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Ucrânia anuncia saída da maioria de tropas russas

O presidente ucraniano afirmou que a maior parte das tropas russas na Ucrânia deixou o território, 5 dias após cessar-fogo

O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko: "70% das forças russas se retiraram" (Philippe Desmazes/AFP)
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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2014 às 12h57.

Kiev - O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, afirmou nesta quarta-feira que a maior parte das tropas russas presentes na Ucrânia deixou o território, cinco dias depois do início de um cessar-fogo para acabar com o conflito no leste do país.

"Segundo as últimas informações que recebi de nossos serviços de inteligência, 70% das forças russas se retiraram", declarou o presidente ao conselho de ministros", segundo o site do governo.

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"Isto nos permite confiar na iniciativa de paz", disse, em referência ao "protocolo" de cessar-fogo assinado na sexta-feira entre Kiev e os rebeldes pró- Rússia para acabar com cinco meses de conflito, que provocou 2.600 mortes.

A Otan pediu no mês passado a Moscou o fim das "ações militares ilegais" na Ucrânia, depois de afirmar que 1.000 soldados russos combatiam em território ucraniano e que 20.000 estavam posicionados ao longo da fronteira.

A União Europeia (UE) deve decidir nesta quarta-feira se aplica novas sanções econômicas contra a Rússia em função da situação na região leste ucraniana.

A Rússia nega ter enviado tropas à Ucrânia o presidente Vladimir Putin acusou os países ocidentais de terem utilizado a crise na Ucrânia para fazer a Otan "reviver".

"A crise na Ucrânia, que, no fundo, foi provocada e criada por alguns de nossos aliados ocidentais, está sendo utilizada atualmente para reviver este bloco militar", declarou Putin, fazendo referência à Aliança Atlântica e citado pelas agências de notícias russas.

Durante uma reunião de cúpula da Otan na semana passada em Newport, País de Gales, os membros dos países da Aliança Atlântica se comprometeram em manter uma "presença contínua" no leste europeu, onde a atitude da Rússia preocupa, principalmente através da criação de uma força altamente reativa capaz de ser mobilizada em poucos dias.

Este Plano de Reatividade (Readiness action plan, RAP) tem como objetivo "fortalecer (a) a defesa coletiva", que é a principal missão da Otan criada no início da Guerra Fria, há 65 anos.

"Já dissemos, já avisamos que seremos obrigados a retomar medidas adequadas para assegurar nossa segurança", declarou o chefe de Estado russo em uma reunião com líderes do complexo militar-industrial e membros do Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Rússia.

"Eu adoraria que não houvesse acesso de histeria quando essas decisões forem definitivamente adotadas e quando começarem a ser implementadas", acrescentou.

Dois dias antes da abertura da cúpula da Otan, as autoridades russas anunciaram que iriam ajustar a sua "doutrina militar" até o final do ano para levar em conta o surgimento de novas ameaças, incluindo o reforço da Otan nas fronteiras da Rússia.

Neste contexto, o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, atribuiu a Kiev "toda a responsabilidade" do que aconteceu com o voo MH17 da Malaysia Airlines, já que a tragédia ocorreu em seu território.

"A catástrofe aconteceu no espaço aéreo da Ucrânia, que tem toda a responsabilidade sobre o que aconteceu", declarou o ministro, em referência ao avião derrubado em 17 de julho, durante uma reunião em Moscou com o colega malaio, Hishamudin Husein.

Por fim, Poroshenko, reiterou que a região em conflito do leste de seu país continuará como parte da nação, ao mesmo tempo que os separatistas pró-Rússia repetiram a reivindicação de independência.

"A Ucrânia não fez nenhuma concessão sobre sua integridade territorial e o leste continuará como parte da Ucrânia", disse Poroshenko, cinco dias depois do anúncio de um cessar-fogo entre Kiev e os insurgentes sobre o conflito iniciado em abril.

Pouco depois, no entanto, o vice-primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, Andrei Purguin, se mostrou taxativo:

"Não pretendemos seguir como parte da Ucrânia".

Poroshenko anunciou que enviará ao Parlamento um projeto de lei que garante mais autonomia ao leste separatista.

"Não pode existir um debate sobre uma federação ou sobre uma separação (das regiões do leste). A lei sobre uma administração autônoma temporária para os distritos de Donetsk e Lugansk (dois redutos rebeldes) prevê um estatuto que mantém estas regiões na Ucrânia", disse.

O presidente também comentou o cenário do conflito.

"A situação na frente de batalha mudou radicalmente. Antes do anúncio do cessar-fogo, a Ucrânia perdia a cada dia dezenas de vidas de seus heróis".

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