível que ontem", mas também advertiu que "ainda falta muito caminho para ser percorrido".
Seu grande aliado nesta cúpula, o primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, expressou sua confiança em que as decisões tranquilizem os mercados, embora tenha reconhecido que "é difícil prever como responderão", porque no passado foram adotadas medidas que pareciam suficientes, mas que não serviram para gerar confiança.
Depois de mais de dois anos e meio de crise e várias medidas parciais para acabar com a desconfiança na economia europeia, os chefes de Estado e de Governo do bloco aceitaram permitir iniciativas como a recapitalização direta dos bancos e um uso mais flexível dos fundos europeus de resgate para a compra de dívida.
Estas medidas a curto prazo se completarão com um plano para potencializar o crescimento econômico e o emprego, que será dotado de 120 bilhões de euros, e com um acordo para avançar a longo prazo rumo a uma nova arquitetura europeia mediante uma união bancária, fiscal e política, para superar assim a crise da eurozona.
Com as primeiras, os líderes da zona do euro esperam poder ajudar países como Espanha e Itália - apesar de ambos terem descartado, por enquanto, pedir uma compra europeia de bônus soberanos - para que possam voltar a se financiar a preços razoáveis.
Para muitos, Rajoy e Monti - que bloquearam a aprovação do pacto de crescimento até que haja medidas imediatas que aliviem seus problemas nos mercados - venceram a chanceler alemã, Angela Merkel, que até o último momento se opunha a uma recapitalização direta dos bancos, mas seus colegas não quiseram falar de uma batalha entre dois grupos.
"Não faço parte dos que distinguem entre dois grupos, entre líderes vencedores e perdedores, mas acho que estamos juntos para encontrar uma interseção que espero que tenha bons resultados nos mercados financeiros", comentou o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, em referência à mudança de posição da Alemanha, que alguns interpretaram como uma derrota.
O que a Espanha ganhou é que, com a recapitalização direta, o empréstimo de até 100 bilhões de euros não impacta em sua dívida.
Também conseguiu que a eurozona não seja credora preferencial quando a ajuda europeia for transferida do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) para o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), uma medida destinada a evitar uma fuga dos investidores e a fomentar a confiança nos mercados.
Em qualquer caso, a recapitalização direta só estará disponível quando for criado, previsivelmente no começo de 2013, um supervisor bancário único para a eurozona, papel que assumirá o Banco Central Europeu (BCE).
Apesar de vários líderes europeus, como o presidente do BCE, Mario Draghi, terem insistido em que as medidas vêm acompanhadas de estritas condições, Merkel esclareceu que não haveria uma troika - formada pela entidade monetária, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional - para Espanha e Itália.
A flexibilização dos fundos para intervir nos mercados de dívida consiste em que a partir de agora serão as recomendações específicas por país, vinculativos e com um estrito calendário de aplicação, que servirão de base para elaborar um memorando de entendimento, explicou.
Os mercados reagiram nesta sexta-feira com certo espírito positivo às medidas e a taxa de risco espanhol caiu 68 pontos, para 475 pontos básicos, e deixaram a rentabilidade em 6,33%.
Por sua vez, a taxa italiana caiu 45 pontos, para 424, e registrou no fechamento um rendimento de 5,82%.
Para a Espanha, a prova de fogo após a cúpula chegará na próxima quinta-feira quando forem realizados novos leilões de bônus a três, quatro e dez anos.