Agentes da Polícia da Ucrânia fazem fila durante manifestação em Kiev (REUTERS/Alexander Demianchuk)
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2013 às 14h23.
Kiev - O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, suspendeu duas autoridades neste sábado por suposto envolvimento na repressão contra manifestantes em Kiev em 30 de novembro, tentando enfraquecer os protestos em massa contra seu governo.
Yanukovych suspendeu Oleksandr Popov, prefeito de Kiev, e Volodymyr Sivkovych, vice-secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, depois que o procurador-geral da Ucrânia, Viktor Pshonka, apontou ambos como suspeitos de ordenar atos de violência que levaram dezenas de manifestantes a procurar atendimento médico.
Dois altos funcionários da polícia de Kiev também foram apontados como suspeitos em uma investigação sobre abuso de poder, disse o procurador-geral a veículos de comunicação locais no sábado. Ele disse que os quatro homens em breve serão detidos e colocados sob prisão domiciliar até a resolução do caso. Nenhum deles foi localizado imediatamente para comentar o assunto.
As iniciativas representam uma tentativa de Yanukovych de aplacar milhares de manifestantes que fizeram barricadas na principal praça de Kiev. Mas não está claro se as mudanças irão satisfazer os opositores. Muitos pediram a renúncia do ministro do Interior da Ucrânia e do próprio presidente.
As suspensões ocorreram no mesmo dia em que o partido político de Yanukovych realizou um comício a alguns passos de distância do acampamento na Praça da Independência de Kiev. Um posto policial e uma fila de ônibus, formando uma barreira, separavam as duas manifestações. Manifestantes da oposição acusaram o partido de pagar manifestantes e coagir pessoas da folha de pagamento do governo a protestar em nome de Yanukovych. O partido, no entanto, negou as acusações.
O primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, membro da mesma sigla do presidente, o Partido das Regiões, apareceu no comício pró-governo. Ele afirmou à multidão que uma maior integração com a Europa exigiria que a Ucrânia legalizasse o casamento gay, contra a vontade da igreja. Ele afirmou ainda que o pacto comercial e político com a União Europeia iria prejudicar a economia da Ucrânia. "Quando enfrentamos a questão - assinar o acordo com a UE e amanhã falir - não poderíamos concordar com ele", disse Azarov. Ele disse, entretanto, que a decisão não significa que a Ucrânia desistiu do "sonho europeu".
O país, sob a pressão de uma recessão prolongada, deve levantar bilhões de dólares em financiamento externo para evitar um default no ano que vem. Yanukovych vem negociando com a UE e a Rússia possíveis soluções, mas ainda não anunciou um acordo com qualquer lado.
Na sexta-feira, o presidente da Ucrânia realizou as primeiras conversas com líderes da oposição depois de semanas de protestos em massa nas ruas, mas condenou de forma áspera o pacto de integração da União Europeia que está no centro das demandas de opositores. Yanukovych se encontrou com alguns de seus rivais políticos para o que chamou de discussões de "mesa redonda nacional", voltadas para resolver a pior crise no país em quase uma década, desencadeada pela abrupta reviravolta sobre a assinatura do acordo com a UE em 21 de novembro.
O presidente ofereceu anistia para os que foram presos durante a revolta e prometeu a interrupção do uso da força, mas rejeitou as exigências da oposição de que ele renuncie ou convoque eleições antecipadas e adotou uma linha dura sobre o acordo da UE, chamando-o de "não só ruim, mas contra os interesses da Ucrânia".
Dois dias depois de prometer ao principal enviado da política externa da UE que iria assinar o acordo, Yanukovych disse que os funcionários que negociaram o pacto para Kiev seriam investigados "e responsabilizados". Ele afirmou ainda que o acordo não poderia ser assinado a menos que sejam alcançados novos termos, capazes de minimizar os aspectos que ele avalia terem impacto negativo sobre a economia da Ucrânia. Fonte: Dow Jones Newswires.