Donetsk - O governo ucraniano afirmou nesta quinta-feira que havia se apoderado de dois blindados de uma divisão aerotransportada russos durante combates perto do reduto insurgente de Lugansk, no leste, por onde deve passar o polêmico comboio humanitário de Moscou.
Se essas informações forem verdadeiras, será a primeira evidência do envolvimento de forças regulares russas no conflito no leste da Ucrânia.
Acusada por Kiev e por alguns países ocidentais de facilitar o trânsito de armas e combatentes através das suas fronteiras, a Rússia sempre negou qualquer tipo de envolvimento na crise.
"Nos combates perto de Lugansk, os soldados ucranianos capturaram dois blindados da divisão aerotransportada de Pskov, na Rússia. Em um dos veículos foi encontrada uma série de documentos: carteiras de motorista e documentos militares", afirmou o porta-voz militar ucraniano Andrei Lysenko.
O jornalista ucraniano Roman Botchkala, que está na zona de batalha, postou em sua página no Facebook várias fotos do que alega ser os documentos apreendidos nos blindados, incluindo um passaporte russo, cartões de crédito, um cartão de seguro de saúde e ainda um documento oficial dos paraquedistas.
O Ministério russo da Defesa desmentiu essas informações, ironizando a "milésima "prova" ucraniana".
Enquanto isso, os guardas de fronteira e a alfândega ucranianos começaram a inspecionar nesta quinta-feira os primeiros caminhões do comboio humanitário russo bloqueado na fronteira há uma semana.
Esse procedimento é necessário para garantir que os 300 caminhões atravessem a fronteira russa e se dirijam para Lugansk, território controlado pelos rebeldes.
O comboio, que Kiev teme que possa servir de pretexto para uma intervenção russa, ficou bloqueado por uma semana perto do posto de fronteira russo de Donetsk (mesmo nome do reduto separatista pró-russo no leste da Ucrânia).
O diretor do órgão europeu do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Laurent Corbaz, pediu nesta quinta-feira que as partes envolvidas implementem "todos os procedimentos necessários para garantir que esta ajuda possa chegar a seus destinatários".
Comandos ucranianos em Lugansk
As autoridades de Lugansk, uma das duas capitais regionais e reduto rebelde, denunciaram uma "situação extremamente crítica" em uma cidade onde a água, a eletricidade e as comunicações foram cortadas há quase três semanas.
As Forças Armadas ucranianas também indicaram que uma "grande batalha" estava sendo travada em Lugansk, sitiada e fechada à imprensa.
"Você não verá nas ruas colunas de tanques. Os militares ucranianos agem nas ruas em pequenos grupos móveis que destroem as peças de artilharia" dos rebeldes, explicou.
"Isto não é uma ofensiva como durante a Segunda Guerra Mundial", disse.
A ofensiva ucraniana se concentra nos últimos dias em isolar os separatistas da fronteira com a Rússia.
As forças ucranianas também afirmaram ter destruído três tanques, dois blindados e lançadores de foguetes múltiplos Grad, segundo um comunicado de seu centro de imprensa.
Elas também anunciaram "a defesa" das localidades de Novosvitlivka e Khriachtchouvaté, perto de Lugansk, e "o cerco" às localidades de Illiria, Malonikolaïvka, Stanitchno-Luganské, Iassinivka e Zemlianka, localizadas entre os dois redutos rebeldes de Lugansk e Donetsk.
"A qual governo apelar?"
Em Donetsk, em uma rua perto do estádio do popular clube de futebol Shakhtar - bombardeado na quarta-feira à noite -, os moradores estavam desamparados diante da extensão dos danos às suas casas.
Era impossível determinar qual era o alvo dos disparos, mas muitos acreditam que o Exército visava um acampamento separatista localizado nas proximidades.
"Esta não é a primeira vez que eles (os militares ucranianos) bombardeiam aqui, o bairro já tinha sido atingido em 14 de agosto, mas eles nunca conseguem" atingir os separatistas, disse Anatoly.
Inna, professor de física, acaba de enterrar seu cão morto por um morteiro que caiu em seu jardim. Ele mostra a cratera, sua casa desfigurada e as de seus vizinhos do outro lado, destruídas.
"Eu não sei a qual governo devo apelar. Hoje é o DNR (autoproclamada República Popular de Donetsk), talvez amanhã será Kiev", diz.
As ruas da cidade, que tinha um milhão de habitantes antes do início do conflito em meados de abril, estavam quase desertas. A água corrente foi cortada no domingo e restabelecida em algumas áreas.
Em meio a esta situação, que piora a cada dia para os civis, pelo menos 415.800 fugiram de suas casas, segundo a ONU, que também relata mais de 2.000 mortes em quatro meses.
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1. Velas e armas
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1/13 (Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
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2. Pelo chão
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2/13 (Getty Images)
As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
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3. Memória saqueada
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3/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
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4. Sem destino
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4/13 (Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
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5. Caixa-preta
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5/13 (Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
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6. Represália Europeia
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6/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
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7. Maioria holandesa
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7/13 (Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
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8. Domingo de homenagem
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8/13 (Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
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9. Em busca da cura
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9/13 (Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
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10. EUA diz que sabe
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Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
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11. Artigo editado
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11/13 (Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
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12. Duas tragédias no ano
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12/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
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13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
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13/13 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)